Reunião: 25/04/2018
28. TRABALHOS DE RECUPERAÇÃO
Dr. Bezerra acercou-se novamente de Ricardo, e elucidou:
-“Quando planejaste o renascimento, na
condição de filho da nossa Julinda, pensavas no desforço... naturalmente, que
ela assimilava o teu pensamento e temia, preferindo um crime à oportunidade de
padecer-te a ira, sem dar conta de que a vida, na sua indestrutibilidade, muda
as cenas e as personagens de situação, sem que se modifique a realidade de cada
qual. Somente quando se ama é que se altera em profundidade a paisagem do
existir, porquanto o ódio apenas piora o quadro emocional, sem que se
transforme o panorama interior da criatura. Este é qual incêndio que combure
sem destruir... não te apercebias de que os fatos não sucedem ao capricho de
cada um, à desordem. O teu renascimento está previsto pelos Mensageiros que
fomentam o progresso humano, não sendo, portanto, uma exigência caprichosa e
infeliz de tua parte, tanto quanto a leviandade, que a conduziu ao aborto
criminoso, não ocorreu sem que ela incidisse em novo, grave delito...
Agora,
sofrida e necessitada, dispõem-se ao resgate e será a Lei Divina que disporá
dos processos e mecanismos reparadores de que ela precisa, sem a tua ingerência
perniciosa. Cabe-te o dever de auxilia-la, desde que também deves crescer,
liberando-te da situação torpe em que te reténs, há demorado tempo. Não olvides
que o ódio é o amor enfermo e que a vingança é a loucura do amor... cura o
desequilíbrio, mediante o pensamento da felicidade que necessitas fruir,
marchando para um futuro de bênçãos, ao invés de avançares para uma colheita de
acúleos e dissabores.
Feriando-a,
maltratarás Roberto, que a ti nada fez de mal, portanto, enleado no mecanismo
do amor, desejando a paternidade sem excogitar das lagrimas e amarguras que
venha a experimentar. Será lícito retribuir-lhe o sadio ministério com a
bordoada da ingratidão e o veneno destruidor da maldade?
Dona
Angélica, por sua vez, que te padeceu a sanha perseguidora, perdoando-te,
abre-te os braços acolhedores e afetuosos... será justo feri-la, por desejar-te
a redenção? Diante dela, onde a tua inocência? Sob a sua custódia em que te
sentes isento de culpa? Ela poderia ter resvalado na mesma condição de
Manuel... porém, perdoou-te.
Observa
o nosso infeliz irmão, que caiu por culpa própria, no entanto, foi empurrado
pelas tuas mãos. Se, por acaso, perseveras nos propósitos animosos e cruéis,
poderás evadir-te das consequências que terminam por alcançar os dilapidadores
dos bens da Vida? Considera os dois caminhos que se te desdobram à frente? Não
há violência no Senhor. A opção, desse modo, é tua. Renunciar a paixão asselvajada
para conquistar a emoção libertadora é programa para todos nós, queiramos ou
não, porque a nossa é a fatalidade do bem, concedendo-nos a vitória sobre nós
próprios.
Não
esperes, porém, um roteiro de flores e alegrias, afinal o maior devedor és tu,
sem que, todavia, te desejemos julgar os atos passados. Como estamos no trânsito
das conquistas humanas para as futuras aquisições angélicas, é nos é lícito
examinar os acontecimentos e logicar com eles. Além disso não podemos esquecer
de Manuel, duas vezes seguidas vitimado pelas circunstancias que te envolvem.
Ele tem urgente necessidade de renascer, quiçá, mais imediata do que tu...virá
ao corpo, mais tarde, assinalado por graves limitações orgânicas,
solicitando-te apoio, amparo e compreensão, no que participará a mãezinha que,
desse modo, se recuperará do mal que te fez, sofrendo por amor ao filhinho,
frágil e dependente, motivo da indiferença de uns e do constrangimento de
outros, para ela assim mesmo, um tesouro...”
Para
permitir que Ricardo melhor assimilasse o que o Benfeitor acabara de expor, foi
feita uma oportuna pausa e, logo depois, houve o prosseguimento: - A antiga Lei
de Talião, aquela do “olho por olho dente por dente”, foi substituída pelo amor
que cobre uma multidão de pecados, com que Jesus nos concede a ventura, através
da vitória sobre o mal pela ação contínua do bem. Quando agimos mal, também
somos prejudicados pelo mal que fizemos. Mais a frente veremos dona Angélica e
Roberto envolvidos no programa destes sofrimentos. O amor deles os ajudará para
que menores sejam as suas dores, equilibrando diferenças antigas.
Ricardo
despertava para outra realidade, com novas reflexões. Os envolvidos no drama
encontravam-se com feridas profundas no sentimento doentio, tornando demoradas
a cura e a cicatrização.
Através
de um sutil sinal do Mentor, o irmão Genésio passou a aplicar passes nos
centros coronário e cerebral de Manuel Alfredo ‘incorporado’ em Jonas que o
beneficiou amplamente modificando-lhe o aspecto e a agitação incontrolada,
diminuindo, ao mesmo tempo, a ferocidade acumulada, bem como das induções
negativas de que ele fora vítima durante anos, por isso que a vida resulta de
um ato de amor do nosso Pai.
Dispersadas
as energias perniciosas do sofredor, surgiu um fio negro de substancia pegajosa
acompanhado de um odor desagradável. Enquanto a entidade gemia doloridamente, o
técnico em passes permanecia inatingido pelas irradiações negativas, porque
encontrava-se em profunda concentração.
As
forças deletérias absorvidas, explicou Bezerra a meia voz, impregnaram-lhe os
centros perispirituais tão profundamente que se condensaram impondo-lhe a
compleição simiesca, na sucessão do tempo. As ideias pessimistas e deprimentes
gerando nele mesmo a forma – pensamento que lhe era imposta pela hipnose de
outros companheiros empedernidos no mal e impenitentes, atuaram no corpo de
plasma biológico, encarregando-se de submete-lo à situação em que se encontra.
“Atuando-se
em sentido oposto, através de movimentos contrários, rítmicos, circulares, da
direita para a esquerda, sob comando mental bem dirigido, pode-se extrair as
fixações que se condensam, liberando o paciente da poderosa constrição que o
submete.
Mesmo
nesse caso, estamos diante de uma forma de obsessão por subjugação deformadora.
Os fenômenos de licantropia, zoantropia e monoideísmos diversos produzem a degenerescência
da harmonia molecular do perispírito, que aprisiona a vítima a mentes mais
poderosas, conhecedoras do mecanismo da evolução embora profundamente
vinculadas ao mal. Sucede que as inteligências cultivadas, que se esquecem de
Deus e do amor, simbolizadas na figuração do anjo caído, se ensoberbecem e
pensam poder atuar na condição de pequenos deuses.
Tornam-se
entidades infinitamente infelizes, que pululam nas regiões inferiores do
planeta, atribuindo-se o controle de muitas vidas, que delas, infelizmente,
necessitam, assenhoreando-se-lhes da condução mental e interferindo no seu
comportamento.
São
de transitório poder, certamente, mas, por enquanto, de resultado muito
prejudiciais à economia moral- espiritual do homem e do planeta.”
Calou
o Amigo enquanto observávamos.
O
corpo do médium tomou a posição normal na cadeira, enquanto a face da entidade
experimentava uma sutil remodelação.
Estávamos
diante de uma recuperação. A cirurgia psíquica era feita naquele caso, no perispírito
alterado, servindo de molde refazente o psicossoma do médium encarnado, em
transe, por desdobramento parcial do corpo.
Quando
o irmão Genésio terminou a tarefa, era visível a melhora do comunicante
espiritual. O Mentor falou-lhe:
Recorda
agora o amor, inclina-te para o amor e desatrelarás a mente sofrida das cadeias
do sofrimento que te oprime. Recorda-te de Joana, da sua ternura, da ama e
protetora que a acolheu no desequilíbrio mental e deixa-te dulcificar por estas
evocações.
“A
benfeitora da tua esposa receber-te-á como filho, ao lado do teu adversário que
te protegerá, impedindo ambos que novos sofrimentos desabem sobre ti. Esquece o
mal. Desliga a tomada da corrente do ódio e pensa na energia da gratidão.”
Percebendo
as indagações mudas do sofredor impossibilitado de falar, pelas razões obvias,
Bezerra esclarece:
“A
nossa Joana aqui está conosco. Ser-te-á avó desvelada. Nos últimos anos do
corpo cuidará de ti, acompanhando e estimulando o teu crescimento para Deus. A
reencarnação sublima os laços do afeto, ampliando a dimensão do amor, que deixa
de ser a escravidão pelo desejo, a fim de transformar-se na libertação pela
felicidade.”
O
irmão Juvêncio compreendeu que chegava o momento de conduzir a Angélica para
próximo de Manuel Alfredo.
A
gentil senhora, embora não compreendendo tudo o que acontecia ao seu redor,
aproximou-se sob a ação mental do esposo e do Benfeitor e abraçou o antigo
marido ‘incorporado em Jonas’ e ambos choraram copiosamente; assim ela
contribuiu para auxilia-lo na próxima recuperação.
Posteriormente
o Benfeitor alertou que o Espírito seria submetido a um tratamento adequado para
a recomposição das suas faculdades para ativar o seu crescimento para Jesus e,
quando da sua reencarnação, estaria apoiando-o desde o plano espiritual de
quando em quando. Após as preleções, recomendou-lhe dormir e sonhar com o
futuro. Em seguida, providenciaram o desligamento do médium.
Dr.
Bezerra deu ainda algumas instruções finais aos cooperadores:
Antes,
porém, de serem reconduzidos, Julinda ao hospital por Dr. Figueiredo, e os
demais participantes encarnados, aos lares pelos demais cooperadores.
“Nossa
irmã obsessa experimentara em breves dias uma grande melhora, podendo ser
retirada do Frenocômio e levada para o lar, onde serão providenciados recursos
para o seu reequilíbrio total.
O
futuro abençoara os labores desta madrugada.”
Os
irmãos Juvêncio, Angélica e Roberto, comovidos, olhavam o abençoado Dr Bezerra
com a gratidão que as palavras não podiam exteriorizar, masque alcançavam o
coração magnânimo do nobre servidor de Jesus.
Oremos,
encerrando nossas atividades, recomendou-nos.
No
silêncio e na paz do ambiente inundado de vibrações superiores ouvimo-lo dizer:
“Senhor
Jesus
Neste
dia que amanhece em oportunidade nova, nós Te louvamos pela dádiva de amor que
ele significa.
Abençoando
a nossa tentativa de serviço edificante, ele representa o Teu amor
clarificando-nos as horas.
Vitória
perpétua a luz contra a treva é o símbolo do triunfo do bem sobre o mal
transitório que se encontra no mundo em transformação.
Sob
Tuas concessões altera-se a paisagem terrena e o trabalho desdobra as ações positivas
para o engrandecimento da vida.
Ajuda-nos
a valorizar o milagre das suas horas, no que podemos fazer a benefício próprio
e do nosso semelhante, enriquecendo-nos de amor e coragem para a realização
dignificante.
Confirma
com a Tua autoridade superior as nossas disposições de crescimento e ampara-nos
sempre, porquanto, sem Ti, jamais lograremos superar as paixões que nos
escravizam, impedindo-nos a felicidade a que nos destinas.
Senhor,
despede-nos em paz!”
Em
clima de elevação, o trabalho foi concluído.
Resumo elaborado por Adilson Pereira. Favor manter os créditos.
Resumo elaborado por Adilson Pereira. Favor manter os créditos.
29.MECANISMOS DE
RECUPERAÇÃO
A senhora Angélica despertou sob forte
impressão, recordando-se que havia sonhado com Juvêncio, Dr. Bezerra e a filha.
Ela telefonou a Roberto que também recordou parcialmente do “sonho” envolvendo a sogra, a esposa e um médico.
Combinaram de jantar para falar do assunto.
D. Angélica telefonou para
Cibele, sua amiga espírita que lhe falou sobre Bezerra de Menezes. Graças a
essa amizade, D. Angélica, embora católica, passou a suplicar a intercessão do
apóstolo da caridade do Brasil, para auxílio de Julinda.
Cibele recebeu a notícia do
“sonho” com muita emoção e alegria, explicando a sua amiga o sucesso de suas
preces, a ajuda real alcançada e o fato de tudo ter acontecido em desdobramento
na sede da sociedade frequentada por ela. Cibele lhe contou que no dia anterior
a casa se dedicou a trabalhos mediúnicos. Dona Angélica tinha agora a certeza,
pois Cibele era pessoa de bem e de moral suficiente para inspirar confiança. Cibele
já havia falado com sutileza sobre a doença de Julinda e a possibilidade de
obsessão.
D. Angélica agradeceu a
bondade da amiga e assumiu o compromisso de conhecer melhor o espiritismo.
A noite Roberto e sua
sogra conversaram mais detalhadamente sobre o “sonho”. Roberto se lembrava da
menção a um aborto provocado por sua esposa, da promessa de paternidade futura
e da criatura animalesca indicada para ser seu filho. Os dois marcaram uma
visita a Julinda.
No apartamento de Julinda,
Dr. Figueiredo recebeu o grupo. A paciente estava lúcida, calma porém
melancólica, dado o arrependimento pelo aborto. Ela pensava em ser mãe quando
saísse dali. A separação de Ricardo e a interferência dos amigos espirituais
fizeram bem a paciente, que surpreendeu a enfermeira, aceitando comer.
Juvêncio estava
encarregado de evitar a influencia de Elvídio e seus comparsas. Aplicava passes
em Julinda para dispersar as cargas mentais viciadas que ela ainda produzia em
sua depressão.
A enfermeira dedicada
estava tão entusiasmada com a melhora que chamou o médico. Dr. Alberto, estudioso
sincero da Psiquiatria, havia se comprometido no plano espiritual com a tarefa
de fazer uma ponte entre a ciência clássica e as manifestações paranormais,
entre as quais a mediunidade. No momento o jovem se dedicava a Psicocêntria da
escola americana e já havia lido Trinta anos entre os mortos de Dr. Karl Wickland.
Dr. Adalberto conversou
com Julinda e viu em sua tristeza um sinal de recuperação, fato que o fez
diminuir a dose dos remédios e recomendar a enfermeira passear com a paciente
no dia seguinte. Julinda pediu a presença da mãe e do esposo e Dr. Adalberto
prometeu providenciar.
Para melhorar a psicosfera
do apartamento, ainda desagradável, Bezerra orou e após explicou que:
“-
Em toda gênese da loucura há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos
cranianos às manifestações mais variadas, o paciente, por encontrar-se incurso
na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença
negativa dos seus adversários espirituais, que lhe pioram o quadro...”
“Nas
obsessões, todavia, o descontrole da aparelhagem mental advém como consequência
da demorada ação do agente perturbador, cuja interferência psíquica no
hospedeiro termina por produzir danos, reparáveis, a princípio, e difíceis de
recomposição, ao longo do tempo.”
“Processos
obsessivos existem, como na possessão, em que o enfermo passa a sofrer a
intercorrência da loucura conforme os estudos clássicos da Psiquiatria.”
Após a explanação, o
mentor movimentou energias, dissolvendo as cargas negativas residuais no
ambiente e Juvêncio comunicou aos dois vigilantes de Elvídio que o Bem estava
no comando. As entidades se afastaram para reportarem-se ao chefe que
imediatamente se fez presente com sua caravana perturbadora.
Bezerra os recebeu com
doçura, sem ressentimento ou temor e afirmou que Ricardo se afastara para
recuperar-se moralmente. A irradiação serena de Bezerra irritou Elvídio que se
retirou. Dr. Figueiredo destacou dois auxiliares desencarnados para cooperarem
com Juvêncio na guarda de Julinda.
Nos trabalhos
desobsessivos, os cooperadores devem estar cientes dos esforços no plano
espiritual e manterem-se em boa sintonia com os amigos espirituais, com
atitudes coerentes com suas tarefas, em prece e vibração de amor fraterno,
tanto para com os obsediados, quanto para com os obsessores. Só assim podem cooperar
com a modificação da paisagem psicofísica.
A oração em grupo de
criaturas afeiçoadas ao bem, resulta nos mais expressivos efeitos de
assistência mediúnica , produzindo emissões de luz que atingem o fulcro1 a
que se dirigem, fortalecendo o dínamo2 gerador que as disparam.
“Afirmava Tiago, na sua
epístola universal, conforme capítulo V, versículo 16:
“Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma
justa muito pode em seus efeitos.”
1 fulcro = essência, âmago,
fundamento, princípio
2
dínamo = gerador de energia. Trata-se de um aparelho capaz de
transformar energia mecânica em energia elétrica por meio do processo de
indução eletromagnética.
Resumo elaborado por Ana Cecília Santos. Favor manter os créditos.
Resumo elaborado por Francisca Passos. Favor manter os créditos.
Resumo elaborado por Ana Cecília Santos. Favor manter os créditos.
30.REENCONTRO FELIZ
Dr. Alberto liberou Julinda para
receber a visita dos seus familiares. Agora em fase de renovação mental, ela já
não sofria os efeitos da presença psíquica de Ricardo e da psicosfera mantida
por Elvídio.
Dr. Bezerra convidou o grupo para
participar do reencontro com os familiares, a fim de cooperar com a recuperação
de Julinda.
O reencontro foi sábado, em uma sala
de estar agradável. Ao ver a mãe e Roberto, Julinda, apesar de ainda ter
debilidade orgânica, abraçou-os em lágrimas, comovendo a todos. Ela lamentava
todo o sofrimento que estava passando, porém Roberto a consolou dizendo que
todos estavam unidos na mesma dor e solidários.
O médico que estava presente também
fez um comentário oportuno. Ele disse que a lamentação cria miasmas que
deprimem e intoxica a pessoa, instalando o pessimismo. Ao contrário, os bons
pensamentos melhoram a faixa mental. Por isso, que qualquer religião estimula a
coragem e a confiança, o perdão é a fé, a humildade e a paciência, mantendo o
equilíbrio emocional. Uma boa palavra, dita com entusiasmo, faz o hipotálamo liberar
endorfina, bloqueando a dor. O mau humor causa desconforto interior e desajuste
emocional.
D. Angélica ficou surpresa com os
conhecimentos do doutor e perguntou se ele era religioso. Ele esclareceu que
não, porém durante sua vida acadêmica em psiquiatria, refletia muito sobre Deus
e, concluiu que o sobrenatural não passa de acontecimento explicável numa
mecânica não necessariamente física - "Afinal,
tudo é energia em diferente
estado de apresentação." - " Assim, o pensamento é força que
estrutura e modela formas, interferindo em áreas muito mais amplas da vida.”
Depois dessa agradável conversa, o
médico se retirou para que os familiares aproveitassem a visita.
Dr. Bezerra aproximou-se de Julinda
e aplicou-lhe uma indução mental, fazendo-a recordar algo importante. Então,
ela confessou ao marido e a mãe que havia abortado e que estava arrependida,
desejava o perdão de Deus e dos dois. Apesar de surpresos com a notícia, eles
compreenderam a profundidade daquela confissão.
D. Angélica, inspirada por Juvêncio,
falou que Deus é toda bondade e iria perdoá-la.
Julinda se sentia aliviada por ter
tirado esse peso de sua consciência. E, que estava disposta a ser mãe, mesmo
não sendo totalmente de seu agrado, mas seria uma forma de reabilitar-se. Ela
esclareceu que essa mudança de atitude só ocorreu após o sonho que ela teve. Sua mãe orientou que ela orasse para sentir-se em paz.
Após os familiares irem embora, seu
médico retornou e avisou que em alguns dias ela teria alta.
Nos processos obsessivos, a vitória
depende do próprio doente, após receber ajuda do plano superior, que auxilia no
entendimento e no discernimento das responsabilidades.
Julinda era de temperamento difícil,
e por passar por um processo obsessivo continuo, adaptou-se à situação, rebelde
derrapando em caprichos e extravagâncias tão inúteis e perniciosas. A
enfermidade lhe proporcionou refletir sobre a importância da saúde e que tinha
a oportunidade de ser feliz.
O encontro espiritual que ela teve
fez mudar a sua escala de valores, permitindo a melhora da sua saúde. Vários
fatores a ajudaram na fluidoterapia proporcionada por D. Bezerra e seu pai,
Juvêncio: o afastamento de Ricardo, com sua ação destruidora, o desejo de
recuperação, o esforço para fugir do remorso através da maternidade, a luta
contra a depressão para retornar ao lar.
Julinda inspirada e amparada,
cooperou, facilitando o socorro que lhe foi administrado. Por isso, que durante
o passe, a disposição do paciente é fundamental para os resultados, já que a má
vontade tem alto teor destrutivo, que flui do interior para o exterior da
pessoa, anulando a energia que fui de fora para dentro.
No dia seguinte, D. Angélica avisou
a sua amiga Cibele do reencontro com a filha. A médium estava confiante, e
pediu se poderia levar até a casa dela, o presidente da casa espírita, Arnaldo.
Á noite, D. Angélica estava um pouco
apreensiva devido aos comentários ácidos e deprimentes que já
tinha ouvido sobre a Doutrina Espírita. Porém, lembrou-se da vida de amor e caridade de Dr. Bezerra, e recuperou a
serenidade.
Arnaldo conquistou os anfitriões com
a serenidade e simpatia que irradiava, dando uma agradável
impressão. Roberto contou sobre o quadro maníaco-depressivo da esposa e a sua
melhora progressiva, e pediu a opinião de Arnaldo.
Desta forma, Arnaldo esclareceu que
para os espíritas todos os problemas têm origem no próprio indivíduo. É o
Espírito, o agente de tudo que o afeta. Evoluindo através de novas
experiências, reparando erros, começando novas tarefas, corrigindo as anteriores,
e armazenando sabedoria, crescendo em amor e conhecimento.
Durante a jornada, muitas vezes
compromete-se com o mal, atraindo animosidades e gerando inimigos,
libertando-se através dos sofrimentos e testemunhos de arrependimento, de amor.
Assim, é que surgem obsessões que decorrem de faltas cometidas pela vítima
atual, em oportunidades outras, que não foram reparadas. A culpa do obsediado
instala uma tomada psíquica que pluga com o seu desafeto, consciente ou
inconscientemente, gerando intercâmbio psíquico entre eles, com o domínio
mental do obsediado pelo obsessor.
No caso em que a falta é muito
grave, a ação do pensamento destrutivo do obsessor causa o desgaste das
estruturas moleculares do periespírito, gerando processos de loucura ou
alucinações, deformidades mentais, limitações psíquicas, distúrbios
fisiológicos, ou seja enfermidades reparadoras das imperfeições.
Assim, que o indivíduo é o
responsável pelo seu destino. Durante o processo evolutivo, seja pelo trabalho
ou pela dor, há sempre interferência de adversários desencarnados, que
dificulta a prova de resgate. Porém, sempre teremos a inspiração dos Bons
Espíritos que nos amparam e auxiliam na nossa ascensão, desde que estejamos em
sintonia com eles, atendendo-lhes os conselhos.
Então, Arnaldo disse a Roberto que
não descartava um processo obsessivo em Julinda. Este perguntou como seria
possível Julinda ter melhorado se ainda não havia recebido tratamento
espiritual.
Arnaldo, inspirado por Dr. Bezerra,
esclareceu que a ação dos Bons Espíritos não ocorre só durante as seções
espíritas. "O amor de Deus não tem
limite e a Sua misericórdia manifesta-se das formas mais variadas, de que esses
Mensageiros da Luz não poucas vezes fazem-se intermediários."
Uma prece verdadeira, um pensamento
piedoso ou o interesse real por uma pessoa, uma atitude socorrista ou um gesto
de bondade atraem a ajuda dos Espíritos Superiores, que nos guiam e aparam.
No caso de Julinda, as orações
sinceras suplicando auxílio, foram respondidas. A ajuda recebida desenvolveu-se além da esfera física,
desembaraçando Julinda das energias viciosas ou libertando-a de uma
interferência obsessiva.
Dona Angélica concordou, pois havia
orado para Jesus e posteriormente para Dr. Bezerra. Durante uma noite no
carnaval, pediu a intermediação de Jesus e sentiu um bem-estar agradável.
Após a oração ela adormeceu e sonhou
com Julinda em uma situação constrangedora, porém acordou serena e confiante. E
tanto ela, Roberto e Cibele tiveram o mesmo sonho naquela noite.
Resumo elaborado por Débora Loures. Favor manter os créditos.
31. RETORNO AO LAR
A fluidoterapia continuava
sendo aplicada em Julinda.
Afastada a causa da perturbação,
a paciente inspirada pelos amigos espirituais, foi modificando a paisagem
mental, adotando comportando de raciocínios mais profundos e positivos.
O tratamento psiquiátrico
contribuía para a harmonização do sistema nervoso, possibilitando que a
paciente recebesse alta após 10 dias.
D. Angélica sugeriu ao
genro que se hospedassem em sua casa a fim de evitar sobrecargas das tarefas
diárias para paciente.
A aparência de Julinda era
agradável, embora sua face ainda apresentasse ligeira contratação, uma espécie
de tique nervoso.
Quarenta dias haviam
transcorridos desde do início do tratamento especializado. A assistência
espiritual, começara com a primeira visita do mentor.
Todos estes cuidados em
ambas as esferas de ação da vida, para ter um efeito duradouro dependia da
própria paciente.
“A presença da
obsessão no homem é síndrome de mediunidade nele presente. A direção moral e a
atividade que se apliquem a essa faculdade responderão, de futuro, pelos
resultados que se incorporarão ao modus
vivendi da pessoa”.
“Regularizado o
problema da obsessão, abrem-se as possibilidades mais amplas para o exercício
das faculdades mediúnicas. Liberado do esquema de dificuldade pessoal, não
implica, de imediato, haver-se resgatado a dívida. Além disso, nasce o dever de
contribuir em favor do próximo envolvido em inquietações semelhantes...”.
Irmão Arnaldo, sugeriu a
Roberto que lesse O Livro dos Espíritos. Roberto deteve-se na Introdução da
Obra, observando os critérios adotados na elaboração do Livro, a gravidade do
assunto...
Chamou-lhe a atenção, o
caráter moral, o conhecimento intelectual, o discernimento e a austeridade de
Kardec diante dos desafios que se apresentaram ao iniciar os trabalhos que
foram superados pela perseverança e paciência.
A medida que se
aprofundava no conteúdo da Obra, mais necessidade tinha de conhecer as mais
variadas questões. Em uma semana defrontou um universo novo, fascinante,
desmitificado, abrindo-lhe o entendimento para a fé raciocinada.
D. Angélica, que tinha
como religião o catolicismo, recebeu da amiga Cibele o livro “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”.
A leitura de conteúdo
cristão, elucidava as palavras de Jesus, cuidando especificamente, do sentido
moral de sua Doutrina.
Esclarecendo através da
reencarnação a Justiça Divina e projetando luz ao entendimento das palavras de
Jesus e Suas Diretrizes a respeito da vida, da imortalidade, dos renascimentos
corporais e da ação da caridade.
No lar, a psicosfera era
agradável, proporcionando renovação e entusiasmo a paciente.
Passados alguns dias,
Julinda se sentia mais forte para falar sobre os dias de pavor que havia
passado. Falou de um ser que a ameaçava, magoado e vingativo. Pensou que fosse
alucinação, mas viu que se tratava de um homem e que este muitas vezes estava
acompanhado de outros não menos cruéis e zombeteiros, estimulando-a ao
suicídio. Antes do internato estava atormentada sem um motivo aparente.
Impelida por um estranho a
praticar o aborto, um poderoso sentimento de revolta manifestou-se contra o ser
em formação e foi quando tudo se modificou para pior. A consciência a acusava, proporcionando uma
ponte para aqueles que desejavam vingança.
Durante o período de
tantos sofrimentos inenarráveis, certo dia sonhou com um ser angelical,
arrependeu-se do aborto e predispôs-se à maternidade, iniciando-se, uma nova
fase...
A conversação atraiu-nos e
passamos participar daquele momento elevado. Desta forma, Dr. Bezerra tocando
as têmporas de D. Angélica passou a inspirá-la, que gentilmente disse acreditar
na narrativa da filha.
D. Angélica diz que ela e
o genro vinham adquirindo uma compreensão diferente da que tinham anteriormente.
Estava lendo o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, especificamente o Capitulo
XII – Amai os vossos inimigos, item 6, detendo-se no seguinte texto:
“Outrora,
sacrificaram-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não
eram senão os maus Espíritos....
O Espiritismo
demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos,
que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém consegue aplacá-los
a não ser pelo sacrifício do seu ódio, isto é, pela caridade; que esta não tem
por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os
reconduzir ao caminho do bem e de contribuir pela salvação deles. É assim que o
mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da
terra e da vida presente, antes faz parte da grande lei de solidariedade e da
fraternidade universais”.
D. Angélica diz que o
texto explica perfeitamente o que estava acontecendo com Julinda e ela estava
convicta de que os Espíritos interferem na vida dos homens, tanto os bons
quanto os maus...
Como exemplo, D. Angélica
cita quando Jesus esteve com Elias e Moises no Tabor e, quando expulsou os maus
Espíritos ou demônios, como eram então chamados, daqueles que lhes sofriam
perseguições.
Julinda estranhando a
conversação de sua mãe, pergunta se ela abandonou o catolicismo em prol da
Doutrina Espirita. D. Angélica responde que por enquanto não e passou a narrar
as experiencias que havia tido através dos sonhos.
A amiga Cibele e do Sr.
Arnaldo ofereceram esclarecimentos sobre o assunto.
Julinda demonstrou sincero
interesse e o desejo de conhecer pessoalmente o Sr. Arnaldo.
Roberto expôs, as próprias
surpresas, referindo-se a leitura do “Livro dos Espíritos”, que respondia
várias questões sobre a vida.
Os comentários se alongaram
sem qualquer carga negativa de preconceitos, que deturpam os fatos. Decidiram
convidar o Sr. Arnaldo e D. Cibele para o próximo domingo.
Inspirada pelo Dr. Bezerra,
D. Angélica propôs que fizessem uma oração de graças, produzindo indizível
bem-estar em todos.
No dia combinado, os convidados
compareceram, sendo que D. Cibele estava acompanhada do esposo, também seguidor
dos postulados Espiritas, iniciando-se assim, uma amizade duradoura.
Fomos convidados pelo
Mentor a participar deste encontro para acompanhar e observar a grandeza da fé
nascente naquelas criaturas.
A conversação era
agradável, onde foram examinadas as questões de grande importância como
obsessão, imortalidade, comunicabilidade dos Espíritos e reencarnação...
Julinda, que mais necessitava
da educação das suas faculdades mediúnicas, e sua família comprometeram-se em
participar das reuniões de estudos na Casa Espírita.
O Clima era de promessas
de paz e de trabalho. D. Angélica pediu ao Irmão Arnaldo que fizesse uma prece.
Dr. Bezerra e sua equipe
partiriam para novas tarefas após a prece do Irmão Arnaldo, pois a parte que
lhes diziam respeito tinha sido finalizada. Retornariam quando do retorno de
Ricardo e de Alfredo.
Irmão Arnaldo, sintonizado
ao amoroso benfeitor, passou a orar.
Ao final da prece todos
estavam emocionados, com os olhos umedecidos pelas lágrimas.
Próximo livro: Sexo e Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda por Divaldo Franco