domingo, 30 de dezembro de 2012

EM TORNO DA HUMILDADE

Tema – Fidelidade ao dever


De quando em quando, reflitamos em nossa posição de instrumentos, para que a vaidade não nos assalte.

Obviamente, não queremos depreciar a nossa condição de instrumentalidade.

Se necessitamos do concurso de um violino, na execução de uma partitura, não podemos substituí-lo pó outro agente musical; há de ser um violino e, tanto quanto possível, dos melhores.

Ninguém nega a importância do instrumento nessa ou naquela realização; no entanto, convém recordar o imperativo de humildade que nos cabe desenvolver, diante do Senhor, que se serve de nós, segundo as nossas capacidades, na edificação do Reino de Deus.

Máquinas poderosas efetuam hoje o serviço de muitos homens; todavia, na direção delas, estão operários especializados que, a seu turno, se encontram orientados por técnicos competentes.

Pessoa alguma consegue, a rigor, realizar, por si só, obra estável e prestante.

O progresso comum é comparável a edifício em cujo levantamento cada um de nós tem a parte de trabalho que lhe corresponde, e não se diga que, pelo fato de ser a nossa atividade, muitas vezes, suposta pequenina, venha, por isso, a ser menos importante.

O picareteiro, suando na formação dos alicerces,, assegura bases ao serviço do pedreiro, no desdobramento da construção.

Cada tarefeiro está investido de autoridade respeitável e diferente, na função que lhe é atribuída, desde que lhe seja leal, mas não pode esquecer que constitui em si e por si tão-somente uma peça na obra – toda vez que a obra seja examinada em sua feição total.

Imaginemos uma flor que, superestimando a própria beleza, resolvesse desligar-se da fronde para produzir o fruto sozinha. Certamente, seria o agrado para os olhos de alguém, durante algumas horas, mas acabaria murchando decepcionada, porquanto, para alcançar as finalidades do seu destino, deve ser fiel ao tronco que a sustenta.

Cultivemos a humildade, aprendendo a valorizar o esforço de nossos irmãos. Saibamos reconhecer, conscientemente, que todos somos necessitados uns dos outros para atingir o alvo a que nos propomos, nas trilhas da evolução, mantendo-nos eficientes e tranqüilos nas obrigações a que fomos chamados, sem fugir às responsabilidades que nos competem, sob a falsa idéia de que somos mais virtuosos que os outros, e sem
invadir a seara de nossos companheiros com o vão pretexto de sermos enciclopédicos.

Humildade não é omitir-nos e sim conservar-nos no lugar de trabalho em que fomos situados pela Sabedoria Divina, cumprindo os nossos deveres, sem criar problemas, e oferecendo à construção do bem de todos o melhor concurso de que sejamos capazes.
  Do livro "Encontro Marcado"- cap 49, pelo Espírito Emmanuel, Psicografia de Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Joanna de Ângelis

Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS.

Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.

JOANA DE CUSA

Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjulgavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores".

O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe.

Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhisse. Já idosa,
com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos, no livro citado:

"Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
- Abjura!... - excalama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.

A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: - "Repudia a JESUS, minha mãe!... Não vês que nós perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."

Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angustia que lhe retalham o coração.

Após recordar sua existência inteira, responde:

"- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!"

Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.

UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS

Séculos depois, Francisco, o "Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o "Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.

SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ

No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.

Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.

Começou a fazer versos aos 5 anos.

Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse
gracejando: -"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar."

Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.

Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha.


Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.

Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante
horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.

Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte. A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das
Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.

Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e
experiências.

A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca".

Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.

Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs reliogiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.

SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS

Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.

Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.

Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.

JOANNA NA ESPIRITUALIDADE

Quando, na metade do século passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela, no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:
"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.

Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da unidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência
educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se

iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus. Engenheiros citados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.

Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.

O "Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que "nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos "filhos do Calvário", nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral'.

Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à "Casa do Caminho" dos primeiros cristãos.

Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica,
solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.

A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio.

Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a "Mansão do Caminho" adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

Fonte: A Veneranda Joanna de Angelis, Celeste Santos e Divaldo Pereira Franco

http://www.febnet.org.br/ba/file/Pesquisa/Textos/Joanna%20de%20%C3%82ngelis.pdf


NÃO TEMAS


A tarefa, pela sua magnitude, parece-te impossível de ser conduzida pelas tuas fracas forças.
O compromisso, porque grave, faz-te crer improvável levá-lo com êxito, mediante o necessário equilíbrio.
O labor, considerando a sua extensão, produz-te receio.
O desafio, pelas responsabilidades que impõe, causa-te preocupação.
Não temas, porém.
Quanto te diga respeito, faze com a melhor doação de ti mesmo.

*****
Se pretender remover a montanha, inicia o trabalho retirando as primeira pedras.
Não lograrás o pico sem transpores o obstáculo inicial.
Conjeturando, apenas, no como realizar o dever, deter-te-ás na meditação.
Pensa, planeja, mas atua.
Se outros fracassaram, o problema é deles. Esta, porém, é a tua vez, de que darás conta.
Sem a ação, ser-te-á difícil saber dos resultados.

*****

A seara em festa é o prêmio ao trabalho de preparação do solo.
A catedral suntuosa cresceu de pedra em pedra, após a escavação da base.
A escultura monumental resultou do primeiro golpe e dos que o sucederam.
Estás fadado ao triunfo.
Responsabilidade constitui estímulo ao êxito. Receio, porém, é prejuízo na economia moral da vida.
Dinamiza as tuas forças ao império da vontade bem dirigida e conseguirás, facilmente, realizar os cometimentos em pauta.
O equilíbrio de que necessitas resultará do exercício e da vivência da ação enobrecedora, que empreendes.

*****

Embora a convivência diária com o Mestre, acompanhando-Lhe as realizações transcendentais, ao vê-Lo andando sobre o mar, os discípulos recearam. Compassivo e tranquilo, no entanto, acalmou-os Jesus, dizendo-lhes: "Não temais! Sou eu."
Em qualquer labor com Cristo, não temas nunca. Ele estará sempre contigo.

Joanna de Ângelis

(De: Roteiro de Libertação, de Divaldo P. Franco, ditado por diversos Espíritos).






quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Os pais e a renovação planetária


Por Sonia Maria Alvarenga Braga*


"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Esta observação acima nos leva a uma séria reflexão. No momento, fala-se muito em sustentabilidade, na necessidade de uma reciclagem de posturas diante da Natureza. Afinal, nosso planeta está sofrendo com os erros cometidos ao longo dos séculos, pelo Homem. Destruição da fauna, desrespeito à flora, poluição das águas, excesso de lixo, dentre outras questões graves.

Se o trabalho tem que começar a partir de novas atitudes, é preciso que se pense nas atitudes que estamos exemplificando para as crianças e os jovens.

Certamente que se dirá: mas e os “maiorais”, aqueles que foram eleitos para nos representarem, o exemplo terrível negativo que estão passando, onde a mentira tornou-se lugar comum? Bem, há verdade nisto, porém, se a mídia se ocupa em privilegiar estes temas escabrosos, por que não buscar o que de bom esteja acontecendo, porque muitas pessoas estão agindo em consonância com o Bem, com atitudes baseadas na moral mais elevada. É destes modelos que nossas crianças e jovens necessitam!

Porém, o mais importante é frisar que todo modelo adequado deve começar em casa, em família. As atitudes dos adultos são observadas, a criança e o jovem copiam.

Para um planeta em melhores condições deve-se lembrar que o ser humano pertence à natureza, Ele é agente ao mesmo tempo que é receptor. Age, se destrói, sofre. Age, se constrói, vive feliz. Esta deve ser a formula.

Para concretizar a formula da felicidade do ser humano não precisamos transformar a vida da criança e do adolescente em festa constante, em alegria permanente. Faz parte da vida a frustração, o não. Estes são elementos bastante construtivos, pois é partir deles que surge a maturidade. A ‘dor’ é agente de progresso, sem dúvida.

Afirmou Helmut Troppmair, professor da USP: ‘Se os pais não estabelecerem para as crianças parâmetros de comportamento, se não tiverem firmeza em suas atitudes, os filhos tornar-se-ão inseguros: em lugar de uma orientação firme, seguem o modas, modelos e opiniões adquiridos na rua ou através dos meios de comunicação, e adotam valores discutíveis.’ Essa criança e esse jovem, sem diretrizes firmes transformam-se em indivíduos inseguros, altamente consumistas, em geral substituindo suas inseguranças pela violência, sem desejos definidos, enfim, pessoas infelizes. Pela rebeldia, pelo desprezo pelo estudo, eles sinalizam sua desordem interior.

Fica, portanto, demonstrado, que a falta de orientação segura, sem base nos valores morais elevados não está preparando pessoas melhores para um planeta que clama por socorro. O socorro só poderá chegar se a humanidade melhorar. A humanidade depende dos homens!!

Que tipo de homem você, pai, você, mãe, estão preparando?

*Dir. Pedagógica de Meimei Escola

Fonte: http://www.meimeiescola.com.br/portal/reflexoestxt.asp?id=13


Os valores de nossa juventude

por Nadja do Couto Valle* - Pelos Caminhos da Educação, Ano 8 - nº 71 - 15 de abril de 2009



Educação é, a rigor, processo de transmissão de valores. Valor é tudo o que é desejável, e não apenas o que é desejado. Há valores biológicos, econômicos, estéticos, morais, religiosos e assim subsequentemente. Nossas crianças e jovens assimilam os valores que temos verdadeiramente e que determinam nossos atos e palavras, e não aqueles que apenas declaramos. Mas há outras fontes de transmissão de valores, como os grupos que frequentam, a sociedade de modo geral. Por isso às vezes pais se surpreendem, quando constatam que seus filhos agem de uma certa maneira, contrária ao que a família pensa e transmitiu a eles, e isso se deve, muitas vezes, ao fato de que a família e a escola não discutiram com eles os valores presentes em várias situações de vida, inclusive na mídia, nas suas relações interpessoais e assim por diante. De vez em quando é bom revisitarmos o quadro de valores do grupo amplo de nossa juventude, para inclusive cotejarmos com o que temos em casa e na escola. É frequente vermos confirmadas nossas observações. Vejamos se é este o caso, no momento.


Faz algum tempo, a Pesquisa Brazilian Teenage Go Global, da Jaime Troiano Consultoria de Marca identificou os sete principais valores da juventude de hoje:

1. Individualismo. O jovem estabelece inúmeros compromissos tênues, algo difusos, mas está distante de utopias e projetos coletivos. Eles nitidamente não têm a intenção de romper com o sistema, como fizeram seus pais, nem consideram "feio", como estes, consumir ou desejar dinheiro, sucesso econômico. Hoje eles não têm problema em ser ambiciosos na direção de carreiras rentáveis, e adoram conforto! Os pais queriam transformar o mundo, mas seus filhos hoje estão muito contentes com ele, com seus equipamentos, ipods, celulares que fazem praticamente tudo, informática, computador, robótica etc. etc.

2. Hedonismo. Revelado na busca frenética do prazer e de auto-satisfação. A questão suscita várias angulações para análise, o mais evidente sendo o culto ao corpo, mas há outras facetas dessa postura, como por exemplo "garantir" condições para poderem desfrutar/continuar a desfrutar de certas facilidades, entre as quais inclui-se o pagamento de contas, e dentre elas as da academia. Como querem "ficar numa boa", não têm problema em adiar o que para seus pais era quase um dever, já nessa faixa etária, qual seja, o de morar sozinho. Hoje preferem permanecer em casa dos pais, mas aqui também há um inegável viés de natureza econômico-financeira, que deflagrou esse fenômeno em nível mundial: mesmo homens maduros estão preferindo ficar na casa dos pais, e valer-se de uma série de facilidades e confortos que de outra forma seria praticamente impossível usufruírem se tivessem que bancar tudo. Podem até querer isso, sair de casa, morar sozinhos, mas não se "matam" para alcançar esse objetivo, pelo menos a curto - ou até mesmo médio - prazo.

3. Conservadorismo. O indivíduo cresce no sistema e não promove rupturas, mas consome a transgressão dos outros como espetáculo. Alguns estudos revelam que eles fazem planos até mesmo com maior empenho do que seus pais o fizeram, mas a diferença está exatamente nas metas, que são agora mais pessoais, nos interesses que agora não mais sofrem restrições de valores das "tribos" como acontecia na época de seus pais. Outra diferença está na precisão com que traçam suas metas: enquanto as de seus pais eram mais difusas, as dos jovens de hoje são delineadas em cenários, de forma explícita, com projeção de até cinco anos, algo impensável por seus pais nessa faixa etária, como ter filhos, ter casa, onde vão morar e assim por diante, embora nem sempre estejam com tanta pressa para realizar esses planos. A esse propósito, vale relembrar que esse desejo de sair de casa não chega a ser um projeto consistente, eles pensam nisso, mas ... sem pressa! Embora continuem a reclamar dos pais, porque continuam os conflitos de gerações, isso ocorre muito mais pela necessidade de marcar posição, por fazer parte da atitude contraditória e "questionadora" da idade do que por outros motivos. Já vimos que eles não querem mudar o mundo nem sexual nem politicamente, tampouco fazer uma revolução, como sonhavam seus pais nas décadas de 60 e 70. Querem ganhar um bom dinheiro com seu trabalho. Segundo o maior estudo de hábitos e atitudes da população adolescente brasileira, realizado pela empresa de consultoria Research International, revelaram-se conservadores, com relação aos valores familiares, apesar de considerarem os pais "ridículos".

4. A "vida em videoclipe". É tudo muito rápido, são muitas as atividades e preferências, às vezes simultâneas, o que os leva a dedicar pouco tempo a cada uma delas. E assim "pulam" de uma para outra coisa, o que lhes imprime um certo superficialismo e aligeiramento no fazer e no pensar as coisas, inclusive no que diz respeito a certos aspectos da própria vida. É quase uma compulsão frenética, para atender a tudo e a tempo, porque hoje, admitimos, as coisas andam mesmo muito mais rapidamente do que em outros tempos, mesmo recentes. Até adultos estão hoje bastante contingenciados por esses parâmetros de velocidade, que no entanto não deve ser vivida como pressa: as coisas podem ser urgentes, mas não devem ser conduzidas de forma apressada. Admitimos que não é fácil transmitir isso a nossas crianças e jovens, até porque para nós, adultos, muitas vezes isso também se torna difícil.

5. Diluição de hierarquia. Muitos chegam a espantar-se com a facilidade com que os jovens hoje descartam formalidades diante da autoridade estabelecida, fazendo questão de manifestar opiniões e marcar posição. Essa "independentização" tem seu lado positivo, mas é necessário aos professores, pais e educadores de um modo geral estabelecerem limites para a manifestação desses arroubos, sob pena de essa falta de limites descambar para o desrespeito às pessoas e às normas - apesar de eles não desejarem ir contra o sistema. Mais uma incoerência bem própria dessa fase da vida. Isso se torna mais facilmente perceptível, para citarmos apenas dois exemplos, em nível lingüístico, com o uso de palavras e expressões antes não "sancionadas" pelo padrão de relações estabelecidas em sociedade e em família, e também no plano do vestuário - que aliás sempre foi um campo propício para o extravasamento do chamado "espírito rebelde da juventude", ou seja, tratar o corpo como um espaço para a transgressão de modelos de vários tipos e níveis.

6. Culto ao corpo. Práticas esportivas e dança são as atividades mais cotadas para valorizar o corpo como veículo de sedução e como suporte de múltiplas e eventualmente excessivas atividades. Ao mesmo tempo, não exploram a possibilidade de usar o corpo para deslocamentos, comuns para todos, e até mesmo explorar o mundo com mais autonomia. Hoje, por exemplo, muitos adolescentes não sabem sequer tomar um ônibus, quando seus pais, com essa idade, tinham mais condições para tal. É certo que muitas vezes os próprios pais criam essas condições inibidoras para os filhos ou porque querem que tenham muito mais conforto do que eles próprios tiveram - e por isso as crianças andam apenas de carro dos pais ou do transporte escolar, ou por medo de exporem os filhos a perigos que hoje assolam sobretudo as grandes cidades.

7. Capitalismo. O jovem deseja o poder econômico e tem prazer em consumir tudo o que o mundo oferece, sem culpa. Aqui permanece um grande desafio para professores e pais, e educadores de um modo geral, no sentido de disciplinar o desejo, de esclarecer a respeito: a) das relações humanas generosas, que devem perceber que o que sobra para alguns certamente está fazendo falta - e muita - para outros; e b) das implicações que o consumismo desenfreado traz para o meio ambiente, cabendo portanto a tarefa de ajudar essas gerações a criar uma consciência ecológica. A rigor, o esclarecimento cognitivo a esse respeito está em franco progresso, o que é muito bom, mas ainda demanda ações no sentido de executar o que sabemos ser necessário fazer, por já conhecermos as soluções - e isto vale para todos nós. Professores e pais devemos nos empenhar em dar exemplos quanto às relações entre consumismo e degradação do meio ambiente, e ao uso disciplinado dos recursos naturais que, como estamos suficientemente informados, não são inesgotáveis, e isso a partir de nossos hábitos cotidianos, em casa, na sala de aula e na escola, no clube, na cidade - enfim, em toda parte. Como educadores devemos transmitir o cuidado com o meio ambiente como um valor superior, como o propõem o filósofo Edgar Morin, os cientistas, e os ambientalistas de um modo geral. Esse movimento está-se difundindo cada vez mais no mundo inteiro, e nesse particular temos esse suporte para as nossas ações educativas nesse sentido. Nesta época, podemos inclusive aproveitar o 22 de abril, o Dia do Planeta Terra, como poderoso elemento de incentivação nesse processo cada vez mais necessário, e em caráter de urgência. É mais tarde do que pensamos. Vamos em frente, no processo de amorização para com nossa Casa Planetária!

Sempre bom lembrarmos que a escala de valores vai-se alterando à medida que vamos vivendo, agindo e interagindo, e que também com nossas crianças e jovens isso acontece, como aliás todos já devemos ter constatado. De outra maneira, seria inútil o processo de Educação, pois de nada adiantaria a (re)orientação das mentes infanto-juvenis em direção aos valores eternos do Bem, da Moral e do Saber com Sabedoria. Continuemos a alimentar a confiança que de nós merecem nossas crianças e jovens, e acompanhemo-los, com amor e discernimento, nessa fascinante aventura de viver e acolher, internalizar, rever e trabalhar valores em sua escala pessoal, e intransferível.

*Nadja do Couto Valle é Doutora em Filosofia, Mestre em Educação, Professora Universitária, Ex-Diretora do Colégio de Aplicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Fonte: http://www.educacaomoral.org.br/reconstruir/pelos_%20caminhos_%20educacao_edicao_71_os_valores_de_nossa_juventude.htm



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Decálogo dos Aprendizes do Evangelho

1. Refletir nos ensinos de Jesus, diariamente.

2. Ser severo com suas defecções, e indulgente com a fragilidade alheia.

3. Compreender a humildade como chave das virtudes.

4. Pacificar onde a cizânia desponte ameaçadora.

5. Perdoar, a fim de eximir-se das mágoas.

6. Auxiliar sem ver a quem.

7. Atender aos chamados do bem.

8. Planificar os projetos de reforma interior.

9. Não usar o verbo para ferir ou maldizer.

10. Confiar em Deus, resignado em ação, nos dias difíceis.

Pelo Espírito André Luiz - Página psicografada pelo médium Orlando Noronha Carneiro, em 26/08/2000, no Lar da Caridade - Uberaba - MG.

CARTÃO DE NATAL

Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da própria alma!... Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoça o sentimento, quais se trouxessem uma harpa de ternura esconda no peito.

Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.

Ainda que não quisesse, lembar-lhe-ias hoje os dons inefáveis, ao recordares as canções maternas que te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes.

Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhe reverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração... É que ele te fala no íntimo, rogando perdão para os erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.

Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; abençoa os que feriram; divide o farnel com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece numa fatia de bolo aos que oram, sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mães fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida.

Não importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, com todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.

Do Livro "Antologia Mediúnica do Natal" - pelo Espírito Meimei - Psicografia: Francisco Cândido Xavier

OFERTA DE NATAL

Senhor!

Enquanto as melodias do Natal nos enternecem, recordamos também, ante o céu iluminado, a estrela divina que te assinalou o berço na palha singela!...
De novo, alcançam-nos os ouvidos as vozes angélicas: - Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!...

E lembramo-nos do tópico inesquecível da narrativa de Lucas (Evangelho de Lucas 2:8-11):

“Havia na região da manjedoura pastores que viviam nos campos e velavam pelos rebanhos durante a noite; e um anjo do Senhor desceu onde eles se achavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles, pelo que se fizeram tomados de assombro... O anjo, porém, lhes disse: não temais! Eis que vos trago boas novas de grande alegria, que serão para todo o povo... É que hoje vos nasceu, na cidade de David, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor”.

*

Desde o momento em que os pastores maravilhados se movimentaram para verte, na hora da alva, começaste, por misericórdia tua, a receber os testemunhos de afeição dos filhos da Terra.

Todavia, muito antes que te homenageassem com o ouro, o incenso e a mirra, expressando a admiração e a reverência do mundo, o teu cetro invisível se dignou acolher, em primeiro lugar, as pequeninas dádivas dos últimos!

Só tu sabes, Senhor, os nome daqueles que algo te ofertaram, em nome do amor puro, nos instantes da estrebaria: A primeira frase de bênção...
A luz da candeia que principiou a brilhar quando se apagaram as irradiações do firmamento...
Os panos que te livraram do frio...
A manta humilde que te garantiu o leito improvisado...
Os primeiros braços que te enlaçaram ao colo para que José e Maria repousassem...
A primeira tigela de leite...
O socorro aos pais cansados...
Os utensílios de empréstimo para que te não faltasse assistência...
A bondade que manteve a ordem, ao redor a manjedoura, preservando-a de possíveis assaltos...
O feno para o animal que devia transportar-te...

*

Hoje, Senhor, que quase vinte séculos transcorreram, sobre o teu nascimento, nós, os pequeninos obreiros desencarnados, com a honra de cooperar em teu Evangelho Redivivo, pedimos vênia para algo te ofertar... Nada possuindo de nós, trazemos-te as páginas simples que Tu mesmo nos inspiraste, os pensamentos de
gratidão e de amor que nos saíram do coração, em forma de letras, em louvor de tua infinita bondade!

Recebe-os, ó Divino Benfeitor! Com a benevolência com que acolheste as primeiras palavras e respeito e os primeiros gestos de carinho com que as criaturas rudes e anônimas te afagaram na gloriosa descida à Terra!... E que nós – espíritos milenares fatigados do erro, mas renovados na esperança – possamos rever-te a figura sublime, nos recessos do coração, e repetir, como o velho Simeão, após acariciar-te na longa vigília do Templo:
- “Agora, Senhor, despede em paz os teus servos, segundo a tua palavra, porque os nossos olhos viram a salvação!...”.

Do Livro "Antologia Mediúnica do Natal"- pelo Espírito Emmanuel - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Uberaba, 25 de dezembro de 1966.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cientistas mapeiam a atividade cerebral de médiuns

Pesquisadores examinaram o cérebro de médiuns brasileiros e descobriram que áreas ligadas à linguagem tiveram atividade abaixo do esperado, o que poderia mostrar um estado de falta de foco e de perda da autoconsciência


Os médiuns mais experientes apresentaram redução na atividade de determinadas áreas do cérebro (iStockphoto)

A atividade cerebral em determinadas partes do cérebro dos médiuns diminui nas sessões de psicografia, revela um artigo científico publicado nesta sexta-feira na revista PLOS ONE. Realizado por pesquisadores da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos, e da Universidade de São Paulo (USP), o estudo mapeou, por meio de tomografias, os cérebros de uma dezena de médiuns brasileiros enquanto eles psicografavam.

As áreas do cérebro que apresentaram redução no fluxo sanguíneo cerebral foram o hipocampo esquerdo, o giro temporal superior direito e regiões do lobo frontal, que são associadas ao raciocínio, planejamento, geração de linguagem, movimento e solução de problemas. Para os autores, entre eles Andrew Newberg, professor da Universidade Thomas Jefferson, e Julio Peres, professor do Instituto de Psicologia da USP, essa pouca atividade pode indicar falta de foco, de atenção e de autoconsciência durante as psicografias. O curioso, no entanto, é que a complexidade das cartas redigidas durante o transe da psicografia deveria estar relacionada com uma maior atividade nessas áreas do cérebro.

"Experiências espirituais afetam a atividade cerebral, e isso é conhecido. Mas a resposta cerebral à prática de uma suposta comunicação com um espírito ou uma pessoa morta recebeu pouca atenção científica. A partir de agora, novos estudos devem ser realizados", diz Newberg.

De acordo com o espiritismo, os médiuns, quando psicografam, recebem mensagens de espíritos de pessoas mortas. No Brasil, o mais conhecido dos médiuns foi o mineiro Chico Xavier (1910-2002), que produziu mais de 400 livros.


Para comparar o nível de atividade cerebral durante as psicografias, os cientistas aplicaram exames nos médiuns enquanto eles escreviam textos sem estar em estado de transe.

Experiência — A redução da atividade no lobo frontal ocorreu em níveis diferentes nos participantes. Eles foram separados entre médiuns experientes e iniciantes, sendo que o tempo de exercício da atividade variava de 5 a 47 anos. Para os noviços, a atividade no lobo posterior foi consideravelmente mais intensa. De acordo com os pesquisadores, isso pode indicar um maior esforço para tentar atingir com sucesso o estado de transe.

Outra questão levantada pela pesquisa é a complexidade dos textos produzidos. Uma análise mostrou que o conteúdo das cartas psicografadas era mais complexo do que as redigidas para outros fins. "Particularmente, os médiuns mais experientes produziram um material mais complexo, o que na teoria deveria requerer mais atividade nos lobos temporal e frontal. Mas este não foi o caso", escrevem os estudiosos. O conteúdo das cartas psicografadas, por exemplo, envolvia princípios éticos e abordava questões de espiritualidade e ciência.

Uma das hipóteses para esse fenômeno, segundo os pesquisadores, é que, ao reduzir a atividade do lobo frontal, outras partes do cérebro sejam acionadas, aumentando o nível de complexidade. "Enquanto as razões exatas para isso são ainda desconhecidas, nosso estudo sugere que há uma correlação neurofisiológica envolvida", afirma Newberg.

Essa correlação, no entanto, não é, absolutamente, um indicativo de uma suposta conexão com o mundo espiritual, ou algo do gênero. O mesmo fenômeno observado no cérebro dos médiuns ocorre com o cérebro de pianistas, por exemplo. Enquanto eles estão aprendendo a tocar e é preciso se concentrar em cada nota musical, o cérebro é ativado. Mas às medida que se tornam experts e tocar não requer mais tanta concentração, o cérebro não produz tanta atividade. "Podemos estar vendo um fenômeno parecido, no qual os médiuns treinam seus cérebros para desempenhar uma atividade psicográfica", diz Newberg.

Saiba mais


PSICOGRAFIA

Habilidade atribuída a médiuns de escrever mensagens ditadas por espíritos, estabelecendo uma espécie de elo entre o mundo terreno e o espiritual.

HIPOCAMPO

São estruturas localizadas nos lobos temporais do cérebro humano responsáveis pelas memórias de curto e longo prazo. A relação entre seu tamanho e capacidade, no entanto, ainda não está clara. A região atua também no sistema de navegação espacial e na ativação de hormônios que respondem a situações de estresse, adaptando o corpo.

"O estudo contribui para o nosso entendimento da relação entre o cérebro e as experiências e práticas espirituais"


Andrew Newberg

Diretor de Pesquisa no Myrna Brind Center of Integrative Medicine da Universidade Thomas Jefferson

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Por que houve essa diferença na atividade cerebral de acordo com a experiência dos médiuns?

Eu acho que isso reflete como o cérebro pode ser treinado para uma tarefa particular — um efeito de treino. Por exemplo: quando uma pessoa começa a aprender a tocar piano, ou outro instrumento musical, ela precisa, a princípio, focar em aprender cada nota — presumivelmente ativando o cérebro. Mas, na medida em que ela se torna um expert, o cérebro fica mais eficiente e pode até diminuir sua atividade, uma vez que tocar torna-se uma coisa fácil, que pode ser feita sem pensar. Podemos estar vendo um fenômeno parecido, no qual os médiuns treinam seus cérebros para desempenhar uma atividade psicográfica.

O que a redução da atividade em certas partes do cérebro sugere?

Neste caso, o estudo sugere que áreas que normalmente funcionam quando estamos escrevendo ou realizando outras tarefas cognitivas, de certa forma, desligam quando a pessoa entra em estado de transe. Isso é consistente com a experiência (dos médiuns) segundo a qual eles não estão no comando da prática e do que estão escrevendo. Quando a atividade do lobo frontal diminui, a pessoa não sente que está realizando uma tarefa, e sim que essa tarefa está sendo feita para ela.

Qual a relação entre experiências espirituais e a atividade cerebral?

As experiências espirituais são muito diversificadas e incluem processos cognitivos, emocionais, de percepção e de comportamento. Dependendo do tipo de experiência, nós vemos diferentes maneiras no modo como o cérebro responde. Para a psicografia, o lobo frontal diminui sua atividade porque o transe faz com que eles sintam que não estão escrevendo.

Na opinião do senhor, qual a maior contribuição do estudo?

Eu acho que o estudo contribui para o nosso entendimento da relação entre o cérebro e as experiências e práticas espirituais. Também nos leva a pensar se os médiuns de fato estão conectados a um reino espiritual, ou se simplesmente estão usando seus cérebros para construir essas experiências. Esse estudo não nos dá uma resposta definitiva. Mas traz muita coisa para pensarmos.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/cientistas-mapeiam-a-atividade-cerebral-de-mediuns-brasileiros

Veja também:

Os avanços da ciência na alma

Uma pesquisa inédita usa equipamentos de última geração para investigar o cérebro dos médiuns durante o transe. As conclusões surpreendem: ele funciona de modo diferente


DENISE PARANÁ, DA FILADÉLFIA, ESTADOS UNIDOS

Estávamos no mês de julho de 2008. Na Rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, num quarto do Hotel Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores e médiuns preparava-se para algo inédito. Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil e dos EUA, que usaria as mais modernas técnicas científicas para investigar a controversa experiência de comunicação com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento. Estava ali, cercada de um grupo de pessoas que acreditam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?

A produção de exames de neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas Julio Peres, Alexander Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiam o uso de critérios rigorosamente científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles pertencem às faculdades de medicina da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor do estudo, o psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, acalentava a ideia de que a experiência espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem.

Pela primeira vez, o cérebro dos médiuns foi investigado com os recursos modernos da neurociência Em frente ao Q.G. dos médiuns no Hotel Penn Tower, o laboratório de pesquisas do Hospital da Universidade da Pensilvânia estava pronto. Lá, o cientista Andrew Newberg e sua equipe aguardavam ansiosos. Médico, diretor de Pesquisa do Jefferson-Myrna Brind Centro de Medicina Integrativa e especialista em neuroimagem de experiências religiosas, Newberg é autor de vários livros, com títulos como Biologia da crença e Princípios de neuroteologia. Suas pesquisas são consideradas uma referência mundial na área. Ele acabou por se tornar figura recorrente nos documentários que tratam de ciência e religião. Meses antes, Newberg escrevera da Universidade da Pensilvânia ao consulado dos EUA, em São Paulo, pedindo que facilitasse a entrada dos médiuns em terras americanas. O consulado foi prestativo e organizou um arquivo especial com os nomes dos médiuns, classificando-o como “Protocolo Paranormal”.

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“É conhecido o fato de experiências religiosas afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de supostamente estar em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, diz Newberg. Os cientistas queriam investigar se havia alterações específicas na atividade cerebral durante a psicografia. Se houvesse, quais seriam? Os dez médiuns, quatro homens e seis mulheres, participavam do experimento voluntariamente. Foram selecionados no Brasil por meio de uma longa triagem. Entre os pré-requisitos, tinham de ser destros, saudáveis, não ter nenhum tipo de transtorno mental e não usar medicações psiquiátricas. Metade dos voluntários dizia carregar décadas de experiência no “intercâmbio espiritual”. Outros, menos experientes, apenas alguns anos.

Na Filadélfia, antes de a experiência começar, os médiuns passaram por uma fase de familiarização com os procedimentos e o ambiente do hospital onde seriam feitos os exames. O experimento só daria certo se os médiuns estivessem plenamente à vontade. Todos se perguntavam se o transe seria possível tão longe de casa, num hospital em que se podia perguntar se Dr. Gregory House, o personagem de ficção interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, não apareceria ali a qualquer momento.

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Numa sala com aviso de perigo, alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla Spect (Single Photon Emission Computed Tomography, ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Como tarefa de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem transe e sem a “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns são textos planejados e inteligíveis, as áreas do cérebro associadas à criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições. Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades foi comparado, os resultados causaram espanto.

Segundo a pesquisa, a mediunidade pode ser considerada uma manifestação saudável Surpreendentemente, durante a psicografia os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria compatível com a hipótese que os médiuns defendem: a autoria das psicografias não seria deles, mas dos espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa ser mais complexa nas psicografias que nos outros textos, no que diz respeito a questões gramaticais, como o uso de sujeito, verbo, predicado, capacidade de produzir texto legível, compreensível etc.

Apesar de haver várias semelhanças entre a ativação cerebral dos médiuns estudados e pacientes esquizofrênicos, os resultados deixaram claro também que aqueles voluntários não tinham esquizofrenia ou qualquer outra doença mental. Os cientistas afirmam que a descoberta de ativação da mesma área cerebral sublinha a importância de mais pesquisas para distinguir entre a dissociação (processo em que as ações e os comportamentos fogem da consciência) patológica e não patológica. Entre o que é e o que não é doença, quando alguém se diz tocado por outra entidade. Os médiuns estudados relataram ilusões aparentes, alucinações auditivas, alterações de personalidade e, ainda assim, foram capazes de usar suas experiências mediúnicas para tentar ajudar os outros. Pode haver, portanto, formas saudáveis de dissociação. Uma das conclusões a que os cientistas chegaram é que a mediunidade envolve um tipo de dissociação não patológica, ou não doentia. A mediunidade pode ser uma expressão comum à natureza humana. Essas conclusões, que ÉPOCA antecipa na edição que chegou às bancas na sexta-feira (16), foram divulgadas na revista científica americana Plos One. O estudo Neuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da dissociação tem acesso gratuito desde sexta-feira, dia 16, no endereço eletrônico:
www.dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0049360

O maior de todos os psicógrafos


Naquele verão, na Filadélfia, os dez médiuns produziram psicografias espelhadas – escritas de trás para a frente –, redigiram em línguas que não dominavam bem, descreveram corretamente ancestrais dos cientistas que os próprios pesquisadores diziam desconhecer, entre outras tantas histórias. Convivendo com eles naquele experimento, colhendo suas histórias, ouvindo os dramas e prazeres de viver entre dois mundos, encontrei diferentes biografias. Todos eles compartilham, porém, a crença de que aquilo que veem e ouvem é, de fato, algo real. Outro ponto em comum: todos nutriam enorme respeito por Chico Xavier, considerado o modelo de excelência da prática psicográfica.

>>Michael Sandel: "A política precisa se abrir à religião"

Mineiro de família pobre, fala mansa e sorriso tímido, Chico Xavier recebeu apenas o ensino básico. Isso não o impediu de publicar mais de 400 livros, alguns em dez idiomas diferentes, cobrindo variados gêneros literários e amplas áreas do conhecimento. Ao final da vida, vendera cerca de 40 milhões de exemplares, cujos direitos autorais foram doados. Psicografou por sete décadas. Nenhum tipo de fraude foi comprovada. Isso não significa que seus feitos mediúnicos sejam absoluta unanimidade. Há controvérsias. O pesquisador Alexandre Caroli Rocha, doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chegou a conclusões que parecem favorecer a hipótese de que Chico fosse mesmo uma grande e sintonizada antena. Em seu mestrado, ele analisou o primeiro livro publicado pelo médium, Parnaso de além-túmulo, que trazia 259 poemas atribuídos a 83 autores já mortos.

Seu estudo considerou os aspectos estilísticos, formais e interpretativos dos poemas e concluiu que a antologia não era um produto de imitação literária simples. Rocha descobriu, por exemplo, que Guerra Junqueiro (1850-1923), um dos autores mortos, assinava a continuação de um poema inacabado em vida. Não havia indício de que Chico tivesse tido acesso ao poema antes de psicografar sua continuação. No doutorado, Rocha concluiu que Chico reproduzia perfeitamente o estilo do popular escritor Humberto de Campos (1886-1934). Nos textos que saíam da ponta de seu lápis havia, segundo Rocha, um estilo intrincado e sofisticado, detectável apenas por aqueles que conhecem bem como Humberto de Campos funciona. Muitos dos textos atribuídos a Campos continham informações que estavam fora do domínio público. Encerradas num diário secreto, tais informações só foram reveladas 20 anos depois da morte de Campos e do início da produção mediúnica de Chico

A ciência pode desvendar a natureza da alma?


“Se eu pudesse recomeçar minha vida, deixaria de lado tudo o que fiz, para estudar a paranormalidade.” Essa confissão de Sigmund Freud a seu biógrafo oficial, Ernest Jones, marca um dos capítulos pouco conhecidos da história do pensamento humano. Pouca gente sabe também que muitas das teorias reconhecidas hoje pela ciência sobre o inconsciente e a histeria baseiam-se em trabalhos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo da mediunidade. Talvez menos gente saiba que Marie Curie, a primeira cientista a ganhar dois prêmios Nobel, e seu marido, Pierre Curie, também Nobel, dedicaram espaço em suas atribuladas agendas ao estudo de médiuns. No Instituto de Metapsíquica em Paris, no início do século passado, Madame Curie inquiriu com seus assombrados olhos azuis a médium de efeitos físicos Eusapia Palladino. O casal Curie supôs que os segredos da radioatividade poderiam ser revelados por meio de uma fonte de energia espiritual. Quem seria capaz de imaginar isso hoje?

Outros cientistas laureados com o Nobel consagraram parte de sua vida buscando respostas para os mistérios da alma e a possibilidade de comunicação com os mortos. Pesquisas que hoje seriam consideradas assombrosas, como materialização de espíritos, movimentação de objetos à distância, levitação etc., foram realizadas na passagem entre os séculos XIX e XX. Houve forte oposição materialista. Experimentos frustrados e a comprovação de fraude de alguns médiuns lançaram um manto de ceticismo e silêncio sobre o tema. Essa linha de pesquisa entrou em crise. Experimentos com mediunidade aos poucos se tornaram uma mácula nos currículos oficiais dos eminentes cientistas. E a ciência moderna acabou por condenar ao esquecimento inúmeras pesquisas científicas sobre o assunto, algumas rigorosas. Enquanto o cinema, a TV e a literatura cada vez se apropriam mais das questões do espírito, a ciência dominante tem torcido o nariz e deixado essas reflexões fora de seu campo.

A questão tem sido esquecida, mas não totalmente. Apesar de ainda tímidas, pesquisas científicas sobre comunicações mediúnicas, como a da Filadélfia, têm sido realizadas recentemente. Basicamente, encontraram que, além de fenômenos que revelam fraude proposital ou inconsciente do médium, há muito a explicar. Muita coisa não cabe dentro do discurso que prevalece hoje na ciência. Pesquisadores da área acreditam que a telepatia do médium com o consciente ou o inconsciente daquele que deseja uma comunicação espiritual não explica psicografias nas quais se revelam informações desconhecidas das pessoas que o procuram.

Muitas informações fornecidas por médiuns, dizem eles, se confirmaram verdadeiras só mais tarde, após pesquisa sobre o morto. Como pensar então em telepatia se só o morto detinha as informações? Seria possível a ideia de comunicação direta com os mortos? Alguns cientistas que estudam as percepções mediúnicas discordam dessa hipótese. Acreditam que é possível não haver limite de espaço e tempo para percepções mediúnicas. O médium poderia andar para a frente e para trás no tempo e no espaço, coletando as informações que desejasse, quando e onde elas estivessem. Num fenômeno em que comprovadamente não houvesse fraude ou sugestão inconsciente, sobrariam apenas duas hipóteses: ou haveria a capacidade do médium de captar informações em outro espaço e tempo; ou existiria mesmo a capacidade de comunicação entre o médium e o espírito de um morto.

Atuais referências no estudo científico de fenômenos tidos como espirituais, cientistas como Robert Cloninger, Mario Beauregard, Erlendur Haraldsson, Stuart Hameroff e Peter Fenwick aplaudem a iniciativa de Julio Peres em seu estudo. Esse neurocientista brasileiro, que tem colhido apoio em seus pares, afirma que seus achados “compõem um conjunto de dados interessantes para a compreensão da mente e merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação como de hipóteses explicativas”. Outro coautor do estudo, o psiquiatra Frederico Camelo Leão, coordenador do Proser, defende mais estudos acerca das experiências tidas como espirituais. “O impacto das pesquisas despertará a comunidade científica para como esse desafio tem sido negligenciado”, diz.

O pesquisador Alexander Moreira-Almeida, coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, é o principal responsável por colocar o Brasil em destaque nessa área no cenário internacional. Moreira-Almeida recebeu o Prêmio Top Ten Cited, como o primeiro autor do artigo mais citado na Revista Brasileira de Psiquiatria, com Francisco Lotufo Neto e Harold G Koenig. É editor do livro Exploring frontiers of the mind-brain relantionship (Explorando as fronteiras da relação mente-cérebro, em tradução livre), pela reputada editora científica Springer.


Ele afirma que a alma, ou como prefere dizer, a personalidade ou a mente, está intimamente ligada ao cérebro, mas pode ser algo além dele. Para esse psiquiatra fluminense, pesquisas sobre experiências espirituais, como a mediunidade, são importantes para entendermos a mente e testarmos a hipótese materialista de que a personalidade seja um simples produto do cérebro. Moreira-Almeida lembra que Galileu e Darwin só puderam revolucionar a ciência porque passaram a analisar fenômenos que antes não eram considerados. “O materialismo é uma hipótese, não é ainda um fato cientificamente comprovado, como muitos acreditam”, diz Moreira-Almeida.

Apesar de todos os avanços da ciência materialista, a humanidade continua aceitando as dimensões espirituais. Dados do World Values Survey revelam que a maioria da população mundial acredita na vida após a morte. Em todo o planeta, um número expressivo de pessoas declara ter se sentido em contato com mortos: são 24% dos franceses, 34% dos italianos, 26% dos britânicos, 30% dos americanos e 28% dos alemães. Não há dúvida de que o materialismo científico foi instrumento de enorme progresso para a humanidade. A dúvida é se ele, sozinho, seria capaz de explicar toda a experiência humana. Para a maioria da população, a visão materialista parece deixar um vazio atrás de si. Na busca de respostas para nossas principais questões, muitos assinariam embaixo da frase de Albert Einstein: o homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela vida sem ver nada.

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* Denise Paraná é jornalista, doutora em ciências humanas pela Universidade de São Paulo e pós-doutora, como visiting scholar, pela Universidade de Cambridge, Inglaterra

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/11/os-avancos-da-ciencia-da-alma.html





As Viagens de Kardec

Evandro Noleto Bezerra comenta a sua tradução, para a Editora FEB, do livro de Allan Kardec que completa 150 anos de lançamento.


Considera tal obra um manual de orientação ao trabalhador espírita, um relato de experiências extraordinárias do Codificador

Reformador: Como se sentiu ao traduzir o livro Viagem Espírita em 1862?

Evandro: Vamos recuar um pouco no tempo. Corria o ano 2001. Em conversa com o presidente da FEB, Nestor João Masotti, discorríamos sobre a conveniência da tradução e publicação dos 12 volumes da Revista Espírita e, quem sabe, das demais obras do Codificador do Espiritismo ainda não publicadas pela Casa de Ismael.

À medida que o trabalho de tradução prosseguia, tornava-se cada vez mais claro para nós o verdadeiro papel da Revista Espírita: o de um veículo de comunicação destinado não apenas a ser uma “tribuna livre” da doutrina nascente, mas seu órgão orientador, seu porta-voz doutrinário. E dentre tantos assuntos interessantes, chamaram nossa atenção as viagens realizadas por Allan Kardec entre 1860 e 1867, verdadeiras maratonas a serviço da Doutrina e do Movimento espíritas, especialmente a de 1862, a mais longa de todas, quando ele percorreu 693 léguas e visitou mais de 20 localidades, matéria que seria publicada à parte sob a forma de opúsculo.

Ao traduzir Viagem Espírita em 1862, fui dominado pelos mesmos sentimentos que me animaram quando traduzi as demais obras de Kardec: imensa alegria, profunda emoção, indizível sensação de paz e, sobretudo, certeza absoluta de estar contribuindo, de alguma sorte, para tornar mais conhecida esta Doutrina que nos é tão cara.

Reformador: Qual a sua visão sobre o Codificador com a vivência das viagens?

Evandro: Vamos recuar um pouco no tempo. Corria o ano 2001. Em conversa com o presidente da FEB, Nestor João Masotti, discorríamos sobre a conveniência da tradução e publicação dos 12 volumes da Revista Espírita e, quem sabe, das demais obras do Codificador do Espiritismo ainda não publicadas pela Casa de Ismael.

À medida que o trabalho de tradução prosseguia, tornava-se cada vez mais claro para nós o verdadeiro papel da Revista Espírita: o de um veículo de comunicação destinado não apenas a ser uma “tribuna livre” da doutrina nascente, mas seu órgão orientador, seu porta-voz doutrinário. E dentre tantos assuntos interessantes, chamaram nossa atenção as viagens realizadas por Allan Kardec entre 1860 e 1867, verdadeiras maratonas a serviço da Doutrina e do Movimento espíritas, especialmente a de 1862, a mais longa de todas, quando ele percorreu 693 léguas e visitou mais de 20 localidades, matéria que seria publicada à parte sob a forma de opúsculo.

Ao traduzir Viagem Espírita em 1862, fui dominado pelos mesmos sentimentos que me animaram quando traduzi as demais obras de Kardec: imensa alegria, profunda emoção, indizível sensação de paz e, sobretudo, certeza absoluta de estar contribuindo, de alguma sorte, para tornar mais conhecida esta Doutrina que nos é tão cara.

Reformador: Qual a sua visão sobre o Codificador com a vivência das viagens?

Evandro: A de um homem de ação, que não limitava seu trabalho às comodidades de Paris. Como ele próprio confessou, essas viagens tinham duplo objetivo: dar instruções onde estas fossem necessárias e, ao mesmo tempo, instruir-se com os irmãos da província. Queria ver com os próprios olhos, a fim de julgar o estado real da Doutrina e a maneira pela qual era compreendida; estudar as causas locais favoráveis ou desfavoráveis ao seu progresso, sondar as opiniões, apreciar os efeitos da oposição e da crítica e conhecer o julgamento que se fazia das obras espíritas. Mas, acima de tudo, queria apertar a mão de cada trabalhador espírita e com eles confraternizar; exprimir pessoalmente sua gratidão aos pioneiros do Espiritismo pelo zelo e devotamento de que davam provas.

Para tanto, embrenhou-se algumas vezes pelo Interior da França, numa época em que precários e temerosos eram os meios de transporte, servindo-se de trens, carruagens e até de barcos, nos deslocamentos que fazia, a fim de levar a orientação segura e abalizada da Doutrina Espírita às sociedades que por toda parte se formavam. Agiu como fez outrora Paulo de Tarso, singrando mares e vencendo desertos para que a Boa Nova não se circunscrevesse ao povo judeu; agiu como fazem hoje os representantes do Movimento Espírita organizado que, em nível nacional, estadual ou municipal, percorrem regularmente os territórios sob sua jurisdição, visando ao mesmo objetivo.

Reformador: Que episódio você destacaria?

Evandro: Todos os episódios descritos no livro Viagem Espírita em 1862 são importantes: as impressões gerais de Kardec, os discursos que ele pronunciou nas reuniões de que tomava parte, as instruções particulares que ministrava aos grupos espíritas, bem como o projeto de regulamento que ele elaborou com vistas a assegurar a unidade doutrinária.

Destaco, porém, um capítulo de fundamental importância: o que contém as respostas de Kardec a uma série de perguntas que lhe foram feitas pelos dirigentes espíritas a quem visitava. Por exemplo:

– Já que o Espiritismo torna melhores os homens, levando os descrentes à crença em Deus, na alma e na vida futura, por que tem inimigos? – Que se deve responder aos que veem no Espiritismo um perigo para as classes pouco esclarecidas e que, por não o compreenderem em sua essência, poderiam desnaturar- lhe o espírito e fazê-lo degenerar em superstição? – Há uma coisa ainda mais prejudicial ao Espiritismo do que os ataques de seus inimigos: é o que, em seu nome, publicam seus pretensos adeptos, a ponto mesmo de expô-lo ao ridículo. Como remediar esse inconveniente, que nos parece um dos maiores escolhos da Doutrina? – Considerando-se os sábios ensinamentos dados pelos Espíritos e o grande número de pessoas que são conduzidas a Deus pelos seus conselhos, como é possível acreditar que seja obra do demônio? –

Que se deve pensar da proibição de Moisés aos hebreus para não evocarem as almas dos mortos, e quais serão as consequências da transgressão desse preceito?. A todas elas Kardec responde com a elegância que lhe caracteriza o estilo, a precisão e a clareza que lhe são habituais. Contudo, não as transcreveremos aqui; preferimos que o leitor as descubra na própria fonte, visto não querermos privá-lo da satisfação, do privilégio de estudar esses e outros pontos abordados pelo Codificador ao longo da obra.

Reformador: Você acrescentou outros textos na versão editada pela FEB?

Evandro: Sim, visto que outras viagens de Allan Kardec, igualmente relevantes para o Movimento Espírita, também mereceram dele destaque especial na Revista Espírita: as realizadas nos anos de 1860, 1861, 1864 e 1867.

A maioria delas se limitou às cidades francesas que se encontravam no trajeto da linha férrea que liga Paris a Lyon. A primeira viagem espírita tinha como alvo a cidade de Lyon. A segunda alcançou Bordeaux. A terceira levou o Codificador a Bruxelas e Antuérpia, na Bélgica. A quarta passava por Orléans e Tours. São viagens tão importantes quanto a de 1862, porquanto em todas elas Allan Kardec teve oportunidade de constatar in loco os progressos que o Espiritismo fazia, as transformações morais que operava nas consciências. Era também a chance de levar aos irmãos da província a orientação segura da Doutrina Espírita, tal como era entendida e praticada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que ele presidia.

Reformador: Qual o valor que atribui a este livro de Kardec?

Evandro: O de um manual de orientação aos trabalhadores espíritas, semelhante aos que hoje em dia são editados pelo Movimento Espírita organizado, mas com a vantagem de ter sido elaborado com o peso da autoridade de Allan Kardec, quando a Doutrina Espírita dava seus primeiros passos e numa época em que imperavam a ignorância, o preconceito, a intolerância religiosa e o materialismo avassalador.

Embora editado há tanto tempo, é surpreendente sua atualidade, porquanto, mantidas as devidas proporções, os desafios com que outrora se deparava o Codificador na difusão do Espiritismo são praticamente os mesmos enfrentados por quantos assumam agora o compromisso de manter acesa a chama viva do Consolador prometido no coração da Humanidade inteira.

Reformador: Que recomendações oferece ao leitor de Reformador?

Evandro: A mesma que fazemos quando abordamos um escrito de Allan Kardec: a de todo espírita conhecer a fundo as suas obras, não apenas as fundamentais, mas também as subsidiárias, as que mais do que outras levaram o cunho indistinguível da sua inteligência, a marca inconfundível do seu talento, as experiências extraordinárias que vivenciou, bem como os desafios que enfrentou ao codificar o Espiritismo.

Entre elas se encontram particularmente a coleção completa da Revista Espírita, Obras Póstumas, O Espiritismo na sua Expressão mais Simples, O que é o Espiritismo e a Viagem Espírita em 1862, cujo sesquicentenário de publicação comemoramos este ano. Não só a Doutrina e o Movimento espíritas são abordados nessas obras, como também a própria alma, a intimidade mesma do Codificador, constituindo-se, algumas partes delas, em sua verdadeira autobiografia.

Fonte: http://www.sistemas.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=330

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ave, Cristo! - Clube do Livro - Janeiro 2013




AVE, CRISTO!

PRIMEIRA PARTE


1. PREPARANDO CAMINHOS

Quase duzentos anos de cristianismo e as perseguições aos cristãos continuavam. Roma prosseguia alimentando a guerra contra os principios de Jesus. Esses irmãos dariam testemunhos de fé e boa vontade, colaborando na expansão da Boa Nova.

Enquanto isso, no plano espiritual, os apóstolos davam continuidade as obras iniciadas. Em uma colônia espiritual tem início uma palestra com Clodio.

“Evangelho é código de paz e felicidade que precisamos substancializar dentro da própria vida! E necessária a heróica renunciação dos que se consagram ao progresso e ao aprimoramento do cristianismo. Não olvideis, todavia, que somente colaborareis na obra do Cristo, ajudando sem exigir e trabalhando sem apego aos resultados. Como o pavio da vela, que deve submeter-se e consumir-se a fim de que as trevas se desfaçam, sereis constrangidos ao sofrimento e à humilhação para que novos horizontes se abram ao entendimento das criaturas.

Sereis atribulados, mas não aniquilados; perplexos, mas não desalentados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruidos, trazendo sempre, por toda a parte, a exemplificação do Senhor Jesus, no próprio corpo, para que a vida divina se manifeste no mundo”.

Ao final da palestra o orador foi procurado por Quinto Varro, que desejava reencarnar pra ajudar seu filho Taciano, que ainda se encontrava nas regiões trevosas. Clodio acreditava que Taciano ainda não estava preparado, pois ele chefiava larga legião de inimigos da luz e não parecia inclinado a qualquer serviço do Evangelho. Pórem, Clodio deu a Quinto Varro um século para que ele conseguisse ajudar seu filho.

"Determinaremos medidas para que sejas sustentado na nova roupagem de carne. Teus serviços à causa do Evangelho serão creditados em Esfera Superior e, quanto ao mérito ou demérito de Taciano, à frente de tua renunciação, admito que o assunto será privativo de tua própria responsabilidade.
—Não te esqueças de que, pela oração, continuaremos juntos. Ainda mesmo sob o pesado véu do esquecimento na luta física, ouviremos teus apelos, amparando-te com o nosso esforço assistencial. Vai em paz, quando quiseres, e que Jesus te abençoe."

Varro se deslocou até Roma, onde comemorava a vitória do imperador Sétimo Severo. O cenário era de um lado o terror dos gladiadores e seus animais, a espera dos irmãos cristãos que em breve dariam o seu testemunho, ao mesmo tempo uma falange de cristãos desencarnados, preparando-se para receber os companheiros de sacrifício. Os mártires desencarnados saudariam os que se sacrificariam em nome de Jesus naquela noite.Lá estava Taciano a gargalhadas, entre a platéia. Varro se aproximou e abraçou seu filho com todo o amor, e apesar de não detectar a sua presença, Taciano passou a sentir uma aversão a tudo aquilo e foi para um local se isolar e pensar em tudo que estava vivendo, a dedicação a todas aquelas sensações mundanas e como sentia falta das suas afeições. Começou a chorar, foi quando viu seu pai Quinto Varro.

Quinto Varro convidou seu filho a uma nova vida, a reencarnação. E anos se passaram.

2. CORAÇÕES EM LUTA

Roma ano de 217, os escravos e plebeus cristãos ainda eram considerados inimigos do império. Em Aventino, encontramos Varro casado com Cíntia e pai de um menino de 1 ano de idade, Taciano. Ele trabalhava para OpilioVeturio (primo de Cintia) nas embarcações e residia numa vila que pertencia ao mesmo. Enquanto Varro era adepto dos ensinamentos de Cristo, Cintia era fútil, ligada a festas e prazeres, sempre acompanhada de seu primo.

Varro convida Cintia para acompanhá-lo na palestra cristã dada Corvino. Porém, Cintia não vai pois repudiava os nazarenos. Durante a palestra, Corvino descrevia as perseguições aos nazarenos de Lião em 177. Falava, entusiasmado, de Vétio Epágato, que renunciara à nobre posição que desfrutava, a fim de converter-se em advogado dos cristãos humildes. O heroismo da escrava Blandina, cuja fé confundira o ânimo dos carrascos. Pintou a alegria de Potino, o chefe da Igreja de Lião, cruelmente ultrajado e espancado na rua, sem uma palavra de revolta, aos noventa anos de idade.

Após término da palesta, Varro retorna ao lar, sendo surpreendido pela conversa amorosa entre Cintia e seu primo Veturio. Este era dez anos mais velho, viúvo, pai de gêmeos - Helena e Galba. Varro descobre que Opilio sempre amara Cintia e que havia proporcionado o lar e o emprego a ele para ficar mais próximo de Cintia. Desejava, agora que viúvo, tê-la como esposa. Varro totalmente transtornado, chega a pegar seu filho adormecido para fugir de tudo, porém desiste e resolve sair de casa para refletir melhor.

Vai até Corvino pedir ajuda. Corvino falou que ele deveria aplicar os ensinamentos do Cristo, e tentar entender a sua esposa.
"—Jesus não falava simplesmente ao homem que passa, mas, acima de tudo, ao espírito imperecível. O melhor será entrares na vida aleijado que, tendo duas mãos, te aproveitares delas para a descida às regiões inferiores”. (6) Refere-se o Cristo ao mundo, como escola em que procuramos o nosso próprio burilamento. Cada qual de nós vem à Terra, com os problemas de que necessita. A provação é remédio salutar. A dificuldade é degrau na grande subida. Criamos o sofrimento, desacatando as Leis Universais e suportamo-lo para regressar à harmoniosa comunhão com elas. A justiça é perfeita. Ninguém chora sem necessidade. A pedra suporta a pressão do instrumento que a desgasta, a fim de brilhar, soberana. A fera é conduzida à prisão para domesticar-se, O homem luta e padece para aprender a reaprender, aperfeiçoando-se cada vez mais”.

3. COMPROMISSO DO CORAÇÃO

Dois dias se passaram e Varro procurou Veturio, falou do seu desejo de ir a Roma com objetivo de emprego. Veturio além de incentivar a sua viagem, quitou todas as suas dívidas.

Varro foi até o fórum a fim de encontrar alguém que lhe oferecesse emprego digno, quando encontrou Flávio Subrio, um soldado maduro, que lhe ofereceu um emprego, que consistia em ir a Cartago encontrar alguns cristãos que seriam condenados.

Varro achou uma boa idéia pois seria a forma de tentar salvá-los. Então, comunicou a sua esposa e a Corvino a sua ida a Cartago.

Corvino resolveu acompanhá-lo na viagem. Já embarcado, a noite, Flávio contou toda a verdade daquela viagem para Varro. Disse que Venturio planejou para que ele fosse morto na viagem, desta forma, ele se uniria a Cintia.

Porém, como o pai de Varro havia salvo a sua vida, ele devia esse favor a ele e por isso, pouparia a sua vida. Para manter a farsa, mandou matar o velho Corvino em seu lugar enquanto Varro assumiria a sua identidade. Varro ainda consegue se despedir de Corvino, que desfalecendo, pede que entregue os recursos que tinha para Horacio, o orador da igreja de Lião. Esse momento “morre” Varro e surge Corvino.

Lião concentrava muitos cristãos, que eram constantemente perseguidos e mortos. Em toda a parte, a organização evangélica orava para servir e dar, em vez de orar para ser servida e receber. Os cristãos eram conhecidos pela capacidade de sacrifício pessoal, a bem de todos, pela boa vontade, pela humildade sincera, pela cooperação fraternal e pela diligência que empregavam no aperfeiçoamento de si mesmos.

Amavam-se reciprocamente, estendendo os raios de sua abnegação afetiva por todos os núcleos da luta humana, jamais traindo a vocação de ajudar sem recompensa, ainda mesmo diante dos mais renitentes algozes. Ao invés de fomentarem discórdia e revolta, entre os companheiros jungidos à canga da escravidão, honravam no trabalho digno a melhor maneira de amparar-lhes a libertação.

A cidade fôra sempre um ponto de convergência para os cristãos. Perseguidos de vários lugares batiam às portas da igreja, implorando socorro e asilo.

4. AVENTURA DE MULHER

Ano de 233, em Roma, Cíntia após a imaginária morte de Varro, se casa com Ventúrio e desfruta de riqueza e privilégios. Porém, tornara-se mais reservada, distante das festas e futilidades, dedicada mais aos filhos, Taciano, Helena e Galba.

Helena, com dezessete anos, primava pelos prazeres da vida social, sempre acompanhada da governanta Anacleta, que era um pouco mais velha , vinda de Cipro e desde cedo ficou ao cuidados de Vetúrio após a morte de sua mãe.

Taciano se dedicava ao estudo e a culto dos deuses, com veneração aos deuses olímpicos, não compreendendo os ensinamentos do evangelho e o martírio de tantos, em nome do Nazareno. Enquanto, Galba desregrado e mal-educado, não suportava a superioridade intelectual do irmão.

Vetúrio pede que Taciano, sendo o mais responsável, vá morar em Lião para cuidar dos negócios da família e que em breve possa casar-se com Helena, para manter o patrimônio em família. Esta se encontrava chorosa há alguns dias, desde que recebeu a notícia da morte de seu noivo, Emiliano Secundino. Por esse motivo, Vetúrio resolveu mandar ela e Anacleta para um temporada em Salamina.

No entanto, Helena escondia um segredo, estava grávida de Emiliano (morto na guerra). Por medo de um escândalo, pretendia fazer um aborto. Junto com Anacleta, resolve procurar Orósio, um feiticeiro, para lhe dar um remédio para abortar.

Ao chegar lá, Osório diz que vê um homem ferido, que foi assassinado, que chorava pedindo perdão e que ela deixasse nascer a criança. A criança seria sua proteção e consolo, e se tirasse, ela morreria banhada em sangue, vencida pelas trevas. Helena foi embora aflita e melancólica, decidida a viajar.

Já isolada em Cipro, Helena consegue com a empregada da casa, a informação de ervas para abortar. A noite, ao tentar tomar o chá, sentiu um torpor e viu a sua frente Emiliano. Ele pedia para que ela não tirasse a criança. Após, chorar e conversar com Emiliano, acordou gritando pelo seu norme e, sem querer derrubou com o braço o chá. Resignada e abatida esperou o término da gravidez.

Ao nascer, Helena colocou um camafeu com a imagem de Cibele no pescoço da criança e pediu para Anacleta abandoná-la em algum lugar.

Anacleta deixou a criança em um campo e ficou de longe esperando até que alguém a pegasse. Passou um homem que ficou feliz em acha-lá, pois, era viúvo e havia perdido sua única filha – Lívia.

RESUMO FEITO PELA DEBORA LOURES

5. REENCONTRO

No fim do ano 233, Quinto Varro, agora vivendo sob o nome de Irmão Corvino, vivia em Lião, numa época em que a peste assolava o império.

Irmão Corvino, Presbítero Galiane, Pafos e Enio Pudens se encontravam reunidos, versando sobre os problemas do império e o abandono das pessoas que contraíram a peste. Buscavam um jeito de mobilizar todos os recursos disponíveis para amenizar os problemas do povo.

Irmão Corvino dedicava-se a causa dos menos afortunados, tornara-se um gigante em humildade.

Irmã Pontimiana que era responsável pela guarda do Palácio de Opilio Vetúrio, veio informar a Irmão Corvino que Taciano havia chegado.

Para Varro, esta seria a oportunidade de rever o filho amado.

O enfermo encontrava-se em estado de delírio por conta da febre, conjurando todos os seguidores do Nazareno, pois acreditava que estes eram os responsáveis pela morte de seu pai.

Irmã Pontiminiana pediu a Varro que não mencionasse o Galileu, pois o Taciano tinha horror aos Cristãos.

A partir daquele momento, Varro passou a dedicar-se inteiramente a recuperação da saúde do filho. Quando o rapaz começou a recuperar a lucidez, reconhecidamente agradecido ao jardineiro da casa, considerou-o como seu benfeitor.

Taciano melhorava a cada dia, apreciava as horas que passava com Irmão Corvino/Varro, pois tinham muitas afinidades.

Varro seguia firme no propósito de despertar o filho para o evangelho. Certo dia, teve a ideia de levar os órfãos que viviam sobre seus cuidados para fazerem uma apresentação no Palácio de Vetúrio, que foi aceita alegremente por Taciano.

Taciano ficou encantado com as crianças, porém, ao final da apresentação, Silvano, um dos garotos órfãos foi escolhido para fazer a prece de agradecimento.

Na sua inocência, falou do amor de Jesus por todos nós. Taciano ao ouvir o nome do Galileu, se transformou completamente, sua atitude beirou a selvageria, amaldiçoando Irmão Corvino e todas as crianças, solicitando que os cães fossem soltos para que os atacassem.

Varro em estado de espanto e decepção com a reação do filho e preocupado com as crianças, não conseguiu proteger Silvano do cão, que o atacou ferozmente.

Silvano, não sobreviveu ao ataque. Irmão Corvino ficou abatido e desencantado. Entregou-se ao refugio da oração.

Taciano iniciou uma perseguição aos Cristãos, passando a ser apresentado como herói pelos seus patrícios. Em sua propriedade fez com que todos os escravos se mostrassem fiéis aos princípios romanos e deveriam abjurar o cristianismo. Todos o fizeram, menos Rufo, que foi açoitado e preso.

Irmão Corvino passou a ser considerado o maior inimigo de Taciano.

Lião, que era então considerada uma cidade tranquila para os seguidores do nazareno, passou a sofrer perseguições.

6. NO CAMINHO REDENTOR

Foram dias amargos para a Igreja de Lião.A mãe de Silvano acusa Irmão Corvino em público. Varro suportou tudo com humildade e heroísmo, não culpando ninguém, esclarecendo que a criança fora atacada por um cão bravio, solto não se sabia como.

Na iminência da prisão de Varro, Artêmio Coimbra, patrício de grande fortuna e seguidor do evangelho advogou em sua causa, livrando-o da prisão.

Varro foi considerado indigno de orientar as crianças o que fez com que o levasse ao desalento.

Tentando fugir dos próprios pensamentos, mal se alimentava, se empenhando em trabalhos sacrificiais pelos doentes, receando talvez, mergulhar na amargura.

Com a ajuda dos companheiros venceu o inquietante desequilíbrio. Certa noite, em sua angustia, lembrou-se do velho Corvino com maior intensidade. Começou a se questionar: Seria crime se aproximar do filho? Seria reprovável o desejo de ser querido por seu filho? E estes questionamentos levaram a outros. Mas o que mais lhe deixava triste, era a lembrança de ter visto o filho tão agressivo e cruel diante do nome de Jesus. Seria errado devotar-se ao filho? Querer ensiná-lo a amar o seu próximo?

Varro sentia-se abandonado, apesar da multidão de amigos que o cercavam. A presença do filho era a única força capaz de restituir-lhe a sensação de plenitude. O velho Corvino aparece diante de Varro para consolá-lo e falar do amor do Criador por sua criatura. Pede que ele não se preocupe, pois o Pai jamais abandona seus filhos e o incentiva a retornar ao trabalho.

Taciano fica noivo de Helena Vetúrio. Cintia, agora transformada, fugia de todas as festividades. Flávio Súbrio falava para os mais íntimos que a senhora se fizera cristã.

Súbrio, antigo amigo de Varro, arrependido de seus vários crimes, principalmente por ser o responsável pela morte do velho Corvino, passou a fazer doações, anonimamente, para os companheiros de Corvino.

Cintia comunica ao filho que após o seu casamento, sua responsabilidade como mãe termina. Também fala da sua necessidade de renovação espiritual.

O filho reage, dizendo o que o pai nunca se afastou das tradições e Cintia fala que Taciano está enganado, pois Varro era um seguidor do Cristo. Para Taciano a mãe havia enlouquecido.

Fora marcado o julgamento de Rufu, tentariam primeiro sua recuperação do mal nazareno, caso ele não renegasse o Cristo morreria.

Rufo bravamente disse que não temia a morte, pois para ele significava libertação. Ele temia pela esposa e pela filha que seriam vendidas como escravas. Mas o plano divino em sua perfeição encaminhou um comprador de escravos que disse em voz baixa a Rufo que ele não se preocupasse, pois também era cristão.

Cintia passou a ser considerada louca por toda a família, passando a viver encarcerada dentro da própria casa.

A fama de Varro, como Irmão Corvino crescia entre os esquecidos, mas o ódio dos romanos aumentava, por perceberem a influência que ele exercia sobre os sofredores.

O sofrimento do povo a cada dia aumentava mais. Os romanos atribuíam tudo o que estava acontecendo à ira dos deuses, por permitirem que o povo seguisse o Nazareno.

Com a chegada do novo Cesar, iniciou-se a caça aos seguidores do Cristo. Igrejas foram destruídas e os seguidores do evangelho agora perseguidos, voltaram a se reunir nas catatumbas. Varro seguiu firme na sua fé, permanecendo em Lião, velando pelo seu rebanho.

Um ano depois, Cintia em sua loucura, foge em busca do “Irmão Corvino”. Diante do Irmão Corvino, fala da sua vida de desregramento e da busca pela redenção e ao ouvir sua voz, reconhece Varro. Cintia morre nos braços do marido.

Vetúrio acusa Irmão Corvino pela morte de Cintia e pede que ele seja preso. O Martírio de Quinto Varro iria começar.

7. MARTÍRIO E AMOR

Atirado ao calabouço, Irmão Corvino passou a experimentar os efeitos da implacável perseguição de Opílio Vetúrio. Os assessores de Maximiano começaram a aparecer, recomendando o suplicio dos chamados “desordeiros galileus”.

Artêmio Coimbro e alguns outros patrícios influentes, tentaram opor resistência à chacina criminosa. O deplorável movimento alastrou-se irrefreável.

Exibições no anfiteatro da cidade foram organizadas. Era recomendado maior rigor no castigo aos seguidores do nazareno.

Irmão Corvino e outros foram chamados para interrogatório. Taciano, Galba, Vetúrio e Súbrio acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos.

Corvino era acusado de feiticeiro e assassino. Quinto Varro que a consciência tranquila, parecia coroar de imperturbável serenidade, passeou o olhar calmo e bondoso pela assembleia irritada e a multidão aquietou-se, qual se fora dominado por uma força irresistível.

Corvino era acusado da morte de Silvano e por ser Cristão.

Por não renunciar a Jesus, Corvino é condenado a morte. Galba e Opilio ficam satisfeitos com a condenação, enquanto que Taciano sentia-se inexplicavelmente angustiado, lutando consigo mesmo para sobrepor-se a qualquer ato de simpatia, a grandeza moral de Corvino confundia-o e o chamava a reflexão.

Flávio Súbrio reconhece Varro e pede perdão. Galba e Opilio seguem para o espetáculo. Taciano absteve-se. Vasta multidão se aglomerava na praça livre.

Varro ficou triste por não ver Taciano na assembleia, então, passou a oração silenciosa.

Flávio declara-se Cristão perante os patrícios. Opílio acha que ele enlouqueceu.

Varro segue para a execução. Artêmio cobre-lhe o rosto para que a cena brutal não lhe ferisse a visão.

Gablo Hércules ergue o gládio com as mãos trêmulas, descendo o instrumento sobre o pescoço da vítima, todavia forças invisíveis impedem o instrumento de acertar o lugar visado por 3 vezes. Na legislação romana, existia uma lei que proibia um quarto golpe por decapitação.

Flávio Súbrio convoca Taciano para um entendimento particular e revela que Irmão Corvino é Varro, contando toda história. Taciano fica totalmente transtornado, recusando-se em acreditar.

Flávio sugere a Taciano que vá até Varro, que ainda vive, e que não prive o pai do seu carinho. Opílio diz que Flávio está louco e que não deve acreditar no que foi dito.

Flavio diz que, para provar que a história é verdadeira, trocará sua vida inútil por alguns momentos de consolo que Varro merece por parte dos dois.

Flávio suicida-se. Diante do ocorrido, Taciano impulsionado por poderosa energia, não hesitou e seguiu ao encontro de Varro.

Opilio e Taciano foram ao encontro de Varro, e quando o rapaz ao olhou nos olhos do pai compreendeu a verdade. Varro fica feliz ao rever o filho antes da grande viagem. Taciano não entende porque ele ainda perdoava o padrasto, pois ele era responsável pelos sofrimentos passados. Varro diz que ele deve agradecer a Opilio, pelo afeto e orientação que este lhe ofereceu, dizendo que ninguém alcança a dignidade pessoal sem abnegados condutores.

Varro fala que cada homem é um espírito em eterno crescimento para a glória celestial. Que somos felizes ou infelizes por nós mesmos e não avançaremos para frente sem a benção da compreensão. Diz que de onde estiver continuará velando pelo filho e que voltará a estar com ele em outro corpo.

Opilio percebendo o carinho que renascera no espírito de Taciano pelo pai, retira-se.

Após a desencarnação, Varro é recebido pelo Irmão Corvino, o pequeno Silvano e mais outros amigos.

Varro olha para Taciano junto a seu corpo e fala para o benfeitor que o rapaz junto do seu corpo, é filho de sua alma e pede perdão por ainda insistir em manter seus últimos momentos na terra junto do filho.

Pede a Corvino que não abandone seu filho, que ainda é moço e não tem discernimento para compreender o evangelho.

Varro olhou para Taciano, que chorava em silencio, e reconheceu nele sua única dor.

Lá fora, no campo, aguardavam-no em regozijo. Eram mártires das Gálias, ostentando palmas de luz que brilhavam em conformidade com a elevação espiritual de cada um, cantavam jubilosos em homenagem ao novo herói.

Varro iria encontrar-se com seu antigo benfeitor, Clodio, que estaria em Roma, no cemitério de Calisto.

Varro diz a Clódio que se sente incapaz de seguir adiante, pois sua tarefa ainda não fora concluída.

Varro então, diz que gostaria de renascer na carne junto do filho que o Céu lhe confiou. Clódio, lembra, que ele não precisa retornar ao corpo físico, mas sendo esse o seu desejo, tem a sua permissão.

Taciano sentia-se incapaz de se desprender das angustia que o absorvia, desde o momento em que se afastara do cadáver do pai. Profunda saudade misturada a irremediável aflição pungia-lhe o espírito.

Varro aproximou-se dele e o abraçou. Falou das oportunidades de redenção e da misericórdia de Deus. O filho acolheu suas palavras em forma de vibrações de incentivo e esperança. E, sentindo-se inexplicavelmente aliviado, enxugou o pranto e contemplou o Céu constelado de luz.

RESUMO FEITO PELA FRANCISCA PASSOS

Fim da Primeira Parte

AVE,CRISTO! 2º PARTE

1. PROVAS E LUTAS

Corria o ano 250 dC e com o Imperador Decio no poder a perseguição aos cristãos aumentaram, as famílias cristãs sofriam apedrejamentos, vexames;em Roma continuavam as atrocidades nos circos.

Com a morte de Quinto Varro, Opílio retornou a Roma com Galba, seu relacionamento com Taciano havia terminado. Desde a revelação de Flávio Súbrio sobre a conspiração do padrasto, fora construído um abismo silencioso entre os dois. Com seus 34 anos,Taciano ainda não tinha se recuperado da revelação de Súbrio, a verdade o assombrava, ele não aceitava os discípulos de Cristo,se afogava no trabalho,mas havia mudado algumas de suas atitudes.

Era devotado a Helena,ela frívola,envolvia-se nas futilidades sociais;Taciano pedia que estivesse mais voltada a família,mas sua moral duvidosa não deixava.

Teodulo,era servo de Opilio fora mandado para a propriedade para vigiar Taciano,tornou-se amante de Helena.

Desde a morte de Varro, Taciano não tinha o mesmo prestigio de antes, pagava suas contas e nada sobrava, visto que Helena gastava muito com suas futilidades. O seu único consolo era Blandina, sua segunda filha, nascida em 243, uma verdadeira companheira do coração paterno; enquanto Lucila era parecida com a mãe, em suas futilidades, Blandina era um anjo que chegou para iluminar a vida de Taciano.

Através de uma carta vinda de Roma,Opilio solicitou a presença da família,e sugeriu a possibilidade de Lucila casar-se com Galba, para que a fortuna permanecesse na família.Taciano não concordava,visto que uniões preestabelecidas com fins monetários nunca dão certo,ele era um perfeito exemplo disso.Porem discutir com Helena era perda de tempo. Helena o informou que viajaria com Teodolo e Anacleta,ele não iria,mas ela levaria as filhas para verem o avô.

Blandina não queria deixar o pai,choramingava na véspera da partida,quando Taciano foi ao seu encontro flagrou Helena e Teodulo namorando.Teve o ímpeto de vingar-se naquele exato momento, quando os gemidos de Blandina despertaram-lhe o sentimento paterno que era mais forte do que a traição da mulher. O escândalo não traria compensações,punir a esposa seria condenar as filhas.Lembrou-se do pai e pensou nas turbulências que haviam ocorrido em seu caminho.Como ele havia conseguido aguentar tudo em silencio?Que forças sobrenaturais fizeram com que ele suportasse resignadamente a traição e a renuncia da família?Lembrou-se do que ouvira “in extremis” a respeito dos direitos das mulheres...ele gostaria de ter esta mesma concepção,mas estava distanciado de tamanha conquista espiritual.Para Taciano o PERDÃO era COVARDIA e a HUMILDADE expressava VILEZA (que degrada o homem,pequeno).Lembrou-se da mãe que com o padrasto nunca fora realmente feliz, talvez Helena estivesse indo pelo mesmo caminho.Taciano fora ao encontro da filha que a abraçou amorosamente.

Na manhã seguinte a caravana partia para Massilia a fim de navegarem até Roma,Blandina não queria deixar o pai e adoeceu na viagem. Taciano fora chamado para retornar com a menina para casa, Helena e Lucila continuaram a viagem.

Começa então para Taciano e Blandina um período de felicidade, de refazimento, onde o amor era tanto que um bastava ao outro. Entregues à beleza da natureza faziam longos passeios, Taciano comprou um barco onde faziam longos passeios pelo Ródano. Com o passar do tempo,percebeu que já era hora de contratar um professor par cuidar da educação da filha,quando pai e filha ouviram uma doce canção...instintivamente remou até a praia onde encontrou uma jovem que cantava,neste momento as almas irmãs reconheceram-se e uma enorme simpatia envolveu seus corações. Ele perguntou quem havia lhe ensinado tão bela canção e a moça foi apresentar-lhes seu pai Basílio. Ela se chamava Lívia.

Basílio era um ancião que beirava os 70 anos,mas trazia nas palavras e nos olhos irradiante vigor juvenil;nascido em Roma,filho de escravos gregos,embora endividado com o ex-senhor-Jubelio Carpo-que o alforriara,prosseguiu na posição de liberto,agindo por conta própria.Carpo,nobre romano,era quase da idade dele,haviam crescido juntos e casaram quase ao mesmo tempo.A mulher (escrava e amiga)de Basílio havia cuidado da mulher de Carpo, com tanto devotação que lhe salvou a vida,mas morreu adquirindo a moléstia da patroa;Junia o deixou viúvo,mas com uma filhinha,Lívia,que desencarnou em seguida.

Compadecidos, os patrões, o emanciparam, com a condição de lhes pagar, em qualquer tempo, os enormes débitos que contraíra para socorrer os familiares.

Basílio resolveu partir de Roma,onde só havia tristes recordações, desgostoso viajou para a ilha de Cipro,onde se refugiou na filosofia;lá encontrou sua nova filha e deu o mesmo nome da primeira – Lívia, que renovou suas esperanças na vida,encontrando coragem para lutar.Agora restaurava instrumentos musicais e por vários motivos mudaram-se para Lião para um novo recomeço.

Taciano reconheceu em Basílio um novo amigo,não sabia como nem onde, mas conhecia aquele ancião e sua filha.Conseguiria novos clientes para Basílio, o auxiliaria. Lívia seria a professora de Blandina. O coração de Taciano estava feliz,ele sentia-se renovado.

2. SONHOS E AFIÇÕES

Basílio em conversas com Taciano falava sutilmente os ensinamentos de Jesus. “O mundo tem fome de fé viva para ser feliz,não admito estejamos limitados à existência física...”Ele falava sobre os desequilíbrios morais da atual sociedade: “somos almas usando vestimenta de carne em transito para uma vida maior”, deveria haver mais dignidade humana, escravos e senhores eram filhos do mesmo Pai!

Taciano tinha dificuldade em absorver certas lições,ainda era um “HOMEM VELHO”,não aceitava a fraternidade acreditava que era fraqueza. “Atentos à certeza que nosso espírito pode viver na Terra vezes inumeráveis,modificando o curso de nosso trabalho,de existência a existência, como aprendiz de letras primárias envolve pouco a pouco,para as mais altas expressões de cultura”. Basílio dizia que era impraticável nivelar as classes.O mérito é do esforço pessoal de cada um, independentemente da classe social.A hierarquia sempre existira como sustentáculo inevitável da ordem. “cada árvore produz, segundo a espécie a que se filia, e cada qual merece mais ou menos estima, segundo a qualidade dessa mesma produção. É necessário mais humanidade para sermos realmente humanos. As condições de luta e aprendizado na terra se alterarão totalmente quando compreendermos que somos irmãos uns dos outros.”

Taciano não conseguia entender a essência dos apontamentos de Basílio,mas aceitava o pensamento do amigo,pois o respeitava e o ancião fazia com que ele se lembrasse dos diálogos que tinha com o pai.

Quando Taciano questionava sobre a reencarnação,Basílio afirmava veemente que ninguém se encontrava sem objetivo, a simpatia e a antipatia são obras do tempo, de outras existências, o acaso não existe.

O patrício sentia-se feliz e renovado,amava fraternalmente os novos amigos e resolveu auxilia-los alugando uma casa para pai e filha.

Taciano,Blandina e Lívia estavam constantemente em contato com a natureza, faziam longos passeios;Lívia era a nova professora de Blandina e a menina apegou-se a ela de uma forma que só outras existências poderiam explicar; Taciano abre seu coração para Lívia e a convida para ir embora com Blandina e Basílio.Ele tinha péssimas recordações do local,onde pai e mãe morreram;via em Lívia a esperança para o seu futuro! Pág 236 “Taciano meu pai costuma dizer que almas capazes de tecerem ventura conjugal habitualmente se encontram tarde demais.Quando não são surpreendidas pela morte que as separa em plena alegria são detidas por insolúveis compromissos que lhes inibe a aproximação”, assim ela revelou que também era casada com Marcelo Volusiano,um moço que a enganou e depois largou.Disse a Taciano que aprendeu com o pai a interpretar a vida,segundo as realidades que o mundo nos oferece.Ela foi conduzida desde cedo a responsabilidade e ao trabalho;aprendeu também que não atingiremos a paz sem desculpar os erros alheios que, em outras circunstancias poderiam ser nossos.Ela disse a Taciano que mesmo com a ausência do esposo não estava livre para outras aventuras,pois iria contra a sua moral,sua consciência a acusaria. Disse a Taciano que o amava e encontrava nele a paz e calma que a deixava tranquila e feliz. Disse também que ele tinha uma ligação com a esposa e as duas filhas. Apesar da traição dos cônjuges dos dois, fazer o mesmo seria equiparar-se. Pág.241 “Estaremos juntos!O amor,acima de tudo, é entendimento,carinho,comunhão,confiança,manifestação da alma que pode perdurar sem qualquer compromisso de ordem material...Blandina será nosso ponto de referencia afetivo.”

Quando retornaram a casa perceberam pelo semblante de Basílio que havia algo errado,Marcelo havia retornado, ele era moço bonito,abraçou Lívia como se nada tivesse acontecido. Viera a Lião com um grupo de cantores,não iria demorar-se.

Taciano estava tramando uma forma de mandar Marcelo para bem longe, quando o rapaz menciou a vontade de retornar a Roma.Taciano ofereceu a oportunidade de trabalho, iria encaminhar uma carta de recomendação para um amigo.Marcelo pegou a carta e no mesmo dia foi-se embora para Viena.

Na Vila Veturio a felicidade reinava;Helena escreveu para o marido, e através de Teodulo comunicou que ficaria um longo período em Roma;este percebeu que havia algo estranho entre Lívia e Taciano,e tirando errôneas conclusões alimentou pensamentos obscuros sobre os dois.

Teodulo começou a espionar Lívia e Basílio e descobriu que eram cristãos;guardou o segredo para usa-lo quando achasse conveniente.Na permanência de Helena em Roma ele estaria sempre entre Liao e Roma.

3. ALMAS EM SOMBRA

Em Roma Lucila se entregou aos mesmos prazeres que a mãe, ainda não estava casada,mas frequentava festividades de condutas duvidosas.Numa noite conheceu Marcelo Volusiano e ambos entregaram-se aos prazeres. Depois de quatro meses Lucila engravida e Helena coloca seus espiões para verificarem quem é o amante da filha.Helena e Anacleta relembram o passado sombrio.

Teodulo retorna de Lião e põe Helena a par da “traição” de Taciano através de sua versão.

Helena arquiteta um plano para exterminar Marcelo, e com a ajuda de Teodulo envenenam o rapaz jogando-o no rio Tibre,porém a consciência de Teodulo às vezes gritava perante seus crimes!p.265

Lucila ficou inconformada,mas logo se recuperou.

Helena,sombria, arquitetou um plano contra Basílio e Lívia,foi atrás do antigo dono dos escravos para comprar as suas dividas e cobra-las no momento oportuno. Diria a Taciano que Lucila estava enferma e solicitava a presença dele e de Blandina, quando eles saíssem de Lião, ela estaria a caminho de lá, para desmascarar Basílio e Lívia;quando Taciano retornasse a Lião o plano de vingança já estaria finalizado.

4. SACRIFICIO

Vários cristãos eram assassinados maciçamente! Taciano em seu intimo achava o massacre correto.

Taciano recebe a carta de Helena,mas em seu intimo não quer deixar Lião. Porém Basílio lembra que ele possui deveres com a sua família. Blandina e Taciano partem em direção a Roma.

Com a partida de Taciano o caminho estava livre para o plano de Helena. Ela retornou a Lião cobrando a divida de Basílio. O ancião procurou consolo com os amigos cristãos que dispuseram sua residência.Todos os cristãos são presos,denunciados por Teodulo.

Basílio é torturado e morre,mas antes disse a Lívia para sempre perdoar. Na prisão as mulheres eram separadas dos homens. O inquisidor romano fica fascinado por Lívia que não cede.

A mulher do romano junto e Helena tramam um plano contra Lívia e a deixam cega,em seguida mandam Teodulo levarem-na para o mar e mata-la,porém a consciência de Teodulo falou mais alto e ele a deixou viva na Sicilia.

Lá a moça estava sozinha e cega,não sabia o que fazer,quando viu (mediunicamente) a imagem do pai dando-lhe coragem. Ouviu o som de uma citara e uma voz de menino que cantarolava,ela cantou junto,foi quando conheceu Quinto Celso e sua mãe que lhe prestaram auxilio. A mãe do menino era tuberculosa e logo faleceu, Lívia tornou-se a mãe do coração de Quinto Celso. Os dois conseguiram através de um benfeitor de Neapolis um trabalho numa panificadora,era um recomeço.

5. EXPIAÇÃO

Taciano e Blandina regressaram a Lião e não encontraram Lívia e Basílio,mas as mentiras de Helena. Ele desconfiava que os amigos queridos eram cristãos,mas não queria acreditar.Ainda detestava os princípios nazarenos, relembrou o menino Silvano, Rufo o escravo, lembrou de seu pai... Basílio apareceu para Blandina e disse a ela que veriam Lívia novamente quando escutassem a música de quando a conheceram.

Em 256 Galba e Lucila se casaram; Blandina estava doente e todos foram para Neapolis para refazer as forças físicas da menina; pai e filha ouviram a música,não pela voz de Lívia,mas de uma criança.Enfim reencontraram-se! Lívia estava no leito de morte, pois a doença a consumia;Taciano em seu pleno egoísmo ouviu de Lívia que o encontro era uma dádiva e que ele deveria tomar conta de Quinto Celso. Ela disse a ele o que ocorreu naqueles dias em Lião enquanto ele estava ausente. Quando Taciano descobre a verdade chama Helena e Anacleta para tirar a história a limpo.

Anacleta reconhece Lívia como a filha abandonada de Helena, esta surta por suas maldades feitas para aniquilar a própria filha, não aguenta o peso na consciência e se mata.

6. SOLIDÃO E REAJUSTE

No outono de 256 Taciano é outro homem, a pequenos passos renova-se através da dor. Com a morte de Helena e as moléstias do sogro está pobre e retorna a Lião; vai morar no pequeno sítio adquirido anos antes,no qual moravam os queridos Basílio e Lívia.

Teodulo torna-se amante de Lucila,Galba descobre e o mata;Lucila envenena Galba;Lucila perder-se moralmente,está igual a mãe.

Blandina estava cada dia mais doente e pediu ao pai a deixasse aceitar a fé cristã antes de morrer,pois ela e Celso já haviam aceitado o nazareno há muito tempo.

Sem recursos financeiros Taciano vira centurião para sustentar a família, porém sofre um acidente e fica cego. Um amigo, benfeitor os auxilia financeiramente. Blandina desencarna,os cristãos vieram em seu auxilio. Taciano mostra uma força moral que antes não tinha. Agora Celso era o home da casa. Estavam novamente juntos Pai e Filho!

7. FIM DE LUTA

Taciano foi para Roma com Quinto Celso para pedir ajuda de Lucila que o renega. Os dois são recebidos numa casa de cristãos em Roma mas logo são presos e assassinados no circo, mas naquele momento de martírio, Taciano reconhece o Cristo como o único ideal da humanidade.

RESUMO FEITO POR MARIA FERNANDA RIBEIRO

* POR GENTILEZA MANTENHA O CRÉDITO DO TEXTO!

ESTAMOS DE VOLTA!

Olá amigo de ideal espírita, depois de um período, retornamos com nosso estudo de livros espíritas. Agora em novo formato e muito mais inter...