quinta-feira, 30 de maio de 2013
Eurípedes Barsanulfo
Nasceu em Sacramento (MG), em 01 de maio de 1880, foi o terceiro filho de quinze, do casal Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida.
Teve uma vida marcada pela prática do bem, da verdade, da justiça, da lógica e da ordem. Foi um missionário que se impôs de maneira fulgurante, fez reviver, nas terras sacramentanas, os passos de Jesus nos caminhos da humildade, do perdão e do amor.
O nome de Eurípedes está profundamente ligado à história educacional de Sacramento de 1889 a 1918, participando com sua extraordinária vocação pedagógica.
Era muito religioso, desde pequeno ajudava a missa como "coroinha", também era membro da irmandade São Vicente de Paulo. Porém, após contato com o Espiritismo não conseguia mais esconder o abalo que sofrera em suas convicções católicas e fora orientado pelo mentor espiritual Vicente de Paulo, o apóstolo da caridade, para que abandonasse o cargo na congregação vicentina e afastasse de vez da Igreja, criasse uma instituição calcada nos ensinamentos básicos de Jesus, porque o Senhor oferece um campo mais amplo de serviço e amor ao próximo.
Em 27 de janeiro de 1905 cria o Grupo Espírita Esperança e Caridade, na sua própria residência onde desenvolveu um dos mais luminosos mandatos mediúnicos, que o mundo já conheceu, sempre oportunamente dinamizados no caminho do bem.
Em 31 de janeiro de 1907 fundou o Colégio Allan Kardec, sob a égide da sublime mãe de Jesus. Tem início a maior campanha educacional de Sacramento. Eurípedes incluiu no currículo escolar matérias como Astronomia e Fundamentos da Doutrina Espírita.
Por essa época, Bezerra de Meneses, numa mensagem solicita a Eurípedes, que morava no Colégio, que volte para o lar paterno a fim de iniciar a tarefa da farmácia, no que foi prontamente atendido pelo missionário sacramentano.
Atuou como homem público de 1907 a 1912 investido no mandato de Vereador, Eurípedes ocupou os cargos de membro das Comissões de Legislação e Finanças, de Obras Públicas e Instrução Pública.
Nesse período a cidade recebeu as seguintes construções: uma usina hidrelétrica para 400 KW; uma ferrovia de 13 km, à tração elétrica; a canalização da água; o cemitério; o matadouro e outros foi um momento de grande crescimento para Sacramento.
Famoso ficou o caso do embate entre o Padre Feliciano Iague, pregador de Campinas, levado a Sacramento e Eurípedes Barsanulfo que defendeu a Doutrina das seguintes acusações:
1) O Espiritismo é o ateísmo;
Defesa - O Ateísmo nega Deus. O Espiritismo o afirma. Logo, o Espiritismo não é ateísmo. O Espiritismo não contradiz o Cristo, este afirma por palavras e fatos a pluraridades das existências, hoje verificada cientificamente... Ora, a reencarnação, "o tornar a nascer" exclui o inferno pagão, vulgarizado pela Igreja Católica e outras. Logo, o Cristo, ensinando o "nascer de novo" não afirmou, nem poderia tê-lo afirmado, o lugar para onde se entrando, de lá não mais se sai. Não podia ensinar ou afirmar o inferno, como compreende a Igreja, porque mantido o critério da negação de um atributo divino, negado está Deus, a mansão de penas eternas é a mais formal negação da justiça, do amor, da sabedoria divinos; do que se conclui: existindo o inferno, não existe Deus: existindo Deus, não existe o inferno.
2) Os fatos preternaturais do Espiritismo não se podem explicar sem a intervenção diabólica;
3) O Espiritismo não é religião;
4) O Espiritismo não é ciência.
Eurípedes foi brilhante na defesa da Doutrina, após a palavra serena, cheia de amor, este encaminho-se para o reverendo e abraçou-o, num gesto de envolvente fraternismo. Populares exaltados carregaram-no em triunfo pelas ruas de Sacramento, apesar de seu íntimo constrangimento, inspirado na humildade de Missionário do Cristo.
O calendário marcava 25 de abril de 1918 quando Eurípedes em transe sonambúlico de meia hora teve pela segunda vez a certeza que sua missão, nesta encarnação, estava chegando ao fim.
No dia 22 de outubro, achava-se Eurípedes junto aos auxiliares, no atendimento ao receituário e à expedição dos mesmos. Em meio ao trabalho, dirige-se aos companheiros nestes termos:
- Vai desencarnar uma pessoa em Sacramento, que terá um féretro concorridíssimo. Muitas Flores e um número incalculável de coroas. Todas as pessoas, participantes do cortejo fúnebre levam flores. E como choram! Lágrimas... muitas lágrimas...
Nessa época Sacramento é atacada pela "gripe espanhola" que se alastrou assustadoramente pela cidade e localidades vizinhas, impondo a Eurípedes e a seus dedicados colaboradores, um acervo de trabalhos jamais alcançado. Acometido pela doença nefasta, Eurípedes não descansa no atendimento aos enfermos, que são muitos.
Eurípedes liberta-se dos laços fluídicos que o traziam preso ao corpo carnal às 5:30h do dia 01 de novembro de 1918 e seu corpo foi enterrado às 17h daquele mesmo dia em concorridíssimo cortejo fúnebre, molhado por uma chuva fina, como se a natureza chorasse a dor da separação do filho querido que partira para continuar sua caminhada em outras moradas.
Fonte: http://www.autoresespiritasclassicos.com
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