Resumo do livro Nas fronteiras da Loucura para estudo.
Reunião: 27/09/17
1- RESPOSTA À ORAÇÃO
É muito tênue a linha que divide a
sanidade e o desequilíbrio mental, afirmativa essa que conduz os acontecimentos
que veremos narrados nesse livro e que se inicia precisamente na 2ª. feira de
Carnaval, cuja festa momística ocorria debaixo de um aguaceiro; corpos
pintados, semi-despidos, contorciam-se em desespero e frenesi, acompanhando o
cortejo das grandes escolas de samba, debaixo dos refletores, cuja luz se
pagaria por ocasião do amanhecer.
Assim milhares de imprevidentes, pessoas
estimuladas pelas músicas frenéticas, com o intuito de extravasar ansiedades e
desejos represados, cediam aos apelos da sexualidade que pairava no ar. È de se
imaginar a psicosfera pestilenta que se formava, misturada com entidades
perversas, viciadas e dependentes, traduzidas num espetáculo pandemônico-
deprimente.
Antecipada, a espiritualidade já havia
instalado postos de socorro para aqueles desencarnados que se envolviam naquela
farra irresponsável, cujo grupo de trabalho tinha à frente o abnegado Bezerra
de Menezes, aplicando os recursos de sua sabedoria; tudo ali fazia recordar um
campo de guerra, em que os litigantes mais se compraziam em condenar, ferir,
destruir, àqueles que estivessem em sua frente...frente de batalha!
Pessoas fervorosas ao bem próximo
enviavam pedidos de ajuda, intercediam por familiares que estavam na iminência
de sucumbir aos desvarios do período, facultando através de preces ligações com
os Núcleos Superiores da Vida.
Eis que um dedicado auxiliar do
incansável benfeitor trouxe-lhe uma mensagem que fora captada em caráter de
urgência, dirigida pessoalmente ao Dr. Bezerra de Menezes, expressava a
necessidade de imediatas providências.
A residência, de onde partia o apelo, ficava
distante do centro da cidade, de onde partiam os folguedos momísticos e, apesar
dos esforços do narrador dos desfiles e dos televisores ligados em alto volume,
o ambiente no lar era harmônico.
O Grupo auxiliador parou defronte a cama,
onde, ajoelhada, uma senhora rezava; não se vislumbrava Espíritos malévolos e
viciosos e, sua prece, comovida, implorava pela filhinha, lembrando das
palavras de Jesus que nos ensinou a pedir, a bater, a buscar...a cada um
segundo seus méritos! Lágrimas de emoção transbordavam dos seus olhos, enquanto
pedia que o Dr. Bezerra de Menezes, em nome de Deus, pudesse socorrê-la. Dr.
Bezerra, que estava no Grupo, acercou-se ainda mais dela dizendo: “A tua oração
foi ouvida” ; “ Confia e espera”; “agora, deita-te e repousa”; “o Pai nunca
deixa sem resposta o pedido de um filho obediente”; “tranquiliza-te”. A mulher,
parecendo ouvir uma doce voz, aconchegou-se ao leito para o repouso.
Antes de apresentar qualquer questão, o
respeitável benfeitor falou acerca do mal que afligia a filha da abnegada
senhora, que se encontrava internada no sanatório da cidade, em estado de
alienação e que, por merecimento, o pedido materno seria carinhosamente
examinado.
Após breve oração, todos saíram,
agradecendo ao Senhor pela nova oportunidade de serem ouvidos, entre tantos
outros pedidos a atender.
2. A VISITA À
ENFERMA
Manoel
Philomeno observa as penosas vibrações da crosta por conta do desconcerto
psíquico proveniente do carnaval que ocasionavam fluidos deletérios que
causavam-lhe mal estar.
“A aspiração do
nevoeiro pelos homens, sem dúvida produzia compreensíveis transtornos
emocionais, a prazo mais dilatado com efeitos orgânicos.”
Miranda nota
que a população de Espíritos era maior nos fortes desatinos das sensações;
disputavam a vampirização das vítimas inofensivas que eram telecomandadas, pois
estimulavam a sensibilidade e o consumo de álcool, além dos tóxicos.
Naquela triste
cena, não se distinguiam se os homens eram cópia rude das faces aberrantes dos
desencarnados ou se esses os imitavam, conforme era a sintonia e o perfeito
intercambio entre encarnados e desencarnados.
Miranda
refletia sobre aquela confusão de encarnados e desencarnados e Dr. Bezerra lhe disse:
“Miranda, onde a criatura coloque suas aspirações, aí encontra intercambio. O
homem é o somatório de seus anelos e realizações. Enquanto não elabore mais
altas necessidades íntimas, demorar-se-á nas permutas grosseiras da faixa dos
instintos primários.”
“Deixando-se
martirizar pelos desejos inconfessáveis, ainda não se resolveu por uma conduta,
realmente emocional, que lhe permita o trabalho íntimo de desembaraçar-se das
sensações que respondem pelos interesses grosseiros, geradores das lutas pela
posse com a predominância do egoísmo.”
“Experimentando
o homem as impressões do prazer selvagem, desinteressa-se da aquisição dos
valores estéticos e liberativos da alma. A transposição de planos e aspirações,
enquanto se está na área da sofreguidão e do exagero carnal, somente ocorre a
pesado tributo de dor e a fortes aguilhoadas da aflição.”
“Toda ascensão
exige a colaboração do sacrifício, ao lado das renúncias.”
“O fatalismo da
vida é para o bem e a destinação é para a felicidade. Consegui-los ao impulso
do amor ou conquistá-los a penas de sofrimentos são as escolhas únicas que se
terão para fazer.”
“Até agora a
conquista do belo e a liberação dos vícios têm sido desafios para os Espíritos
fortes, que marcham à frente, despertando os da retaguarda, anestesiados na
ilusão e agrilhoados aos prazeres aliciantes, venenosos.”
Bezerra ainda
diz que eles não devem duvidar da vitória do amor e do êxito que todos conseguirão mais tarde. Os Espíritos auxiliam os encarnados
e os convidam a renovação íntima, esse é o dever desses trabalhadores.
Bezerra
silenciou o comentário quando chegaram na clínica psiquiátrica.
Manoel
Philomeno observou que a movimentação de Espíritos era enorme, vítimas e
algozes, renovando os dramas do passado, onde os personagens mudaram de
posição, mas não de sentimento nem de objetivos de vingança. Era uma realidade
tormentosa!
Porque a
misericórdia divina é infinita, notava-se a presença de Benfeitores que eram
especialistas no socorro de alienados de ambos os planos da vida, com muito
amor e enorme respeito às vítimas dos próprios engodos.
Eles foram
recebidos pelo Benfeitor responsável pelos trabalhos na clínica; e soube que
aquele Espírito fora na Terra, discípulo de Freud, fora excelente trabalhador
da saúde mental, mas desconsiderou a problemática da imortalidade da alma.
Quando
desencarnou e constatou a verdadeira realidade da vida futura, ofereceu-se para
prosseguir o trabalho na Casa onde sempre trabalhou com afinco e dedicação.
Ele era o
responsável pelos serviços espirituais que aconteciam naquele hospital, dirigia
antigos médicos, enfermeiras e futuros estudantes das ciências da alma, que
reencarnariam com tarefas específicas nesse campo, complexidade afligente dos
distúrbios mentais, emocionais e de comportamento.
O hospital
atendia encarnados e desencarnados:
“Comunidade
viva, pulsante e especial...escola de bênçãos, onde se aprendia mediante as lições
vivas da dor; erguera-se um templo à caridade e à oração, em forma de trabalho
contínuo em socorro aos colhidos pelas vicissitudes purificadoras.”
Para uns –
encarnados ou não – era o purgatório, onde as aflições selecionavam os mais
aptos ao progresso, em razão da humildade, da resignação, ante os resgates de que
eram devedores e os desequilíbrios que delinquiram.
Outros
aproveitavam a oportunidade de aprender-servindo e de amar o próximo, na
contingência das amargas e rudes reparações.
Podia-se dizer
que era uma cidade dentro de outra cidade, onde Espírito muito perverso, se
autoconferia o dever e o direito de administrar os corretivos na “comunidade”
do hospital, e tentava combater a interferência dos Benfeitores.
Os enfermeiros
encarnados sentiam as vibrações negativas dos encarnados e desencarnados que
ali estavam...
Era a lei de
causa e efeito sendo colocada em prática como resgate e oportunidade de crescer
e evoluir.
“Desencarnados,
igualmente alienados, sofriam subjugações cruéis sob tormentos inenarráveis,
nas mãos dos seus sicários dos quais a morte não os libertava.”
No entanto os
trabalhadores da caridade auxiliavam uns e outros, clarificando mentes e
mostrando rumos para os lutadores futuros das desobsessões e terapias
psiquiátricas.
Todo esse
quadro mostra a ambivalência do bem e do mal que as criaturas fazem a si mesmas
mediante o uso do livre arbítrio.
O Dr. Artur
Figueiredo recebeu o grupo espiritual e os auxiliaria no trabalho a ser
realizado.
Encontraram a
jovem num quarto especial, medicada com altas doses de antidepressivo. Ela estava
adormecida.
O ambiente era
irrespirável, notava-se a presença de Espíritos perturbados e irresponsáveis,
não necessariamente ligados à paciente.
E o diretor
espiritual elucidou:
Trata-se de
jovem senhora de 25 anos, vítima de irresponsabilidade moral. Apesar do amparo
da abnegada mãe, que a recebeu para que pudesse elevar-se pelo amor e
abnegação, preferiu derrapar, invigilante, assumindo compromissos negativos.
“A falta de
visão a respeito da vida, como um todo harmonioso, responde por muitas insânias
a que se entregam os homens. Quando se compreenda que o corpo é efeito e não a
causa da vida, no qual se estabelecem as bases da elevação; quando se
conscientizem os seres que o berço é porta que se descerra para o corpo quanto
o túmulo é a que se fecha, sem que ninguém entre ou saia da vida; quando se
estabeleçam metas que transponham os limites de uma breve existência corporal,
será diversa atitude assumir-se ante as ocorrências e circunstâncias do dia a dia.”
“Somente a
visão reencarnacionista responde pela forma de uma perfeita integração do
Espírito no processo de ascensão.”
O drama atual
de Julinda tem raízes fixadas de existências pretéritas.
Do ponto de
vista psiquiátrico ela é maníaca depressiva, da euforia inicial passou à
depressão angustiante, armando um esquema de autodestruição.
Graças aos seus
recursos financeiros pode ter um melhor atendimento, associado o concurso moral
da mãezinha e o devotamento do marido que estão evitando males maiores.
Bezerra lamenta
que persista a distância da terapia psiquiátrica e a psicoterapêutica
espiritual; no caso dela os resultados são infrutíferos e perniciosos, por
conta do eletrochoque e barbitúricos.
Vários fatores
estão presentes no quadro de Julinda, consequentes das atitudes que ela tomou
na atual reencarnação.
3. DELITO
OCULTO
Na alienação
mental sempre defrontaremos um Espírito falido em si mesmo, em injunção
reparadora, onde não há como fugir as consequências de suas próprias ações, de
conformidade ao processo de evolução.
As Leis
Divinas, que mantêm o equilíbrio da vida não podem ser enganadas, sem que se
estabeleçam critérios de recomposição; daí decorrem o desregramento ou a
imprevidência.
Toda criatura
traz no gérmen a noção de bem ou mal (as Leis Divinas estão gravadas na nossa
consciência), em cuja vivência programa o céu ou o inferno e aos quais se
vincula, procedendo as matizes das alegrias ou das dores; a cada um segundo as
suas obras.
“Não existe,
portanto, uma dor única, na alma humana, que não proceda do próprio
comportamento, sendo mais grave o deslize que se apoia na razão, no
discernimento capaz de distinguir, na escala de valores, as balizas
demarcatórias da responsabilidade que elege a ação edificante ou a
comprometedora...”
“Só Jesus viveu
a problemática da aflição imerecida, a fim de lecionar a coragem, resignação,
humildade e valor ante o sofrimento, Ele que era Justo, de modo que ninguém se
exacerbe ou desvarie ao expungir as penas a que faz jus.”
Manoel
Philomeno e Dr. Bezerra reflexionavam a respeito da alienação mental por
distúrbios psíquicos e por obsessões espirituais no quarto de Julinda, que
ainda estava bastante sedada. Ouviam a gritaria desesperada das duas populações
que circundavam o recinto, numa loucura desenfreada, lembrando o primitivismo
animal.
Miranda sentiu
uma profunda compaixão diante daquelas criaturas – encarnados e desencarnados –
uns diante da escola disciplinadora da dor e outros entregues a desesperação,
avançando sorrindo em suas atitudes...
Bezerra alerta
Miranda sobre a vigilância de pensamentos, pois todos estão sendo devidamente
amparados, direta ou indiretamente; foram várias as tentativas de inspirações
divinas para que tivessem diretrizes para uma vida reta.
A Justiça
Divina chega para aqueles que infringem a Lei de Deus.
“Antes mesmo de
Jesus, os romanos haviam estabelecido no seu código de Direito as bases da
felicidade humana, condensando, inconscientemente, o Decálogo em três
princípios fundamentais: Viver honestamente. Dar a cada um o que é seu. Não
lesar ninguém.”
Jesus formulou
um princípio conciso e incisivo: Amai a Deus sobre todas as coisas e o próximo
como a si mesmo, reunindo os conceitos romanos e o decálogo.
Façais ao outro
o que gostaria que fosse feito para você.
O mau uso do
livre arbítrio traz o corretivo necessário que desperta a criatura para o
respeito com o seu próximo, na escola educadora da vida.
A caridade com
o nosso próximo ajuda-nos a vigiar nossos pensamentos e atos, não nos
permitindo devaneios e futilidades, que nos induzem ao erro e a criminalidade.
“Mantenhamos a
nossa solidariedade e participemos das suas emoções, sem nos deixarmos
contaminar pelos miasmas do desânimo, do medo ou das ideoplastias (modelagem da
matéria pelo pensamento/materialização do pensamento) fantasmagóricas,
vitalizadas pela rebeldia e ingratidão ao Pai Criador e ao Cristo Amor.”
A advertência
de Bezerra trouxe Philomeno à realidade da Justiça Divina que mesmo sendo
amorosa é também reta, e não poupa ninguém a reparação de seus delitos,
mediante a consciência Cósmica.
Dr. Figueiredo
aproveitou e complementou:
“...o nosso
maior inimigo está dentro de nós; é o egoísmo, que se credita somente méritos
sem conceder ao próximo uma quota, mínima sequer, de direito equivalente.”
“Graças a essa
conduta infeliz, tal visão distorcida da realidade, fomenta ódio, gera
discriminação tormentosa, envenena-se com os tóxicos da insatisfação e da
revolta.”
“Cada criatura,
embora inconscientemente, sabe a razão de seu sofrimento, porquanto, nas
paisagens mentais se encontram os clichês de suas infrações, revoltando-se ou
fazendo-se crer injustiçada, por mecanismo de evasão ou preguiça, largamente
cultivada, que se transforma em anestésico da alma.”
“O Espírito é
responsável por si mesmo.”
Bezerra
acerca-se da paciente e a observa profundamente, então convida Philomeno a
examinar sua alienação, observando que a problemática é de desforço espiritual,
isto é obsessão.
Observam os
folículos cerebrais, no córtex do encéfalo, escutando os conflitos que lhes
assomam os arquivos mentais em desacordo.
Miranda fixa o
pensamento na região indicada, e começa e ver e ouvir confusos quadros de
perturbação:
O marido, jovem
de menos de 30 anos, de ótima aparência, tenta convencê-la da necessidade que
ele sentia de completar a felicidade domestica tornando-se pai; Julinda não
queria compromissos com filho, que atrapalharia a vida do jovem casal – prazer
e gozo; não queria o seu corpo deformado, não queria algazarra infantil em sua
casa.
O marido
tentava convencê-la que o melhor período para a construção de uma família era
na juventude dos cônjuges, com saúde, paciência, disposição; a educação seria
baseada na paciência e disciplina.
Quando jovem, a
mulher tem menos riscos durante a gravidez, e se recupera melhor do parto....na
velhice teriam os filhos para compartilhar as experiências.
Julinda não
abdicava o direito de decidir o que fazer com o seu corpo, encolerizada disse
que não aceitava a maternidade, mesmo sendo casada! Essa foi a primeira
discussão acalorada do casal, criando uma fissura emocional na aliança
conjugal.
“Após alguns
minutos, podíamos identificar, no exame dos clichês mentais de Julinda um
sonho, no qual, acompanhada pelo esposo e veneranda Entidade do nosso plano de
ação, era-lhe apresentado um Espírito, que lhe requeria oportunidade para
renascer, prometendo-lhe carinho e ajuda.”
“Eu te perdoarei
– suplicava o candidato, em lágrimas – todo o mal que me fizeste, recebendo-me
em teus braços, como parte de ti, a fim de que eu recomece a teu lado.
Ajuda-me, hoje, a fim de que eu te socorra mais tarde...”
Julinda
identificou o Espírito e recusou com expressão alucinada! Pensava ser um
pesadelo!
A Entidade
esclarece que ela estava desdobrada no momento do sono, ele era uma alma
vinculada à dela e implorava o ensejo de ser filho dela para refazerem o
caminho...
Julinda
acreditava estar no inferno e gritava que odiava filhos e não os queria!
O esposo que
apresentava melhores recursos espirituais tentou acalmá-la...
Apareceram
outras cenas na tela mental de Julinda: ela apresentava sinais de gravidez. Sem
notificar o marido, ela fez um aborto delituoso.... Na véspera do crime, sonhou
que alguém a segurava fortemente, suplicando amparo : “Não me mates o corpo,
minha mãe... Necessito volver, precisamos estar juntos. Ajuda-me... Se não me
atenderes...”
A jovem diz que
prefere a morte a tê-lo como filho! Ele então prometeu vingança! Ela desperta
banhada de suor!
Nas horas que
antecederam o crime, ouvia o apelo espiritual para não cometer o delito...
Acreditava que
o aborto era uma ação corriqueira...porém não conseguia tranquilidade mental,
estava ansiosa... Fora a clínica e duas horas depois retornou à casa,
indisposta e livre.
Por pouco não
recuou, não parava de ouvir a voz suplicando pela vida... acreditava estar
enlouquecendo.
“Se me matares,
eu te desgraçarei. Salva-me infame! É tempo, ou do contrário, rolarão os
séculos na fúria da minha vingança, sem que tenhas paz.”
Julinda matou o
corpo do filhinho que se agasalhava na vida intrauterina.
O esposo nunca
soube da ação criminosa e destruidora.
“Exceto os
cúmplices profissionais da morte, o infanticídio ficou ignorado por todos.
Menos, é certo, pela vítima e pelo algoz, que ora se entrelaçavam mais
rigorosamente os destinos, no rumo da dor, sombra e loucura grave...
4 – PROGRAMÁTICA REENCARNATÓRIA
O espírito expulso do corpo não havia se
desligado por completo da mãe, influenciando no organismo de forma vigorosa e
revoltada, através da mente. Por ação telepática gerava imagens na tela mental
materna, que associada a consciência culpada, levava a mãe ao desequilíbrio e perda da
razão.
Durante o sono, Julinda via-o ora
deformado e agressivo, ora na forma fetal, se despedaçando em sangue. O
seu marido tentava ajudá-la, sem sucesso, e não compreendia o significado
daqueles pesadelos.
Julinda e seu adversário estavam ligados
pelo processo obsessivo, o desejo de vingança do adversário cada vez mais o
unia a sua mãe, com o propósito de levá-la ao suicídio. Por qual motivo a
providência Divina não interrompia esse processo? A atitude rebelde e orgulhosa
de Julinda havia negado o amor e a oportunidade de ajudar aquele que havia
prejudicado. Agora, ela tinha que passar pela dor como resultado de suas
escolhas.
Dr. Bezerra esclareceu sobre a psicose puerperal,
que é um processo psiquiátrico secundário a problemas pós-parto. A produção
hormonal torna-se um fator de desequilíbrio, pois se transforma em toxinas que
agem a nível cerebral, causando o quadro de excitação psíquica seguido de depressão. O
espírito sempre é responsável pelo uso de seu corpo, suas funções físicas e
psíquicas decorrem das suas escolhas pretéritas e do uso nobre ou vulgar,
elevado ou pervertido que lhe atribuiu. O quadro obsessivo é facilitado pelas
condições do devedor que entra em sintonia com espíritos do mesmo grau de evolução
ou em condição inferior, dos quais se encontra em débito.
No caso de Julinda, ela adicionou as suas
dívidas do passado uma nova e grave ação, prejudicando novamente
aquele a quem deveria auxiliar.
“O amor é sempre mais benéfico para
aquele que ama. Enquanto o egoísmo existir, a dor será a forma de conduzir as
pessoas ao equilibro.”
Após as considerações do Dr. Bezerra, a
mãe de Julinda, desdobrada pelo sono, entrou no quarto da filha, demonstrando preocupação
e ansiedade. A sua lucidez espiritual demonstrava a sua elevação. Então,
ela começou a orar e a sintonizar com as forças do bem. O diretor espiritual comentou
a fala de Jesus:
"Onde estivesse o tesouro aí estaria o
coração”.
E para
Angélica, o seu maior tesouro era a sua filha, por isso ela estava ali
utilizando os recursos preciosos que possuía. Angélica já tinha abençoadas
experiências preterias e havia reencarnado para auxiliar a sua filha, um espírito
rebelde que havia se unido há muito tempo a um grupo de entidades irresponsáveis,
que a vampirizavam.
Devido à preguiça mental e desinteresse
de progresso, Julinda não conseguia se liberar desse processo obsessivo. Julinda
vinha de uma região espiritual inferior, onde permaneceu por muitos anos, e devido
à abusos de sexualidade equivocada, que a levaram a cometer graves delitos,
permanecia ligada a uma rede de ódio. Ricardo, a quem detestava, estava no mundo
das sombras aguardando salvação através desse novo planejamento reencarnatório.
Angélica tinha conhecimento da fragilidade de sua filha
equivocada, e devido ao seu merecimento, intercedeu a favor de Julinda. Ela
empenhou afetos e esforços para retirar a sua filha dos sítios
expiatórios, levando para uma colônia socorrista onde seria preparada para
reencarnar como sua filha. Porém, os momentos de dor que passou e os
graves delitos que havia cometido permaneciam impregnados sem seu perispírito.
Juvêncio se sensibilizou aos apelos
da amiga e ao estado da enferma, e uniu-se a Angélica para receber Julinda. Ele
possuía uma excelente folha de serviços, aos enfermos na Terra, em existências
anteriores, ao lado de Angélica. E no plano espiritual eles eram responsáveis por
um Nosocômio dedicado ao tratamento de graves ulcerações periespirituais, em
suicidas diretos e naqueles que dilaceraram o corpo, por excessos
criminosos.
Uma reencarnação sempre resulta de um
trabalho cuidadoso, seguindo as diretrizes superiores. É grande o número de encarnados
e desencarnados envolvidos no processo. Porém, as paixões inferiores ainda presente
nos Espíritos, que ainda lutam pouco para atingir o êxito, põem a perder, não
raro, todo esse trabalho, complicando a própria situação.
"Aqueles que se consideram e se
afirmam abandonados pelo Senhor, invariavelmente refletem a ignorância ou a ingratidão
que os intumesce com o vapor venenoso do orgulho."
Juvêncio nasceu em família com boas
condições financeiras, desta forma poderia deixar a esposa e a filha amparadas
quando retornasse ao plano espiritual aos quarentas anos, pois não podia interromper,
por muito tempo, os seus deveres na esfera que pertencia. Angélica nasceu em
família digna e trabalhadora. Eles se casaram quando ela tinha vinte dois anos
e ele vinte e sete, nascendo dois anos depois Julinda.
A adaptação no corpo foi dolorosa para
Julinda. Na infância tinha insônia, pesadelos e distúrbios de comportamento
acentuados. Aos três anos foi diagnosticada disritmia cerebral, resultado dos
graves delitos impressos no seu perispírito. Os pais lhe davam amor,
orientação religiosa e educação correta para ajudar na sua
jornada. Após a desencarnação de Juvêncio, Angélica acentuou ainda
mais a luta contra as más tendências da filha, que já estava na adolescência. Desta
forma, ela conseguiu encaminhá-la a um matrimônio digno com um antigo afeto,
que viera para partilhar do mecanismo redentor.
Dr. Bezerra aproximou-se de Angélica e
toucou no seu centro cerebral, despertando-a para uma maior percepção. Assim, ela
passou a identificar todos que ali estavam. Em lágrimas, ela agradeceu
a presença de Dr. Bezerra. Então, ele falou:
"Confiemos em Jesus, e
entreguemos-Lhe nossos destinos, embora sem paralisarmos as mãos na ociosidade,
nem o coração no enregelar dos sentimentos."
"O
Senhor nunca nos abandona. Não desfaleçamos na luta, permanecendo em integral
sintonia com Ele."
Angélica acalmou-se, ficou mais confiante
e animada, restaurando a paz.
5. PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS
O abortamento provocado sem justa causa é
crime grave de que o Espírito, somente a contributo de muita aflição, se
predispõe a reparar, facultando que a vítima renteie-lhe ao lado, em
renascimento que ocorrerá futuramente, sob densas cargas de ressentimento e
amargura.
Enfermidades de largo porte se encarregam
de corrigir a atitude mental do delinquente que aborta, a fim de que os tecidos
sutis do perispírito se recomponham para porvindouros cometimentos na área da
maternidade.
Infecundidade e frigidez, qual ocorre com
outros problemas femininos decorrem, naturalmente, da usança irregular da
sexualidade em encarnação passada bem como de abortos perpetrados pela
irresponsabilidade e requintes de egoísmo, que se fazem gênese de neoplasias
malignas, logo depois, ou em processos próximos de renascimentos, que exigem
ablação dos órgãos genésicos, quando não arrebatam a vida física de maneira
fulminante, maceradora.
Não sendo o autor da vida, o homem dela
não pode dispor ao talante das paixões primitivas, sem rude comprometimento
para si próprio.
Emprestando elementos que corporificam o
ser, torna-se instrumento das Leis da Criação que o honram com a oportunidade
de cooperar no processo da evolução, não lhe facultando interrompê-la sem que
incida em delito de alta importância.
Por isso que, a sexualidade somente deve
ser exercida quando responsável, sob as bênçãos do amor e o amparo da
legislação em vigor, representativa, no momento, do grau evolutivo de cada
povo.
Em todo renascimento há razões
propelentes que conduzem um a outro Espírito, seja pelos automatismos vigentes
no Cosmo, seja pelas programações de elaboração cuidadosa, objetivando-se
sempre o aperfeiçoamento de cada um, dentro dos impositivos das necessidades
que os entrelaçam e seguram.
Desse modo, cada qual renasce, nem sempre
onde merece, mas onde os fatores, as condições são- lhe mais propícias para o
avanço.
As ingerências precipitadas, nas
programáticas das vidas, por este ou aquele motivo redundam, quase sempre, em
decepções, desastres ou perturbações que poderiam ser evitados.
Julinda, imatura e desequilibrada, com
viciações que a retinham em malhas de obsessões sutis, porque temesse,
inconscientemente embora, a presença do antigo companheiro, agora na condição
de filho, não tergiversou em interromper-lhe o processo fetal, tombando em
fundo fosso de desequilíbrio psíquico.
O Espírito, sentindo-se frustrado e
porque anelasse pela ocasião que sabia de incalculável proveito, por ser ainda
rebelde, deixou-se comburir pelo ódio, persistindo na vingança injustificável,
convertida em luta feroz, com o objetivo de eliminar o corpo da inditosa, para
aguardá-la depois do túmulo, onde prosseguem desforços de largo porte...
As altas doses de sonífero, aplicadas na
paciente, provocavam-lhe o entorpecimento espiritual, em cujo estado, graças à
invigilância a que se entregara, deixava-se arrebatar pelo Espírito, agora, por
sua vez, convertido em seu algoz.
Semidesprendida do corpo, ela era
conduzida à presença de Entidades perversas residentes no Hospital, que
obedeciam ao cruel dirigente do famigerado clã, encarregado de punir os caídos
nas teias da alienação mental, como se a Justiça Divina necessitasse de
delinquentes para corrigir infratores.
Não obstante, porque padecendo de
cegueira da razão e obstinados na crueza dos propósitos inferiores, tornavam-se
instrumentos necessários, complicando a própria situação, que deveriam recompor
mais tarde...
Quando Julinda foi internada, informantes
desencarnados apresentaram a sua ficha com o delito perpetrado ao cruel
dirigente espiritual, que se arrogava poderes e domínio sobre os que ali
transitavam em ambas as faixas vibratórias: da carne e fora dela.
Tratava-se de antigo sexólatra, que se
caracterizara, na Terra, por distúrbios de comportamento, portador de grande
perversidade, desencarnado há mais de meio século.
Ao desvencilhar-se do corpo, fora
conduzido por comparsas antigos a Núcleos Inferiores, nos quais se adestrara
para dar curso aos sentimentos nefastos que possuía, sendo alojado,
posteriormente, naquele reduto de dores, verdadeiro purgatório espiritual para
os incursos nos Códigos Soberanos da Vida.
Vinculado a outros grupos espirituais
infelizes, que se interligam, assumindo posições combativas contra o bem e o
amor, que detestam, fazem-se crer forças controladoras do além-túmulo,
personificando, iludidos, as mitológicas figuras satânicas residentes nas
geenas...
Padecendo de auto-hipnose pelo prolongado
período em que cultivam as ideias maléficas, deformam as matrizes
perispirituais, assomando diante dos que lhes tombam, inconsequentes nos
círculos da aflição, em formas temerosas, horripilantes, com as quais
aparvalham as futuras vítimas, acostumadas a imagens mentais perniciosos pelos
eitos do remorso que impõe justiça.
Outras vezes, são vítimas de mais
vigorosas mentes que submetem, deles utilizam-se para o mesmo indébito fim.
Naquele hospital, Elvídio exercia a
administração negativa, atribuindo-se a tarefa de justiçoso, em regime de
crueldade.
Visitou a paciente e convocou Ricardo à
sua presença, inteirando-se do interesse do abortado e prometendo-lhe
cooperação.
Em sucessivas oportunidades, a paciente
era levada a simulacros de julgamento pelo crime, quando se tornava ameaçada
por aqueles impiedosos, retornando ao corpo, semihebetada pelas drogas, com os
tecidos sutis da mente em contínuo comprometimento a caminho da
irreversibilidade.
No momento em que visitávamos o seu
apartamento, não a tínhamos presente, nem tampouco ao seu sicário.
O nobre Bezerra, depois de auscultar o
psiquismo de Julinda e reflexionar por um pouco, concertou o Dr. Figueiredo a
respeito de um labor para daí a duas noites, quando seriam tomadas providências
para mais cuidadoso atendimento aos incursos no drama ali apresentado.
Ele próprio aplicou recursos magnéticos
na obsidiada, fazendo a dispersão dos fluídos tóxicos que a asfixiavam,
mediante movimentos longitudinais, rítmicos, logo após insuflando energias
restauradoras de forças.
Todo o Amigo Espiritual, ante a prece
espontânea que lhe brotou do coração nos lábios e durante a aplicação do passe
aureolou-se de opalina claridade, que se irradiava da região do epigástrio,
qual tivesse uma estrela fulgurante entre os hipocôndrios.
A energia que lhe escorria dos dedos
venceu as resistências da carapaça de sombras que envolvia a doente, que
estorcegou, atingida pelas ondas vibratórias que a alcançavam, para logo depois
acalmar-se.
O corpo relaxou os músculos antes
retesados e vimos, repentinamente, Julinda-Espírito ser atraída e tombar,
adormecida, no casulo carnal.
Ela terá um sono reparador -
esclareceu, gentil - pela primeira vez desde o delito, momentaneamente liberada
da agressão de Ricardo.
"Os
fluidos salutares decorrentes da oração e do amor fraterno de todos nós,
anestesiar-lhe-ão os centros psíquicos, de alguma forma atenuando a aflição que
a golpeia, contínua. O Senhor não deseja a punição do infrator, mas sua
reeducação com vitória sobre a infração. Como os impositivos da vida são amor e
justiça, a misericórdia e a caridade jamais se afastam dos que necessitam de
renovação e paz, sem que as suas vítimas fiquem em esquecimento. Surge o
auxílio ao delinquente com concomitante socorro ao defraudado. Logo Ricardo
será também auxiliado, quando se iniciem os labores em favor de ambos."
Voltando-se
para a genitora comovida, asserenou-a, esclarecendo: O amor, em qualquer
expressão, é bênção de Deus, vitalizando o mundo. O de mãe, todavia, em razão
das energias superiores de que se reveste, é portador de mais forças,
encontrando ressonância no Amor de Deus, Nosso Pai, que rege a vida em todas as
suas dimensões.
"Agora,
tranquilize-se, irmã Angélica, aguardando o futuro e prosseguindo, confiante,
nas suas orações e atividades de amor ao próximo. O bem nunca falha."
Depois
de breve pausa, esclareceu: Temos de ir-nos. Há serviço de urgência aguardando
por nós.
Os espíritos amigos se despediram do Dr. Figueiredo e da senhora Angélica sob o compromisso de retornarmos em
próximos dias.
REFLEXÕES:
A fé;
Vigiai e Orai;
A cada um segundo seus méritos;
O coração que sente e a mente que emite:
a oração!!!
- Influem os Espíritos em nossos
pensamentos e em nossos atos? (LE - Questão 459).
Muito mais do que imaginais. Influem a
tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
- Os espíritos irão operar através dos
centros cerebrais, onde residem a linguagem, a sensibilidade, a memória e a
percepção. (André Luiz)
- Devemos mudar a sintonia mental para ocorrer à cura. De uma forma ou de outra, a
obsessão conduz a pessoa a quedas morais, pois suas estruturas mentais e
o seu pensamento são continuamente submetidos a influências perniciosas,
próprias ou estranhas, que produzem, em consequência, atordoamento, do
raciocínio, da ideação, das emoções e dos sentidos como pondera
Emmanuel. (Seara dos Médiuns).
- Mentes comungam com mentes que se lhes
assemelham. Espíritos sintonizam com espíritos
que lhes são afins.