quinta-feira, 16 de maio de 2013

Auta de Souza



Auta de Souza nasceu em 12 de setembro de 1876, na pequena cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte, e desencarnou, vítima de tuberculose, aos 24 anos, em 7 de fevereiro de 1901, em Natal, RN. Órfã em tenra idade, foi criada pela avó materna, analfabeta, que lhe deu educação em escola católica, que lhe possibilitou ler, no original, as obras de Victor Hugo, Lamartine, Chateaubriand e Fénelon.

Poeta da segunda geração romântica, com alguma influência simbolista, deixou apenas um livro, Horto, lançado em 1900, com prefácio de Olavo Bilac, o poeta mais reconhecido à época, e de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde, na edição de 1936. Luís Câmara Cascudo considerou-a “a maior poetisa mística do Brasil”, principalmente devido a seus poemas românticos, de alto valor estético. Tornou-se a poetisa norterriograndense mais conhecida no Brasil.

Colaborou em vários jornais e revistas, inclusive em O Paiz, do Rio de Janeiro, além de A Gazetinha, no
Recife, do jornal religioso Oito de Setembro, de Natal, e da Revista do Rio Grande do Norte, neste a única mulher entre os colaboradores. Entre 1899 e 1900, usou pseudônimos, prática comum na época, assinando seus poemas como Ida Salúcio e Hilário das Neves. Em 1936 a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a cadeira XX, em reconhecimento por sua obra.

Do plano espiritual tem inspirado várias obras de caridade, emprestando seu nome e sua vibração a várias
instituições espíritas, em vários estados brasileiros, e à Campanha de Fraternidade Auta de Souza, realizada por vários centros espíritas no Brasil e no exterior.

Na primeira obra psicografada por Chico Xavier, participou da plêiade de poetas que constituíram o Parnaso de além-túmulo, de 1932, na qual constam os seguintes poemas:

PRECE

Estendei vossa mão bondosa e pura,

Mãe querida dos fracos pecadores,
Aos corações dos pobres sofredores
Mergulhados nos prantos da amargura.

Derramai vossa luz, toda esplendores,
Da imensidade, da radiosa altura,
Da região ditosa da ventura,
Sobre a sombra dos cárceres das dores!

Ó Mãe ! excelsa Mãe de anjos celestes,
Mais amor, desse amor que já nos destes,
Queremos nós em cada novo dia;

Vós que mudais em fl ores os espinhos,
Transformai toda a treva dos caminhos
Em clarões refulgentes de alegria.

O SENHOR VEM...

E eis que Ele chega sempre de mansinho,
Haja sol, faça frio ou tempestade ;
Veste o manto do amor e da verdade,
E percorre o silêncio do caminho.

Vem ao nosso amargoso torvelinho,
Traz às sombras da vida a claridade,
E os próprios sofrimentos da impiedade
São as bênçãos de luz do seu carinho.

Como o Sol que dá vida sem alarde,
Vem o Senhor que nunca chega tarde,
E protege a miséria mais sombria.

Ele chega. E o amor se perpetua...
É por isso que o homem continua
Ressurgindo da treva a cada dia.

Fonte: http://www.portaliceb.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/02/RCE_FEV2013.pdf

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