Data da reunião: 25/07/2018
11. RETORNO À CIDADE PERVERTIDA
Um pouco preocupado, o Benfeitor achou por bem convocar uma
nova reunião, para qual foram chamados Manoel Philomeno, Dilermando, o médium
Ricardo, acompanhado pela sua mentora, o psicoterapeuta espiritual Felipe e
outros assessores, que formavam um grupo de oito desencarnados e dois
reencarnados.
Convidou a nobre Benfeitora Madre Clara de Jesus que
proferiu sentida oração – ver página 140 do livro.
Quando silenciou, lágrimas orvalhavam-lhe o rosto e eis que
chegaram dois jovens espíritos acompanhados de cães da raça mastim, mas bem
amestrados e mansos. Segundo os Espíritos nobres da Codificação, o tempo em que
eles – os cães – permanecem no mundo espiritual é pequeno, retornando ao mundo
físico quase imediatamente. A propósito, os jovens que os conduziam pareciam
excelentes amestradores.
Pouco depois, o Benfeitor iniciou a explicação da excursão,
percebendo-se que tudo girava em torno dos desmandos do Marques de Sade e seus
seguidores, que pretendiam assaltar a Instituição, influenciando seus membros,
interrompendo o amor dignificante que ali se desenvolvia, investindo com todas
as suas forças sobre os dedicados obreiros do Evangelho; pretendiam, entre
outras verdades, que o uso do sexo fosse desarmonizado, para que derrapasse na
vulgaridade e no desrespeito entre todos.
Após breve silêncio o Benfeitor continuou a exposição,
lembrando que muitos que reencarnaram, homens e mulheres, apesar do compromisso
assumido previamente, vem tombando ante as facilidades em favor do uso do sexo
irresponsável comprometendo-se gravemente e gerando perturbação nos
companheiros. Quando os instrumentos do mal voltam seus olhos para alguém, a
insistência é tão grande e pertinaz que são poucos os que escapam – vigiai e
orai; vendem a ideia que a pessoa está perdendo chance de ser feliz, de um
prazer inenarrável, doentio, que a vida não pode ser levada tão a sério que
dispense concessões carnais... Outras vezes, recorrem a inspirações
perturbadoras, procurando diminuir a gravidade dos compromissos sem
responsabilidade, a banalização de relacionamentos apressados, àquelas
“conversinhas secretas”.
Muitos daqueles que sofrem essas ações vem buscando
proteção, seja através da oração, da leitura de obras edificantes, trabalhando
em ações de caridade, enfim, fugindo dessas influências nefastas, que o
afastariam do compromisso assumido e, por vezes, jogando fora a felicidade
alcançada. Quando perseguidos por pessoas amigas que se transtornaram, que
tombaram, e passam a acedia-los, o problema se lhe faz mais grave.
O Benfeitor reconhece que não é fácil o transito na esfera
carnal, pois também aqui já estivera e sabe que não se pode perder tempo no que
concerna a auxiliar àqueles que estão sendo atacados e sugeriu que todos
deveriam volitar em direção à cidade pervertida, por sinal, muito bem guardada,
recomendando prudência para todos.
Quando alcançaram a região pantanosa próxima às cavernas que
serviam de morada aos infelizes habitantes, um odor pútrido pairava no ar, denunciando
o teor vibratório de baixíssimo nível moral de onde procedia, ouvindo-se o
clamor e o estardalhaço rompendo o silencio.
Para dificultar a identificação dos vigilantes, todos se
cobriram com capuzes e aí os cães cumpriram seu papel, como se tivessem
acompanhado o grupo ao Planeta e agora retornavam. Só o Mentor respondia às
perguntas dos vigilantes de plantão que se convenceram franqueando a entrada do
grupo.
Descomunal pandemônio reinava. Loucura total. Desfile de
carros alegóricos cm genitálias deformadas e absurdas, grupos praticando atos,
estatuas horrendas, decorações absurdas, sensualismo chocante, músicas
estridentes com letras chulas, seres humanos seminus com rédea e chicote e
argolas grosseiras penduradas em várias partes do corpo, etc. O grupo reteve-se
numa das laterais por onde desfilava o cortejo das aberrações acompanhado de
gritos, gargalhadas zombeteiras e mutilações. Nesse momento surgiu um grupo de
anões disfarçados de crianças, usando de atitudes grotescas, agressivas,
encimadas por atos libidinosos estarrecedores, despertando a atenção dos
pedófilos; provavelmente muitos líderes das aberrações que se apresentam na
Terra buscam ali inspiração para seus atos, em nome da falsa cultura e
proclamando a “liberdade de expressão”, exigindo leis que discriminem usos e
comportamentos vis.
Surge nesse momento de fugazes reflexões, a voz do
Benfeitor, lembrando-nos que a função daquele grupo não era de julgamento e sim
de auxílio, preservando a sincera compaixão fraternal. Oremos e vigiemos!!!
Oportuna e abençoada advertência. De imediato, todo o espetáculo passou a ter
outro sentido e significado, o que permitiu que nos deixássemos embalar pela
musicalidade intima da oração de misericórdia e, de ternura em favor dos
espíritos confundidos em si mesmos, experimentando outro estado interior de paz
e de compaixão.
Resumo elaborado por Adilson Ferreira. Favor manter os créditos.
12. ESTRANHO ENCONTRO
Miranda não sabia como seria a ação naquele
local, mas o Mentor já tinha plano muito bem elaborado e sensato. À medida que
sucedia o desfile, os grupos diminuíam. Atendendo ao Instrutor, fomos em
direção a um edifício, cuja entrada era guardada por dois serviçais vestidos
como aristocratas napoleônicos, imundos e maltrapilhos com dois cães que em
verdade eram humanos zoantropizados. O grupo não chamava a atenção porque
trajavam pesados mantos que foram se desgastando no percorrer da cidade. Todos
em silêncio, podiam ouvir as instruções mentais do Mentor explicando que os
trajes eram de substância própria para aquele lugar, para não despertar a
curiosidade dos residentes.
Miranda descreve o local como de tonalidade
agressiva e odor pútrido, um cheiro de fumo e outras emanações insuportáveis,
repleto de entidades lascivas e debochadas, onde se ouviam gritos e gargalhas.
O governante, criador daquela psicosfera, era cercado de mulheres de
sensualidade depravada, que se contorciam ao som de guitarras e tambores
eletrizantes, rostos com expressões de exaustão misturavam aos de semblantes
tediosos.
O grupo transitou por aquele inferno de falso
prazeres, sentindo a psicosfera bem pastoso, até se aproximar do ridículo trono
de Sade. O mentor então lhe comunicou que trazia uma solicitação de Rosa
Keller. O marquês respondeu de forma histérica e mandou seus guardas o
prenderem. O mentor nada receou e aguçou a curiosidade de Sade, acerca do teor
da solicitação de Rosa, lhe dizendo que ela tinha acusações graves que
pretendia levar ao Soberano das Trevas.
O marquês desejou então ouvir o Mentor. O Guia
então de forma serena disse que Rosa Keller foi prisioneira do Castelo de Y e abençoada
pela desencarnação, livrou-se da loucura psíquica em que vivia na terra para
ser aprisionada por comparsas que a vampirizaram continuamente.
O marques perdeu a paciência mas o Mentor lembrou
que estavam ali com lucides e coragem para servir a Jesus Cristo. O marques
pareceu se descontrolar socando o ar.
O mentor concluiu dizendo que Rosa estava sob a
proteção espiritual e que desejava um encontro com o Marques para
esclarecimentos. O marques fez várias
perguntas, achando petulante o convite para ele ir visita-la, mesmo depois de
Anacleto esclarecer que Rosa, por estar em tratamento, não poderia procurá-lo.
O marquês ameaçou impedir a saída do grupo, mas
serenamente Anacleto explicou que se ali permanecessem, iniciariam um processo
de conversão daqueles espíritos e que poderiam apelar para proteção divina, já
que ali estavam não por afinidade.
Anacleto em conversa com o marques demonstrou
conhecer a sua vida na terra, usando de sinceridade, porém logo retornou ao
tema central da visita e o marques concordou com o encontro no dia seguinte as
2h da manhã.
O grupo se retirou sendo escoltado por dois
servidores do marquês e logo estavam de volta ao centro de atividades, onde
fizeram uma oração de agradecimento.
Ao terminar a oração, o grupo estava em lágrimas
de emoção. A tarefa que se iniciara tinha perspectivas muito felizes de sucesso
futuro.
O amanhecer trouxe bonita paisagem possibilitando
pela contemplação de sua beleza, reflexões em torno do amor de Nosso Pai e Sua
Sabedoria.
Resumo elaborado por Ana Cecília Santos. Favor manter os créditos.
13.DECISÕES FELIZES
A cabeça de Miranda fervilhava de interrogações.
A visita a cidade perdida transcorrera com muita tranquilidade.
O contato com o Marques o deixara com diversas
questões que necessitavam de respostas, principalmente no que dizia a respeito
de não terrem sido detectado pelos os seguidores do Marques, que se
encarregavam pela segurança do local.
Por outro lado, a informação sobre Rosa Keller o
tinha deixado chocado, desarmando-o e mostrando-lhe a fragilidade em que se
refugiava.
A sabedoria do condutor espiritual, que havia
tomado providencias preventivas, evitaram qualquer cometimento inesperado,
inclusive, foram acompanhados de cães que amedrontavam as estranhas personagens
que, ao defrontá-los, não ocultavam o receio que se lhes estampava nas faces
deformadas.
O domingo amanhecera ensolarado. O grupo
desfizera-se. Alguns retornaram a seus compromissos enquanto Dilermano, Miranda
e o Benfeitor permaneceram.
A catedral estava repleta de fies. Alguns estavam
ali sem qualquer vínculo com o culto religioso. Tratava-se apenas de uma
convivência social, onde a exibição da aparência física tinha mais importância.
Para outros, era um lugar para comunga com Deus.
A homilia lida pela Sua Eminencia advertia os
fies sobre o comportamento aberrante, às extravagancias dos séculos, aos
tormentos e facilidades da luxuria.
Miranda constatou que providencias espirituais
haviam sido tomadas nos diversos segmentos religiosos, chamando a atenção dos
fieis para os valores morais e cristãos, na preservação do matrimonio, da
família e dos grupos sociais, a fim de evitarem comportamentos primitivos e
perversos.
Os ensinamentos de Jesus eram enfatizados pela
Sua Eminencia, advertindo os ouvintes sobre a responsabilidade dos pais e
educadores na formação da consciência humana desde os seus primórdios, na
infância e na juventude.
O que estava sendo proposto era perfeitamente
compatível com o trabalho que estava sendo realizado na esfera espiritual.
Libertar a criatura humana da servidão dos desejos nefastos e selvagens era o
objetivo, tanto na esfera física como na espiritual.
Após a leitura da homilia, foi lido o versículo
33, do Capitulo VI, do Evangelho de São Mateus: "Mas buscai primeiro o reino
de Deus e Sua justiça, e tudo vos será acrescentado".
Em seguida, Sua Eminencia, exortou os ouvintes a
mudança de comportamento, em relação a Deus, a si mesmos e à convivência com o
seu próximo, fazendo um paralelo entre o que se pode, mas não é licito
realizar. Essa tomada de consciência leva o indivíduo relutante entre os valores
do mundo e os de Deus, a eleger primeiro aqueles que conduzem ao reino dos
Céus.
Foi evidenciado a necessidade da renúncia ao
secundário - o mundo físico - ante o primordial - o mundo espiritual, optando
assim, pelas questões superiores do Espirito imortal na busca da sua plenitude.
Alguns sinceros ouvintes estavam emocionados ao
final do sermão.
Terminado o ato litúrgico, o bispo se dirigiu a
Sacristia para a entrevista com o casal, que não ocultava a ansiedade e
angustia.
O Sr. Renato, esposo de D. Eutimia foi quem deu
início a narrativa, esclarecendo que
ninguém melhor do que a autoridade eclesiástica para o orientar o comportamento
desejável naquele momento grave.
Bom ouvinte, o bispo tinha o cenho carregado,
demonstrando preocupação, enquanto preservava a atenção alerta.
Dr. Eutimia, meio constrangida, narrou ao prelado
o fato sem exagero nem omissão. Tal ato a tinha deixado em estado de choque, o
que resultou na expulsão do sacerdote das dependências escolares.
Esclareceu que não presenciara qualquer cena de
sexo explícito, mas implícito, em face das circunstâncias e caracteres com que
se apresentava o padre envolvido pelos desejos libidinosos em relação a
criança. Agradecia a Deus por ter interrompido o ato.
D. Eutímia disse que após um sonho, que acredita
ser a resposta divina, sentiu-se mais calma, apoiando-se na certeza de que
agira corretamente, ao salvar a criança daquela situação.
Sem ocultar seu sofrimento, o bispo disse ao
casal que o padre Mauro já o tinha procurado, marcado por sincero arrependimento,
tentando reparar, através da confissão o seu comportamento criminoso, que fora
providencialmente interrompido pela diretora. Reconhecia sua culpa e não sabia
explicar por que fora vítima de tão penoso processo de loucura. O bispo evitou
comentar as aberrações confessadas pelo seu discípulo.
O bispo disse que providencias seriam tomadas.
Inicialmente Mauro seria encaminhado a uma clínica psiquiátrica, mantida pela
igreja. E, após o tratamento, o sacerdote receberia a punição canônica,
conforme a gravidade do delito prevista no Direto, e o mal não mais se
repetiria.
O infeliz incidente não deveria ser comentado e
assim, se evitaria desnecessário escândalo. Durante o tratamento, a explicação
para ausência do sacerdote seria de que ele se encontrava enfermo e tinha
viajado para tratamento de sua saúde fora da cidade.
O bispo agradeceu ao casal pela sua excelente
cooperação e abençou-os.
De sua parte, desejava evitar que fosse percebido
o seu constrangimento e decepção, pois que Mauro era-lhe muito estimado.
Reconhecia que o sexo constituía terrível aguilhão cravado na alma de todos os
seres. Somente através da oração, de sacrifícios e renuncias, abnegação e fé na
Providência Divina poderia encontrar a serenidade e o equilíbrio para lidar com
a questão sexual. Ele mesmo tivera que vencer diversas etapas na superação dos
impulsos sexuais. E foi através do amor ao próximo e dos serviços religiosos
que conseguiu, com a benção do tempo e os exercícios espirituais,
tranquilizar-se.
O casal saiu reconfortado, por terem tomadas as
melhores atitudes que o caso pedia e por saberem das medidas preventivas e
punitivas tomadas, sem negar a Mauro a oportunidade da regeneração.
Eram comportamento sábios, já que não se pode
destruir o infrator e nem inutilizar o criminoso, e sim, auxilia-lo a
libertar-se do crime e redimir-se perante a sociedade.
O bispo optou por não evidenciar o mal, que em
nada ajudaria a sociedade.
Delineou um programa operacional especifico e
começou a agir, sem comunicar a outras autoridades eclesiásticas ou ao poder
civil, com a intenção de proporcionar ao infeliz a reabilitação.
O bispo receou que o drama tomasse outro curso,
porém, preferiu correr o risco, confiante no esforço sincero do paciente e no
tratamento. Ele próprio buscaria a melhor clínica e lhe daria assistência
pessoal, para que Mauro não enveredasse pela loucura ou viesse a cometer o
crime do suicídio.
Se não fosse a ajuda Divina, Mauro teria se
suicidado, conforme fora induzido pelos seus inimigos espirituais.
Outras providencias ficariam para o dia seguinte.
Resumo elaborado por Francisca Passos. Favor manter os créditos.
14. VISITA
OPORTUNA
Na
volta do palácio episcopal, Miranda aproveitou para perguntar ao Guia se os
cuidados tomados na visita à cidade perversa não foram exagerados, visto que a
incursão foi muito fácil.
O
guia explicou que para lidar com a indignidade, imoralidade, violência e
crueldade nenhuma precaução é inútil, pois surpresas e enfrentamentos difíceis
podem surgir. Destacou ainda que a presença da mentora trouxe bênçãos ao grupo
pois o envolveu em vibrações defensivas.
Miranda
o indagou acerca da ligação entre Mauro e o marques e ele explicou que o marques
frequentava a mansão da Madame X, residência da luxúria e corrupção que
abrigava numeroso cortejo de doentes do sexo em harmoniosa sintonia com
desencarnados alucinados.
Por
sugestão do marques de Sade, Madame X transformou o porão da mansão em várias
celas onde atrocidades sadomasoquistas eram protagonista de espetáculos de
horror, que quando não implicavam em morte, resultavam em doenças mentais aos
poucos aflitos que dali escapavam.
A
Polícia mais de uma vez tentou deter Madame X, sem sucesso, visto a influência
de seus clientes que não tardavam em protegê-la.
Com
a decadência do império napoleônico, Madame X caiu em desgraça e terminou seus
dias na obscuridade e solidão.
Independentemente
de ter ou não mudado de comportamento na velhice, como alega seus biógrafos, o
marques de Sade, após desencarnar, foi conduzido a cidade preserva, dando curso
as suas alucinações e recebendo logo depois a Madame X.
Em
resposta a Dilermando, o instrutor explicou que Mauro é a quarta reencarnação
após a vivência como Madame X. Foi mulher duas vezes na França, com
deformidades físicas e sendo vítima de estupros de mendigos e ciganos. A culpa
foi menor na segunda reencarnação, onde viveu na mesma localidade da anterior.
No
Brasil viveu como homem atormentado e voltou como Mauro ligado a religião
dominante, a que se dedicara em passado não muito distante. Sobre a mãezinha, o amigo disse a Dilermando
que ela o acompanha desde os tempos de São Francisco de Assis, quando Mauro,
homem italiano de destaque desejou sinceramente segui-lo. Protelou a decisão, e
só se juntou a ordem franciscana após a desencarnação de seu fundador, que
resultou em graves enganos na condução da ordem. O espírito de Mauro derrapou
na ambição. Desde ali, sua mãezinha, espírito vinculado à irmã Clara vem
lutando por sua libertação.
Miranda
se comoveu com a explicação, sentia repugnância e dor ao imaginar os inúmeros
irmãos encarnados na Terra que são oriundos da cidade perversa e até hoje lá
buscam inspiração durante o sono, mas seu sentimento transformou-se em ternura
e alegria ante o exemplo da perseverança e amor da mãe de Mauro. Ela
personificava o argumento contra o dogma tradicional do inferno. “Aquela mãe, que
vivia o céu interior, nãos e permitia plenitude enquanto não arrancasse o filho
amado do seu inferno de paixões internas, a fim de rumarem ambos de mãos dadas
para o Paraíso, onde o trabalho e a misericórdia, são o cotidiano de todos.”
De
volta ao centro espírita, instituição sempre movimentada pelos deveres de
caridade e intercambio fraterno entre os dois planos da vida, Miranda
encontra-se a porta da sala de atividades mediúnicas, onde também ocorria
atendimentos cirúrgicos no períspirito e percebeu o diálogo de Anacleto com
alguns mentores. Sua sabedoria e
dedicação inspirava respeito de todos.
O
grupo recebeu a visita de Bezerra de Menezes, enchendo a todos de alegria. O
nobre doutor, cientificado pela madre Clara de Jesus, pareceu se desculpar por não
informar antes da sua visita, esclarecendo que decidiu participar do trabalho
programado em relação ao marques e o fez, de acordo com o que declarou, para
aprender sempre mais.
Bezerra
disse que “O sexo, na Terra, ainda é instrumento de alucinação, quando deveria
ser abençoado mecanismo de vida,..”
“...não
pouco indivíduos encarceram-se no gozo....abrindo espaços para as ações
criminosas do aborto delituoso e da separação dilaceradora dos sentimentos.”
O
Instrutor solicitou cooperação de Bezerra que se prontificou a fazer breve
dissertação a respeito do sexo e da obsessão. Comovidos e atentos sentaram-se
para ouvi-lo envoltos em dúlcidas vibrações.
Resumo elaborado por Ana Cecília Santos. Favor manter os créditos.
15. SEXO E OBSESSÃO
Dr. Bezerra, muito lúcido,
concentrou-se e começou a irradiar claridade de várias tonalidades produzindo
enorme emoção nos presentes.
Convocou os participantes a reflexões
profundas e significativas sobre o sexo:
·
É departamento importante do aparelho
genésico com finalidade específica para a procriação.
·
É responsável pela reprodução dos seres
vivos, constitui extraordinário investimento da vida, que o vem aperfeiçoando
através de milênios, a fim de o transformar em feixe de elevadas emoções que
exaltam a Criação.
·
Compreendido nos objetivos para os
quais foi elaborado transforma-se em fonte geradora de felicidade, emulado ao
amor e à ternura, através da vitalidade e bem estar.
·
Quando mal utilizado faz-se sórdido.
·
Acionado pelo instinto, manifesta-se
automaticamente por meio de impulsos que induzem à coabitação para o ‘milagre’
da criação de novas formas de vida.
·
É responsável pelo invólucro material,
nosso corpo, instrumento de progresso espiritual, no planeta material.
·
As energias sexuais possuem
características próprias em cada fase do processo evolutivo, nos humanos
alcança seu estágio mais elevado, porque está vinculado as emoções.
·
Essa energia é responsável pelos
grandes envolvimentos na arte, na beleza, na fé, no conhecimento cientifico e
filosófico, ainda não conhecemos todo o seu potência.
“Em razão das explosões iniciais dos impulsos mais
animalizados, em governando a sociedade humana através dos tempos,
constituindo-se instrumento de crimes hediondos e de guerras lancinantes,
destrutivas, gerando consequências imprevistas para a sociedade de todas as
épocas.”
Bezerra diz que homens e mulheres, de destaque na História,
utilizaram o sexo para fins desprezíveis, obedecendo as paixões primitivas e
dominantes. Porém, outros utilizaram essa energia sexual para produção de obras
de incomparável beleza, onde a renúncia e a abnegação, o sacrifício e o
holocausto foram as únicas opções para dignifica-lo.
É o pensamento materialista que faz com que a criatura se
entregue as ilusões transitórias, onde as paixões, transitam nas existências em
sofrimentos dilaceradores. Mas quando se vivencia o sofrimento com resignação,
ocorrem estímulos para o crescimento íntimo e para a conquista da plenitude.
“É incontestável a ação do sexo no comportamento da criatura
humana, merecendo estudos cuidadosos e enobrecedores, a fim de ser avaliado no
grau e significado que possui.”
A energia é tão grande que vai além do corpo físico, e se
imprime nos tecidos sutis do períspirito, gerando caos emocional. É necessário
muito cuidado, porque a fixação dessas sensações acompanha o espírito na
erraticidade.
“É, nessa fase, nesse terrível transtorno, que surgem as
auto obsessões, as obsessões que são impostas às criaturas terrenas que
estagiam na mesma faixa de desejos ou entre os desencarnados do mesmo nível
vibratório.”
“Reunidos em grupos afins, as suas exteriorizações morbíficas
eliminam energias de baixa qualidade, que se convertem em elemento construtor
de regiões infelizes onde enxameiam em convulsões penosas e retêm aqueles que
se lhes fazem vítimas, demorando-se por tempo indeterminado até que a exaustão
dos sentidos e o tédio os induzam a mudanças de atitude, permitindo-se a ajuda
do Amor que os libertará.”
Bezerra nos diz que o amor estimula a coragem, propicia bom
ânimo, o desejo de lutar e evoluir, modificando a estrutura do homem e a
condição da humanidade, transformando-se para melhor.
“O amor é o mais vigoroso instrumento de incitação para os
logros que parecem impossíveis de serem conquistados. Ele se manifesta através
de mil faces, expressando-se em todas as aspirações do enternecimento, da
comunhão afetiva, da fusão dos sentimentos, que seriam o êxtase da plenitude do
sexo no seu sentido mais elevado e puro.”
O Mentor esclarece que a potencialidade das energias sexuais
da alma são enormes, porém mal utilizadas, pois falta aos homens o ideal de
enobrecimento.
“Como mecanismo de fuga dos compromissos de luta e de
renovação, milhões de criaturas estúrdias e ansiosas atiram-se aos
resvaladouros das paixões sexuais, procurando, no prazer imediato e relaxante,
o que não conseguem através dos esforços renovadores do amor sem jaça e do bem
sem retribuição. Eis por que, a obsessão do sexo, decorrente do seu uso e
sempre exigente de mais prazer, apresenta-se dominadora na sociedade terrestre
dos nossos dias.”
Bezerra alerta que cada vez mais jovens e crianças, vendo o
sexo sendo vendido naturalmente nos veículos de comunicação, são arrastados
para a depravação. A situação se torna mais grave a cada dia, com a
massificação da vulgaridade, a reeducação e a preservação da saúde emocional,
psíquica e moral da criatura humana é cada vez mais difícil.
Os Espíritos viciosos e dependentes desses fluidos
degenerativos, das sensações perversas, sincronizam suas mentes nos
comportamentos dessas criaturas invigilantes; a cada reencarnação a saúde
sexual dessas criaturas piora, pois se comprometeram com o uso devido das
energias sexuais e desviam-se na primeira oportunidade, em busca do prazer
momentâneo.
Por causa dessas viciações, serão vítimas de si mesmos,
porque a Lei e Causa e Efeito, o chama para a prestação de contas.
Bezerra expressava dor e compaixão em sua fala...
“Destituído de equipamentos sexuais, o Espírito é neutro na
forma da expressão genésica, possuindo ambas as polaridades em que o sexo se
expressa, necessitando, através da reencarnação, de experiência uma ou outra
manifestação, a fim de desenvolver sentimentos que são compatíveis com os
hormônios que produzem. Em face dos processos evolutivos, muitos Espíritos
transitam na condição homossexual, o que não lhes permite comportamentos
viciosos, estando previsto para o futuro, um número tão expressivo que chamará
a atenção dos psicólogos, sociólogos, pedagogos que deverão investir melhores e
mais amplos estudos em torno dos hábitos humanos e da sua conduta sexual.”
“Jamais, porém, se deve esquecer que o sexo, como qualquer
outro órgão que constitui o corpo, foi elaborado para a vida e não esta para
aquele. Respeitar-lhe a função, utilizar-se dela com a dignidade e elevação,
reflexionar em torno dos objetivos da vida, fazem parte do compromisso para com
a existência, sem o que são programados dores e conflitos muito graves durante
o trânsito das reencarnações.”
O abuso na conduta sexual constitui grave desrespeito às
Leis Divinas, e o resgate se torna difícil e de longo prazo.
Bezerra anuncia que naquela noite, receberão um dos
Espíritos mais infelizes que responde pela inspiração da onda de loucura e
insensatez nas vivências sexuais. Apresentou a sociedade do seu tempo
aberrações monstruosas geradas por sua mente doentia... era o Marques de Sade.
“Ante a situação deplorável em que muitos estorcegam nas
apertadas malhas dos vícios sexuais e daqueles outros que acompanham, tais o
alcoolismo, o tabagismo, a toxicodependência, a banalização dos valores éticos
e da vida, a Lei de destruição, conforme assevera Allan Kardec, em O Livro dos
Espíritos (728 a733) exercerá a função, destruindo para renovar, isto é,
chamando ao sofrimento e aos desastres coletivos, às aflições chocantes, às
lutas ensandecidas, aos trágicos acontecimentos, para que, por fim, os Espíritos
rebeldes despertem para a realidade, para o significado da existência terrena,
para os objetivos que tem pela frente, utilizando-se do corpo, do sexo, mas não
vivendo apenas e exclusivamente deles ou para eles. Esse abuso resultante da
utilização descabida responde pela loucura generalizada que a vida se
encarregará de eliminar.”
A dor trabalha no ser humano, através desse burilamento se
renovará moralmente, sendo conduzido novamente a estrada reta para a auto
iluminação e o crescimento em direção do Pai.
As forças sexuais da alma serão utilizadas como energias
construtivas, pelos desejos elevados, do belo, do útil, do nobre e do feliz.
Mas, até chegar nesse ponto, as criaturas ainda passarão por séculos de dor e
provação.
Bezerra estava emocionado e estava próximo da chegada do
Marques...
Começaram os preparativos para aquele encontro, os que
vieram ouvir Bezerra, mas não eram partícipes do trabalho, saíram, ficaram
apenas a equipe de obreiros daquela tarefa específica: Dr. Bezerra, Madre
Clara, dois assessores, D. Martina, Padre Mauro e o médium Ricardo- ambos
desdobrados, e uma Entidade assinalada pelo horror, com terríveis deformações
perispirituais, fora acolhida em leito especial. Tratava-se de Rosa Keller, em
profunda hibernação de forma dolorosa, gerando constrangimento e compaixão.
Estavam também um grupo de enfermeiros; trouxeram, também,
um aparelho que irradiava suave claridade, que poderia ser utilizado se o
Marques e seus asseclas não se comportassem adequadamente.
Madre Clara convida todos a prece silenciosa, para se
prepararem para a tarefa.
Resumo elaborado por Maria Fernanda Ribeiro. Favor manter os créditos.
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