quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

As Viagens de Kardec

Evandro Noleto Bezerra comenta a sua tradução, para a Editora FEB, do livro de Allan Kardec que completa 150 anos de lançamento.


Considera tal obra um manual de orientação ao trabalhador espírita, um relato de experiências extraordinárias do Codificador

Reformador: Como se sentiu ao traduzir o livro Viagem Espírita em 1862?

Evandro: Vamos recuar um pouco no tempo. Corria o ano 2001. Em conversa com o presidente da FEB, Nestor João Masotti, discorríamos sobre a conveniência da tradução e publicação dos 12 volumes da Revista Espírita e, quem sabe, das demais obras do Codificador do Espiritismo ainda não publicadas pela Casa de Ismael.

À medida que o trabalho de tradução prosseguia, tornava-se cada vez mais claro para nós o verdadeiro papel da Revista Espírita: o de um veículo de comunicação destinado não apenas a ser uma “tribuna livre” da doutrina nascente, mas seu órgão orientador, seu porta-voz doutrinário. E dentre tantos assuntos interessantes, chamaram nossa atenção as viagens realizadas por Allan Kardec entre 1860 e 1867, verdadeiras maratonas a serviço da Doutrina e do Movimento espíritas, especialmente a de 1862, a mais longa de todas, quando ele percorreu 693 léguas e visitou mais de 20 localidades, matéria que seria publicada à parte sob a forma de opúsculo.

Ao traduzir Viagem Espírita em 1862, fui dominado pelos mesmos sentimentos que me animaram quando traduzi as demais obras de Kardec: imensa alegria, profunda emoção, indizível sensação de paz e, sobretudo, certeza absoluta de estar contribuindo, de alguma sorte, para tornar mais conhecida esta Doutrina que nos é tão cara.

Reformador: Qual a sua visão sobre o Codificador com a vivência das viagens?

Evandro: Vamos recuar um pouco no tempo. Corria o ano 2001. Em conversa com o presidente da FEB, Nestor João Masotti, discorríamos sobre a conveniência da tradução e publicação dos 12 volumes da Revista Espírita e, quem sabe, das demais obras do Codificador do Espiritismo ainda não publicadas pela Casa de Ismael.

À medida que o trabalho de tradução prosseguia, tornava-se cada vez mais claro para nós o verdadeiro papel da Revista Espírita: o de um veículo de comunicação destinado não apenas a ser uma “tribuna livre” da doutrina nascente, mas seu órgão orientador, seu porta-voz doutrinário. E dentre tantos assuntos interessantes, chamaram nossa atenção as viagens realizadas por Allan Kardec entre 1860 e 1867, verdadeiras maratonas a serviço da Doutrina e do Movimento espíritas, especialmente a de 1862, a mais longa de todas, quando ele percorreu 693 léguas e visitou mais de 20 localidades, matéria que seria publicada à parte sob a forma de opúsculo.

Ao traduzir Viagem Espírita em 1862, fui dominado pelos mesmos sentimentos que me animaram quando traduzi as demais obras de Kardec: imensa alegria, profunda emoção, indizível sensação de paz e, sobretudo, certeza absoluta de estar contribuindo, de alguma sorte, para tornar mais conhecida esta Doutrina que nos é tão cara.

Reformador: Qual a sua visão sobre o Codificador com a vivência das viagens?

Evandro: A de um homem de ação, que não limitava seu trabalho às comodidades de Paris. Como ele próprio confessou, essas viagens tinham duplo objetivo: dar instruções onde estas fossem necessárias e, ao mesmo tempo, instruir-se com os irmãos da província. Queria ver com os próprios olhos, a fim de julgar o estado real da Doutrina e a maneira pela qual era compreendida; estudar as causas locais favoráveis ou desfavoráveis ao seu progresso, sondar as opiniões, apreciar os efeitos da oposição e da crítica e conhecer o julgamento que se fazia das obras espíritas. Mas, acima de tudo, queria apertar a mão de cada trabalhador espírita e com eles confraternizar; exprimir pessoalmente sua gratidão aos pioneiros do Espiritismo pelo zelo e devotamento de que davam provas.

Para tanto, embrenhou-se algumas vezes pelo Interior da França, numa época em que precários e temerosos eram os meios de transporte, servindo-se de trens, carruagens e até de barcos, nos deslocamentos que fazia, a fim de levar a orientação segura e abalizada da Doutrina Espírita às sociedades que por toda parte se formavam. Agiu como fez outrora Paulo de Tarso, singrando mares e vencendo desertos para que a Boa Nova não se circunscrevesse ao povo judeu; agiu como fazem hoje os representantes do Movimento Espírita organizado que, em nível nacional, estadual ou municipal, percorrem regularmente os territórios sob sua jurisdição, visando ao mesmo objetivo.

Reformador: Que episódio você destacaria?

Evandro: Todos os episódios descritos no livro Viagem Espírita em 1862 são importantes: as impressões gerais de Kardec, os discursos que ele pronunciou nas reuniões de que tomava parte, as instruções particulares que ministrava aos grupos espíritas, bem como o projeto de regulamento que ele elaborou com vistas a assegurar a unidade doutrinária.

Destaco, porém, um capítulo de fundamental importância: o que contém as respostas de Kardec a uma série de perguntas que lhe foram feitas pelos dirigentes espíritas a quem visitava. Por exemplo:

– Já que o Espiritismo torna melhores os homens, levando os descrentes à crença em Deus, na alma e na vida futura, por que tem inimigos? – Que se deve responder aos que veem no Espiritismo um perigo para as classes pouco esclarecidas e que, por não o compreenderem em sua essência, poderiam desnaturar- lhe o espírito e fazê-lo degenerar em superstição? – Há uma coisa ainda mais prejudicial ao Espiritismo do que os ataques de seus inimigos: é o que, em seu nome, publicam seus pretensos adeptos, a ponto mesmo de expô-lo ao ridículo. Como remediar esse inconveniente, que nos parece um dos maiores escolhos da Doutrina? – Considerando-se os sábios ensinamentos dados pelos Espíritos e o grande número de pessoas que são conduzidas a Deus pelos seus conselhos, como é possível acreditar que seja obra do demônio? –

Que se deve pensar da proibição de Moisés aos hebreus para não evocarem as almas dos mortos, e quais serão as consequências da transgressão desse preceito?. A todas elas Kardec responde com a elegância que lhe caracteriza o estilo, a precisão e a clareza que lhe são habituais. Contudo, não as transcreveremos aqui; preferimos que o leitor as descubra na própria fonte, visto não querermos privá-lo da satisfação, do privilégio de estudar esses e outros pontos abordados pelo Codificador ao longo da obra.

Reformador: Você acrescentou outros textos na versão editada pela FEB?

Evandro: Sim, visto que outras viagens de Allan Kardec, igualmente relevantes para o Movimento Espírita, também mereceram dele destaque especial na Revista Espírita: as realizadas nos anos de 1860, 1861, 1864 e 1867.

A maioria delas se limitou às cidades francesas que se encontravam no trajeto da linha férrea que liga Paris a Lyon. A primeira viagem espírita tinha como alvo a cidade de Lyon. A segunda alcançou Bordeaux. A terceira levou o Codificador a Bruxelas e Antuérpia, na Bélgica. A quarta passava por Orléans e Tours. São viagens tão importantes quanto a de 1862, porquanto em todas elas Allan Kardec teve oportunidade de constatar in loco os progressos que o Espiritismo fazia, as transformações morais que operava nas consciências. Era também a chance de levar aos irmãos da província a orientação segura da Doutrina Espírita, tal como era entendida e praticada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que ele presidia.

Reformador: Qual o valor que atribui a este livro de Kardec?

Evandro: O de um manual de orientação aos trabalhadores espíritas, semelhante aos que hoje em dia são editados pelo Movimento Espírita organizado, mas com a vantagem de ter sido elaborado com o peso da autoridade de Allan Kardec, quando a Doutrina Espírita dava seus primeiros passos e numa época em que imperavam a ignorância, o preconceito, a intolerância religiosa e o materialismo avassalador.

Embora editado há tanto tempo, é surpreendente sua atualidade, porquanto, mantidas as devidas proporções, os desafios com que outrora se deparava o Codificador na difusão do Espiritismo são praticamente os mesmos enfrentados por quantos assumam agora o compromisso de manter acesa a chama viva do Consolador prometido no coração da Humanidade inteira.

Reformador: Que recomendações oferece ao leitor de Reformador?

Evandro: A mesma que fazemos quando abordamos um escrito de Allan Kardec: a de todo espírita conhecer a fundo as suas obras, não apenas as fundamentais, mas também as subsidiárias, as que mais do que outras levaram o cunho indistinguível da sua inteligência, a marca inconfundível do seu talento, as experiências extraordinárias que vivenciou, bem como os desafios que enfrentou ao codificar o Espiritismo.

Entre elas se encontram particularmente a coleção completa da Revista Espírita, Obras Póstumas, O Espiritismo na sua Expressão mais Simples, O que é o Espiritismo e a Viagem Espírita em 1862, cujo sesquicentenário de publicação comemoramos este ano. Não só a Doutrina e o Movimento espíritas são abordados nessas obras, como também a própria alma, a intimidade mesma do Codificador, constituindo-se, algumas partes delas, em sua verdadeira autobiografia.

Fonte: http://www.sistemas.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=330

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ESTAMOS DE VOLTA!

Olá amigo de ideal espírita, depois de um período, retornamos com nosso estudo de livros espíritas. Agora em novo formato e muito mais inter...