domingo, 20 de maio de 2018

Nas Fronteiras da Loucura - Sétima Parte

Nas Fronteiras da Loucura - Sétima Parte

Reunião: 25/04/2018


28. TRABALHOS DE RECUPERAÇÃO

Dr. Bezerra acercou-se novamente de Ricardo, e elucidou:

 -“Quando planejaste o renascimento, na condição de filho da nossa Julinda, pensavas no desforço... naturalmente, que ela assimilava o teu pensamento e temia, preferindo um crime à oportunidade de padecer-te a ira, sem dar conta de que a vida, na sua indestrutibilidade, muda as cenas e as personagens de situação, sem que se modifique a realidade de cada qual. Somente quando se ama é que se altera em profundidade a paisagem do existir, porquanto o ódio apenas piora o quadro emocional, sem que se transforme o panorama interior da criatura. Este é qual incêndio que combure sem destruir... não te apercebias de que os fatos não sucedem ao capricho de cada um, à desordem. O teu renascimento está previsto pelos Mensageiros que fomentam o progresso humano, não sendo, portanto, uma exigência caprichosa e infeliz de tua parte, tanto quanto a leviandade, que a conduziu ao aborto criminoso, não ocorreu sem que ela incidisse em novo, grave delito...

Agora, sofrida e necessitada, dispõem-se ao resgate e será a Lei Divina que disporá dos processos e mecanismos reparadores de que ela precisa, sem a tua ingerência perniciosa. Cabe-te o dever de auxilia-la, desde que também deves crescer, liberando-te da situação torpe em que te reténs, há demorado tempo. Não olvides que o ódio é o amor enfermo e que a vingança é a loucura do amor... cura o desequilíbrio, mediante o pensamento da felicidade que necessitas fruir, marchando para um futuro de bênçãos, ao invés de avançares para uma colheita de acúleos e dissabores.

Feriando-a, maltratarás Roberto, que a ti nada fez de mal, portanto, enleado no mecanismo do amor, desejando a paternidade sem excogitar das lagrimas e amarguras que venha a experimentar. Será lícito retribuir-lhe o sadio ministério com a bordoada da ingratidão e o veneno destruidor da maldade?
Dona Angélica, por sua vez, que te padeceu a sanha perseguidora, perdoando-te, abre-te os braços acolhedores e afetuosos... será justo feri-la, por desejar-te a redenção? Diante dela, onde a tua inocência? Sob a sua custódia em que te sentes isento de culpa? Ela poderia ter resvalado na mesma condição de Manuel... porém, perdoou-te.

Observa o nosso infeliz irmão, que caiu por culpa própria, no entanto, foi empurrado pelas tuas mãos. Se, por acaso, perseveras nos propósitos animosos e cruéis, poderás evadir-te das consequências que terminam por alcançar os dilapidadores dos bens da Vida? Considera os dois caminhos que se te desdobram à frente? Não há violência no Senhor. A opção, desse modo, é tua. Renunciar a paixão asselvajada para conquistar a emoção libertadora é programa para todos nós, queiramos ou não, porque a nossa é a fatalidade do bem, concedendo-nos a vitória sobre nós próprios.

Não esperes, porém, um roteiro de flores e alegrias, afinal o maior devedor és tu, sem que, todavia, te desejemos julgar os atos passados. Como estamos no trânsito das conquistas humanas para as futuras aquisições angélicas, é nos é lícito examinar os acontecimentos e logicar com eles. Além disso não podemos esquecer de Manuel, duas vezes seguidas vitimado pelas circunstancias que te envolvem. Ele tem urgente necessidade de renascer, quiçá, mais imediata do que tu...virá ao corpo, mais tarde, assinalado por graves limitações orgânicas, solicitando-te apoio, amparo e compreensão, no que participará a mãezinha que, desse modo, se recuperará do mal que te fez, sofrendo por amor ao filhinho, frágil e dependente, motivo da indiferença de uns e do constrangimento de outros, para ela assim mesmo, um tesouro...”

Para permitir que Ricardo melhor assimilasse o que o Benfeitor acabara de expor, foi feita uma oportuna pausa e, logo depois, houve o prosseguimento: - A antiga Lei de Talião, aquela do “olho por olho dente por dente”, foi substituída pelo amor que cobre uma multidão de pecados, com que Jesus nos concede a ventura, através da vitória sobre o mal pela ação contínua do bem. Quando agimos mal, também somos prejudicados pelo mal que fizemos. Mais a frente veremos dona Angélica e Roberto envolvidos no programa destes sofrimentos. O amor deles os ajudará para que menores sejam as suas dores, equilibrando diferenças antigas.

Ricardo despertava para outra realidade, com novas reflexões. Os envolvidos no drama encontravam-se com feridas profundas no sentimento doentio, tornando demoradas a cura e a cicatrização.

Através de um sutil sinal do Mentor, o irmão Genésio passou a aplicar passes nos centros coronário e cerebral de Manuel Alfredo ‘incorporado’ em Jonas que o beneficiou amplamente modificando-lhe o aspecto e a agitação incontrolada, diminuindo, ao mesmo tempo, a ferocidade acumulada, bem como das induções negativas de que ele fora vítima durante anos, por isso que a vida resulta de um ato de amor do nosso Pai.

Dispersadas as energias perniciosas do sofredor, surgiu um fio negro de substancia pegajosa acompanhado de um odor desagradável. Enquanto a entidade gemia doloridamente, o técnico em passes permanecia inatingido pelas irradiações negativas, porque encontrava-se em profunda concentração.
As forças deletérias absorvidas, explicou Bezerra a meia voz, impregnaram-lhe os centros perispirituais tão profundamente que se condensaram impondo-lhe a compleição simiesca, na sucessão do tempo. As ideias pessimistas e deprimentes gerando nele mesmo a forma – pensamento que lhe era imposta pela hipnose de outros companheiros empedernidos no mal e impenitentes, atuaram no corpo de plasma biológico, encarregando-se de submete-lo à situação em que se encontra.

“Atuando-se em sentido oposto, através de movimentos contrários, rítmicos, circulares, da direita para a esquerda, sob comando mental bem dirigido, pode-se extrair as fixações que se condensam, liberando o paciente da poderosa constrição que o submete.

Mesmo nesse caso, estamos diante de uma forma de obsessão por subjugação deformadora. Os fenômenos de licantropia, zoantropia e monoideísmos diversos produzem a degenerescência da harmonia molecular do perispírito, que aprisiona a vítima a mentes mais poderosas, conhecedoras do mecanismo da evolução embora profundamente vinculadas ao mal. Sucede que as inteligências cultivadas, que se esquecem de Deus e do amor, simbolizadas na figuração do anjo caído, se ensoberbecem e pensam poder atuar na condição de pequenos deuses.

Tornam-se entidades infinitamente infelizes, que pululam nas regiões inferiores do planeta, atribuindo-se o controle de muitas vidas, que delas, infelizmente, necessitam, assenhoreando-se-lhes da condução mental e interferindo no seu comportamento.

São de transitório poder, certamente, mas, por enquanto, de resultado muito prejudiciais à economia moral- espiritual do homem e do planeta.”

Calou o Amigo enquanto observávamos.
O corpo do médium tomou a posição normal na cadeira, enquanto a face da entidade experimentava uma sutil remodelação.

Estávamos diante de uma recuperação. A cirurgia psíquica era feita naquele caso, no perispírito alterado, servindo de molde refazente o psicossoma do médium encarnado, em transe, por desdobramento parcial do corpo.

Quando o irmão Genésio terminou a tarefa, era visível a melhora do comunicante espiritual. O Mentor falou-lhe:

Recorda agora o amor, inclina-te para o amor e desatrelarás a mente sofrida das cadeias do sofrimento que te oprime. Recorda-te de Joana, da sua ternura, da ama e protetora que a acolheu no desequilíbrio mental e deixa-te dulcificar por estas evocações.

“A benfeitora da tua esposa receber-te-á como filho, ao lado do teu adversário que te protegerá, impedindo ambos que novos sofrimentos desabem sobre ti. Esquece o mal. Desliga a tomada da corrente do ódio e pensa na energia da gratidão.”

Percebendo as indagações mudas do sofredor impossibilitado de falar, pelas razões obvias, Bezerra esclarece:

“A nossa Joana aqui está conosco. Ser-te-á avó desvelada. Nos últimos anos do corpo cuidará de ti, acompanhando e estimulando o teu crescimento para Deus. A reencarnação sublima os laços do afeto, ampliando a dimensão do amor, que deixa de ser a escravidão pelo desejo, a fim de transformar-se na libertação pela felicidade.”

O irmão Juvêncio compreendeu que chegava o momento de conduzir a Angélica para próximo de Manuel Alfredo.

A gentil senhora, embora não compreendendo tudo o que acontecia ao seu redor, aproximou-se sob a ação mental do esposo e do Benfeitor e abraçou o antigo marido ‘incorporado em Jonas’ e ambos choraram copiosamente; assim ela contribuiu para auxilia-lo na próxima recuperação.

Posteriormente o Benfeitor alertou que o Espírito seria submetido a um tratamento adequado para a recomposição das suas faculdades para ativar o seu crescimento para Jesus e, quando da sua reencarnação, estaria apoiando-o desde o plano espiritual de quando em quando. Após as preleções, recomendou-lhe dormir e sonhar com o futuro. Em seguida, providenciaram o desligamento do médium.

Dr. Bezerra deu ainda algumas instruções finais aos cooperadores:
Antes, porém, de serem reconduzidos, Julinda ao hospital por Dr. Figueiredo, e os demais participantes encarnados, aos lares pelos demais cooperadores.

“Nossa irmã obsessa experimentara em breves dias uma grande melhora, podendo ser retirada do Frenocômio e levada para o lar, onde serão providenciados recursos para o seu reequilíbrio total.
O futuro abençoara os labores desta madrugada.”

Os irmãos Juvêncio, Angélica e Roberto, comovidos, olhavam o abençoado Dr Bezerra com a gratidão que as palavras não podiam exteriorizar, masque alcançavam o coração magnânimo do nobre servidor de Jesus.

Oremos, encerrando nossas atividades, recomendou-nos.
No silêncio e na paz do ambiente inundado de vibrações superiores ouvimo-lo dizer:

“Senhor Jesus
Neste dia que amanhece em oportunidade nova, nós Te louvamos pela dádiva de amor que ele significa.

Abençoando a nossa tentativa de serviço edificante, ele representa o Teu amor clarificando-nos as horas.

Vitória perpétua a luz contra a treva é o símbolo do triunfo do bem sobre o mal transitório que se encontra no mundo em transformação.

Sob Tuas concessões altera-se a paisagem terrena e o trabalho desdobra as ações positivas para o engrandecimento da vida.

Ajuda-nos a valorizar o milagre das suas horas, no que podemos fazer a benefício próprio e do nosso semelhante, enriquecendo-nos de amor e coragem para a realização dignificante.

Confirma com a Tua autoridade superior as nossas disposições de crescimento e ampara-nos sempre, porquanto, sem Ti, jamais lograremos superar as paixões que nos escravizam, impedindo-nos a felicidade a que nos destinas.

Senhor, despede-nos em paz!”

Em clima de elevação, o trabalho foi concluído.

Resumo elaborado por Adilson Pereira. Favor manter os créditos.

29.MECANISMOS DE RECUPERAÇÃO

 A senhora Angélica despertou sob forte impressão, recordando-se que havia sonhado com Juvêncio, Dr. Bezerra e a filha. Ela telefonou a Roberto que também recordou parcialmente do “sonho”  envolvendo a sogra, a esposa e um médico. Combinaram de jantar para falar do assunto.

D. Angélica telefonou para Cibele, sua amiga espírita que lhe falou sobre Bezerra de Menezes. Graças a essa amizade, D. Angélica, embora católica, passou a suplicar a intercessão do apóstolo da caridade do Brasil, para auxílio de Julinda.

Cibele recebeu a notícia do “sonho” com muita emoção e alegria, explicando a sua amiga o sucesso de suas preces, a ajuda real alcançada e o fato de tudo ter acontecido em desdobramento na sede da sociedade frequentada por ela. Cibele lhe contou que no dia anterior a casa se dedicou a trabalhos mediúnicos. Dona Angélica tinha agora a certeza, pois Cibele era pessoa de bem e de moral suficiente para inspirar confiança. Cibele já havia falado com sutileza sobre a doença de Julinda e a possibilidade de obsessão.  

D. Angélica agradeceu a bondade da amiga e assumiu o compromisso de conhecer melhor o espiritismo.

A noite Roberto e sua sogra conversaram mais detalhadamente sobre o “sonho”. Roberto se lembrava da menção a um aborto provocado por sua esposa, da promessa de paternidade futura e da criatura animalesca indicada para ser seu filho. Os dois marcaram uma visita a Julinda.

No apartamento de Julinda, Dr. Figueiredo recebeu o grupo. A paciente estava lúcida, calma porém melancólica, dado o arrependimento pelo aborto. Ela pensava em ser mãe quando saísse dali. A separação de Ricardo e a interferência dos amigos espirituais fizeram bem a paciente, que surpreendeu a enfermeira, aceitando comer.

Juvêncio estava encarregado de evitar a influencia de Elvídio e seus comparsas. Aplicava passes em Julinda para dispersar as cargas mentais viciadas que ela ainda produzia em sua depressão.

A enfermeira dedicada estava tão entusiasmada com a melhora que chamou o médico. Dr. Alberto, estudioso sincero da Psiquiatria, havia se comprometido no plano espiritual com a tarefa de fazer uma ponte entre a ciência clássica e as manifestações paranormais, entre as quais a mediunidade. No momento o jovem se dedicava a Psicocêntria da escola americana e já havia lido Trinta anos entre os mortos de Dr. Karl Wickland.

Dr. Adalberto conversou com Julinda e viu em sua tristeza um sinal de recuperação, fato que o fez diminuir a dose dos remédios e recomendar a enfermeira passear com a paciente no dia seguinte. Julinda pediu a presença da mãe e do esposo e Dr. Adalberto prometeu providenciar.
Para melhorar a psicosfera do apartamento, ainda desagradável, Bezerra orou e após explicou que:

“- Em toda gênese da loucura há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos cranianos às manifestações mais variadas, o paciente, por encontrar-se incurso na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença negativa dos seus adversários espirituais, que lhe pioram o quadro...”

“Nas obsessões, todavia, o descontrole da aparelhagem mental advém como consequência da demorada ação do agente perturbador, cuja interferência psíquica no hospedeiro termina por produzir danos, reparáveis, a princípio, e difíceis de recomposição, ao longo do tempo.”

“Processos obsessivos existem, como na possessão, em que o enfermo passa a sofrer a intercorrência da loucura conforme os estudos clássicos da Psiquiatria.”

Após a explanação, o mentor movimentou energias, dissolvendo as cargas negativas residuais no ambiente e Juvêncio comunicou aos dois vigilantes de Elvídio que o Bem estava no comando. As entidades se afastaram para reportarem-se ao chefe que imediatamente se fez presente com sua caravana perturbadora.

Bezerra os recebeu com doçura, sem ressentimento ou temor e afirmou que Ricardo se afastara para recuperar-se moralmente. A irradiação serena de Bezerra irritou Elvídio que se retirou. Dr. Figueiredo destacou dois auxiliares desencarnados para cooperarem com Juvêncio na guarda de Julinda.

Nos trabalhos desobsessivos, os cooperadores devem estar cientes dos esforços no plano espiritual e manterem-se em boa sintonia com os amigos espirituais, com atitudes coerentes com suas tarefas, em prece e vibração de amor fraterno, tanto para com os obsediados, quanto para com os obsessores. Só assim podem cooperar com a modificação da paisagem psicofísica.

A oração em grupo de criaturas afeiçoadas ao bem, resulta nos mais expressivos efeitos de assistência mediúnica , produzindo emissões de luz que atingem o fulcro1 a que se dirigem, fortalecendo o dínamo2 gerador que as disparam.
“Afirmava Tiago, na sua epístola universal, conforme capítulo V, versículo 16: 

“Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos.

1 fulcro = essência, âmago, fundamento, princípio
2  dínamo = gerador de energia. Trata-se de um aparelho capaz de transformar energia mecânica em energia elétrica por meio do processo de indução eletromagnética.


Resumo elaborado por Ana Cecília Santos. Favor manter os créditos.



30.REENCONTRO FELIZ

Dr. Alberto liberou Julinda para receber a visita dos seus familiares. Agora em fase de renovação mental, ela já não sofria os efeitos da presença psíquica de Ricardo e da psicosfera mantida por Elvídio.

Dr. Bezerra convidou o grupo para participar do reencontro com os familiares, a fim de cooperar com a recuperação de Julinda.

O reencontro foi sábado, em uma sala de estar agradável. Ao ver a mãe e Roberto, Julinda, apesar de ainda ter debilidade orgânica, abraçou-os em lágrimas, comovendo a todos. Ela lamentava todo o sofrimento que estava passando, porém Roberto a consolou dizendo que todos estavam unidos na mesma dor e solidários.

O médico que estava presente também fez um comentário oportuno. Ele disse que a lamentação cria miasmas que deprimem e intoxica a pessoa, instalando o pessimismo. Ao contrário, os bons pensamentos melhoram a faixa mental. Por isso, que qualquer religião estimula a coragem e a confiança, o perdão é a fé, a humildade e a paciência, mantendo o equilíbrio emocional. Uma boa palavra, dita com entusiasmo, faz o hipotálamo liberar endorfina, bloqueando a dor. O mau humor causa desconforto interior e desajuste emocional.

D. Angélica ficou surpresa com os conhecimentos do doutor e perguntou se ele era religioso. Ele esclareceu que não, porém durante sua vida acadêmica em psiquiatria, refletia muito sobre Deus e, concluiu que o sobrenatural não passa de acontecimento explicável numa mecânica não necessariamente física - "Afinal, tudo é  energia em diferente estado de apresentação." - " Assim, o pensamento é força que estrutura e modela formas, interferindo em áreas muito mais amplas da vida.”

Depois dessa agradável conversa, o médico se retirou para que os familiares aproveitassem a visita.

Dr. Bezerra aproximou-se de Julinda e aplicou-lhe uma indução mental, fazendo-a recordar algo importante. Então, ela confessou ao marido e a mãe que havia abortado e que estava arrependida, desejava o perdão de Deus e dos dois. Apesar de surpresos com a notícia, eles compreenderam a profundidade daquela confissão. 

D. Angélica, inspirada por Juvêncio, falou que Deus é toda bondade e iria perdoá-la. 

Julinda se sentia aliviada por ter tirado esse peso de sua consciência. E, que estava disposta a ser mãe, mesmo não sendo totalmente de seu agrado, mas seria uma forma de reabilitar-se. Ela esclareceu que essa mudança de atitude só ocorreu após o sonho que ela teve.  Sua mãe orientou que ela orasse para sentir-se em paz.

Após os familiares irem embora, seu médico retornou e avisou que em alguns dias ela teria alta. 

Nos processos obsessivos, a vitória depende do próprio doente, após receber ajuda do plano superior, que auxilia no entendimento e no discernimento das responsabilidades.

Julinda era de temperamento difícil, e por passar por um processo obsessivo continuo, adaptou-se à situação, rebelde derrapando em caprichos e extravagâncias tão inúteis e perniciosas. A enfermidade lhe proporcionou refletir sobre a importância da saúde e que tinha a oportunidade de ser feliz. 

O encontro espiritual que ela teve fez mudar a sua escala de valores, permitindo a melhora da sua saúde. Vários fatores a ajudaram na fluidoterapia proporcionada por D. Bezerra e seu pai, Juvêncio: o afastamento de Ricardo, com sua ação destruidora, o desejo de recuperação, o esforço para fugir do remorso através da maternidade, a luta contra a depressão para retornar ao lar.

Julinda inspirada e amparada, cooperou, facilitando o socorro que lhe foi administrado. Por isso, que durante o passe, a disposição do paciente é fundamental para os resultados, já que a má vontade tem alto teor destrutivo, que flui do interior para o exterior da pessoa, anulando a energia que fui de fora para dentro.

No dia seguinte, D. Angélica avisou a sua amiga Cibele do reencontro com a filha. A médium estava confiante, e pediu se poderia levar até a casa dela, o presidente da casa espírita, Arnaldo.

Á noite, D. Angélica estava um pouco apreensiva  devido aos comentários ácidos e deprimentes que já tinha ouvido sobre a Doutrina Espírita. Porém, lembrou-se da vida de amor e caridade de Dr. Bezerra, e recuperou a serenidade.

Arnaldo conquistou os anfitriões com a serenidade  e simpatia que irradiava, dando uma agradável impressão. Roberto contou sobre o quadro maníaco-depressivo da esposa e a sua melhora progressiva, e pediu a opinião de Arnaldo.

Desta forma, Arnaldo esclareceu que para os espíritas todos os problemas têm origem no próprio indivíduo. É o Espírito, o agente de tudo que o afeta. Evoluindo através de novas experiências, reparando erros, começando novas tarefas, corrigindo as anteriores, e armazenando sabedoria, crescendo em amor e conhecimento.

Durante a jornada, muitas vezes compromete-se com o mal, atraindo animosidades e gerando inimigos, libertando-se através dos sofrimentos e testemunhos de arrependimento, de amor. Assim, é que surgem obsessões que decorrem de faltas cometidas pela vítima atual, em oportunidades outras, que não foram reparadas. A culpa do obsediado instala uma tomada psíquica que pluga com o seu desafeto, consciente ou inconscientemente, gerando intercâmbio psíquico entre eles, com o domínio mental do obsediado pelo obsessor.

No caso em que a falta é muito grave, a ação do pensamento destrutivo do obsessor causa o desgaste das estruturas moleculares do periespírito, gerando processos de loucura ou alucinações, deformidades mentais, limitações psíquicas, distúrbios fisiológicos, ou seja enfermidades reparadoras das imperfeições.

Assim, que o indivíduo é o responsável pelo seu destino. Durante o processo evolutivo, seja pelo trabalho ou pela dor, há sempre interferência de adversários desencarnados, que dificulta a prova de resgate. Porém, sempre teremos a inspiração dos Bons Espíritos que nos amparam e auxiliam na nossa ascensão, desde que estejamos em sintonia com eles, atendendo-lhes os conselhos.

Então, Arnaldo disse a Roberto que não descartava um processo obsessivo em Julinda. Este perguntou como seria possível Julinda ter melhorado se ainda não havia recebido tratamento espiritual.

Arnaldo, inspirado por Dr. Bezerra, esclareceu que a ação dos Bons Espíritos não ocorre só durante as seções espíritas. "O amor de Deus não tem limite e a Sua misericórdia manifesta-se das formas mais variadas, de que esses Mensageiros da Luz não poucas vezes fazem-se intermediários."

Uma prece verdadeira, um pensamento piedoso ou o interesse real por uma pessoa, uma atitude socorrista ou um gesto de bondade atraem a ajuda dos Espíritos Superiores, que nos guiam e aparam. 

No caso de Julinda, as orações sinceras suplicando auxílio, foram respondidas.  A ajuda recebida desenvolveu-se além da esfera física, desembaraçando Julinda das energias viciosas ou libertando-a de uma interferência obsessiva. 

Dona Angélica concordou, pois havia orado para Jesus e posteriormente para Dr. Bezerra. Durante uma noite no carnaval, pediu a intermediação de Jesus e sentiu um bem-estar agradável. 

Após a oração ela adormeceu e sonhou com Julinda em uma situação constrangedora, porém acordou serena e confiante. E tanto ela, Roberto e Cibele tiveram o mesmo sonho naquela noite. 

Resumo elaborado por Débora Loures. Favor manter os créditos.

31. RETORNO AO LAR

A fluidoterapia continuava sendo aplicada em Julinda.

Afastada a causa da perturbação, a paciente inspirada pelos amigos espirituais, foi modificando a paisagem mental, adotando comportando de raciocínios mais profundos e positivos.

O tratamento psiquiátrico contribuía para a harmonização do sistema nervoso, possibilitando que a paciente recebesse alta após 10 dias.

D. Angélica sugeriu ao genro que se hospedassem em sua casa a fim de evitar sobrecargas das tarefas diárias para paciente.

A aparência de Julinda era agradável, embora sua face ainda apresentasse ligeira contratação, uma espécie de tique nervoso.

Quarenta dias haviam transcorridos desde do início do tratamento especializado. A assistência espiritual, começara com a primeira visita do mentor.
Todos estes cuidados em ambas as esferas de ação da vida, para ter um efeito duradouro dependia da própria paciente.

“A presença da obsessão no homem é síndrome de mediunidade nele presente. A direção moral e a atividade que se apliquem a essa faculdade responderão, de futuro, pelos resultados que se incorporarão ao modus vivendi da pessoa”.

“Regularizado o problema da obsessão, abrem-se as possibilidades mais amplas para o exercício das faculdades mediúnicas. Liberado do esquema de dificuldade pessoal, não implica, de imediato, haver-se resgatado a dívida. Além disso, nasce o dever de contribuir em favor do próximo envolvido em inquietações semelhantes...”.

Irmão Arnaldo, sugeriu a Roberto que lesse O Livro dos Espíritos. Roberto deteve-se na Introdução da Obra, observando os critérios adotados na elaboração do Livro, a gravidade do assunto...

Chamou-lhe a atenção, o caráter moral, o conhecimento intelectual, o discernimento e a austeridade de Kardec diante dos desafios que se apresentaram ao iniciar os trabalhos que foram superados pela perseverança e paciência.

A medida que se aprofundava no conteúdo da Obra, mais necessidade tinha de conhecer as mais variadas questões. Em uma semana defrontou um universo novo, fascinante, desmitificado, abrindo-lhe o entendimento para a fé raciocinada.

D. Angélica, que tinha como religião o catolicismo, recebeu da amiga Cibele o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

A leitura de conteúdo cristão, elucidava as palavras de Jesus, cuidando especificamente, do sentido moral de sua Doutrina.

Esclarecendo através da reencarnação a Justiça Divina e projetando luz ao entendimento das palavras de Jesus e Suas Diretrizes a respeito da vida, da imortalidade, dos renascimentos corporais e da ação da caridade.

No lar, a psicosfera era agradável, proporcionando renovação e entusiasmo a paciente.

Passados alguns dias, Julinda se sentia mais forte para falar sobre os dias de pavor que havia passado. Falou de um ser que a ameaçava, magoado e vingativo. Pensou que fosse alucinação, mas viu que se tratava de um homem e que este muitas vezes estava acompanhado de outros não menos cruéis e zombeteiros, estimulando-a ao suicídio. Antes do internato estava atormentada sem um motivo aparente.

Impelida por um estranho a praticar o aborto, um poderoso sentimento de revolta manifestou-se contra o ser em formação e foi quando tudo se modificou para pior.  A consciência a acusava, proporcionando uma ponte para aqueles que desejavam vingança.

Durante o período de tantos sofrimentos inenarráveis, certo dia sonhou com um ser angelical, arrependeu-se do aborto e predispôs-se à maternidade, iniciando-se, uma nova fase...

A conversação atraiu-nos e passamos participar daquele momento elevado. Desta forma, Dr. Bezerra tocando as têmporas de D. Angélica passou a inspirá-la, que gentilmente disse acreditar na narrativa da filha.

D. Angélica diz que ela e o genro vinham adquirindo uma compreensão diferente da que tinham anteriormente. Estava lendo o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, especificamente o Capitulo XII – Amai os vossos inimigos, item 6, detendo-se no seguinte texto:

“Outrora, sacrificaram-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos....

O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém consegue aplacá-los a não ser pelo sacrifício do seu ódio, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir pela salvação deles. É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da terra e da vida presente, antes faz parte da grande lei de solidariedade e da fraternidade universais”.

D. Angélica diz que o texto explica perfeitamente o que estava acontecendo com Julinda e ela estava convicta de que os Espíritos interferem na vida dos homens, tanto os bons quanto os maus...

Como exemplo, D. Angélica cita quando Jesus esteve com Elias e Moises no Tabor e, quando expulsou os maus Espíritos ou demônios, como eram então chamados, daqueles que lhes sofriam perseguições.

Julinda estranhando a conversação de sua mãe, pergunta se ela abandonou o catolicismo em prol da Doutrina Espirita. D. Angélica responde que por enquanto não e passou a narrar as experiencias que havia tido através dos sonhos.

A amiga Cibele e do Sr. Arnaldo ofereceram esclarecimentos sobre o assunto.
Julinda demonstrou sincero interesse e o desejo de conhecer pessoalmente o Sr. Arnaldo.

Roberto expôs, as próprias surpresas, referindo-se a leitura do “Livro dos Espíritos”, que respondia várias questões sobre a vida.

Os comentários se alongaram sem qualquer carga negativa de preconceitos, que deturpam os fatos. Decidiram convidar o Sr. Arnaldo e D. Cibele para o próximo domingo.

Inspirada pelo Dr. Bezerra, D. Angélica propôs que fizessem uma oração de graças, produzindo indizível bem-estar em todos.

No dia combinado, os convidados compareceram, sendo que D. Cibele estava acompanhada do esposo, também seguidor dos postulados Espiritas, iniciando-se assim, uma amizade duradoura.

Fomos convidados pelo Mentor a participar deste encontro para acompanhar e observar a grandeza da fé nascente naquelas criaturas.

A conversação era agradável, onde foram examinadas as questões de grande importância como obsessão, imortalidade, comunicabilidade dos Espíritos e reencarnação...

Julinda, que mais necessitava da educação das suas faculdades mediúnicas, e sua família comprometeram-se em participar das reuniões de estudos na Casa Espírita.

O Clima era de promessas de paz e de trabalho. D. Angélica pediu ao Irmão Arnaldo que fizesse uma prece.

Dr. Bezerra e sua equipe partiriam para novas tarefas após a prece do Irmão Arnaldo, pois a parte que lhes diziam respeito tinha sido finalizada. Retornariam quando do retorno de Ricardo e de Alfredo.

A oração de D. Angélica havia sido atendida. Julinda tinha retornado ao lar
Irmão Arnaldo, sintonizado ao amoroso benfeitor, passou a orar.

Ao final da prece todos estavam emocionados, com os olhos umedecidos pelas lágrimas.

Resumo elaborado por Francisca Passos. Favor manter os créditos.

Próximo livro: Sexo e Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda por Divaldo Franco


ESTAMOS DE VOLTA!

Olá amigo de ideal espírita, depois de um período, retornamos com nosso estudo de livros espíritas. Agora em novo formato e muito mais inter...