terça-feira, 8 de abril de 2014

Representante dos Patrões

Por Richard Simonetti

Um amigo perguntou: – Os Espíritos que orientavam Kardec, ao escrever O Livro dos Espíritos, eram, porventura, representantes do sindicato dos patrões? – Não estou entendendo… – É o que imagino ao ler a questão 683, de O Livro dos Espíritos. Pergunta Kardec: Qual o limite do trabalho? Responde o mentor: “O das forças. [...] a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem”. Isso é regime de escravidão. Trabalhar até o limite das forças! A indignação de meu amigo resulta de uma interpretação equivocada dessa questão. Quando o mentor diz que o limite do trabalho é o das forças, não se reporta à atividade profissional especificamente, mas às nossas atividades de um modo geral, no dia a dia. Somos um dínamo-psiquismo, dotados do pensamento contínuo. Não paramos de exercitar a mente, nem mesmo quando dormimos. Os sonhos são resíduos de nossa atividade durante o sono.
O trabalho, no sentido usado pelo mentor, está representado pelo esforço em disciplinar a mente, mantendo-nos sempre ativos, interessados em aprender, em desenvolver nossas potencialidades criadoras. Qualquer trabalho: varrer uma casa, cuidar de uma criança, preparar uma refeição, escrever um livro, ou criar um programa de computador, disciplina o cérebro, favorecendo a aquisição de conhecimentos e experiências que promovem nossa evolução. Todas as realizações humanas, no campo individual e coletivo, sempre envolvem o esforço disciplinador do trabalho.
Com o desenvolvimento dos recursos tecnológicos, a tendência é haver uma progressiva redução da jornada de trabalho profissional.
Há empresas na Europa e nos Estados Unidos com expediente de segunda a quinta-feira. O profissional desfruta de três dias de folga. O problema está no que fazer desse tempo subtraído à jornada profissional, evitando cair na ociosidade, ou em não fazer nada. Imperioso recordar que o trabalho, além de disciplinador, tem características saneadoras. No atual estágio de evolução, se ficamos ociosos, mente desocupada, damos livre curso às nossas tendências inferiores e acabamos comprometidos por vícios e desregramentos. Daí o velho ditado: Mente vazia é forja do demônio. O pensamento ruim chega sempre quando não temos o que fazer, porquanto como estamos longe da angelitude, prevalecem em nós impulsos próprios da animalidade primitiva de onde viemos. Em hospitais psiquiátricos há a praxiterapia, em que se oferece ao paciente a oportunidade de realizar algum trabalho, com o propósito de pôr ordem em sua casa mental, o que o ajuda a recompor-se.
Portanto, caro leitor, quando o mentor espiritual informa que o limite do trabalho é o das forças, não pretende que trabalhemos profissionalmente naquele ritmo da Revolução Industrial, no século XVIII, quando era comum a jornada de trabalho de 12 a 16 horas, com operários laborando até a exaustão.
Pretende que reservemos o tempo que nos sobra nas atividades profissionais e familiares para o empenho de aprender sempre, que alarga os horizontes de nosso entendimento, e para a aquisição de virtudes evangélicas, que estreitam o espaço para a animalidade primitiva. Somente assim evitaremos o comportamento instintivo, divorciado da razão que complica a existência, e conquistaremos aquela riqueza que, segundo Jesus, as traças não roem, nem os ladrões roubam… Uma riqueza formada pelas aquisições espirituais, no campo da Verdade e do Bem, patrimônio inalienável que nos sus- tentará o equilíbrio e a paz onde estivermos, na Terra ou no Além.
Fonte: O Reformador, abril 2012, pág.14
 

ESTAMOS DE VOLTA!

Olá amigo de ideal espírita, depois de um período, retornamos com nosso estudo de livros espíritas. Agora em novo formato e muito mais inter...